Na estação: surpresa, novo aumento da passagem
Pensava que com a chegada dos R$ 3,50 no início do ano se encerraria o ciclo de aumentos nas passagens do transporte público e que meu bolso já estaria resolvido.
Porém, fora do foco das manifestações e enquanto todos buscam resolver os problemas de abastecimento de água, há outras tarifas que funcionam de forma diferente e uma delas mudou de novo.
Moro em Osasco, na Grande São Paulo, e trabalho na cidade vizinha de Barueri. Para chegar até lá, utilizo o trem e um ônibus municipal barueriense e uso o cartão Benfácil, que integra as conduções da CPTM e da Benfica, empresa dos coletivos. No ano passado, essa integração era de R$ 4,60.
Após os reajustes, em janeiro, o valor saltou para R$ 5. Até aí, tudo bem. Veio junto com toda a onda de aumentos na região metropolitana e era de se esperar. Contudo, alguém entendeu que o custo ainda era pouco para os governos municipal e estadual. E aí: “Surpresa”.
Quando fui comprar dois bilhetes, a moça perguntou se eu tinha R$ 0,60. Pensei, como R$ 0,60 se o valor agora é redondo, sairia R$ 10. Mas, não. Estava lá, colado na parede, como se nunca tivesse saído dali. A integração saltou novamente, sem barulho, e agora é R$ 5,30.
Daí você fica perdido. Será que aumentou mesmo? Ou foi da sua cabeça? Às vezes, nunca foram R$ 5. Afinal não vejo aviso em lugar nenhum, nem me lembro dos locutores da estação avisar: “Atenção passageiros, cuidado com o espaço entre o trem e a plataforma e com a passagem na próxima semana”. Nada.
“Aumentou de novo?”, perguntei. “Sim, e ninguém nos avisou, mas começou ontem (segunda-feira (1º)”, me responderam na estação.
Um cobrador em Barueri atribuiu a CPTM a alta e de que havia reclamações lotando as caixas de sugestões. No coletivo, ao menos, havia um aviso colado no vidro. Entretanto a empresa que cuida dos trens afirmou não ter conhecimento.
O Benfácil é uma integração diferente do bilhete único. Primeiro, você compra a passagem de papel, onde pegou o trem. Quando desembarca, em Barueri, coloca o bilhete de papel numa máquina e valida o cartão para pegar o ônibus. Esse modelo também é usado nas cidades de Itapevi e Jandira, na região oeste da Grande São Paulo.
O valor foi determinado em resolução da secretaria de Transportes Metropolitanos, na sexta-feira (30/1), dois dias antes, na qual aponta a “a necessidade da absorção do aumento da tarifa do transporte coletivo urbano dos municípios”, que ocorreram na primeira semana do ano. Ou seja, a primeira alta, teria contemplado o reajuste dos trens, mas não dos coletivos.
SEM INTEGRAÇÃO
Ao menos, nessas cidades ainda há algum tipo de redução. Na mesma linha 8 da CPTM temos estações que passam por Osasco e Carapicuíba, que não oferecem cartões para integrar os trajetos. Se você está no bairro de um desses municípios e vai para a cidade de São Paulo de trem, por exemplo, paga R$ 7, sem choro, se não for estudante.
Na última quinta-feira (5), manifestantes do Osasco Contra o Aumento (OCA) fizeram o segundo ato contra a alta na tarifa e pela integração com ônibus municipais e intermunicipais. A prefeitura concedeu no início do ano passe livre para estudantes da rede municipal. O grupo considera uma ‘conquista das ruas’, mas ainda pequena, e quer a abertura dos contratos.
Paulo Talarico, 24, é correspondente de Osasco
@PauloTalarico
paulotalarico.mural@gmail.com
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