Comunidade comemora 15 anos do Samba da Vela na zona sul

Agência Mural

Há 15 anos é assim. Toda segunda-feira, uma roda de samba em torno de uma vela reúne em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, simpatizantes, cantores, músicos, compositores e sambistas tradicionais que apresentam músicas inéditas para o público.

O Samba da Vela nasceu em 17 de julho de 2000, idealizado por Chapinha, Magnu Sousá, Maurílio de Oliveira e Paquera (morto em 2014) para incentivar o compositor de samba tradicional.

Tudo começou no espaço cultural Ziriguidum, na rua Doutor Antonio Bento, e depois foi para a Casa de Cultura de Santo Amaro. O projeto abriu portas para outros sambas na periferia de São Paulo.

Um dos fundadores é o músico José Marilton da Cruz, 57, mais conhecido como Chapinha. Ele conta que a comunidade Samba da Vela é um marco em sua história como sambista. “É uma realização pessoal, coletiva e espiritual ao mesmo tempo. Foi a melhor forma que encontrei para dividir aprendizados em todos os sentidos”, declara.

A comunidade cresceu e hoje é uma das rodas de samba mais tradicionais da cidade. A festa começa quando a vela é acesa e só termina quando a chama se apaga. Com um público diversificado, a cada semana o samba recebe cerca de 250 pessoas.

Segundo Chapinha, dali já saíram vários músicos, inclusive meninos que estavam ‘meio sem direção’. “A cultura transformou para melhor a vida de muita gente na zona sul, especialmente aqueles que não tinham acesso à cultura”, conta. “Locais como Samba da Vela e Cooperifa, passaram a ser um espaço para os artistas anônimos, músicos, poetas e outros do mundo artístico e cultural”, diz.

O aniversário foi comemorado na segunda-feira (20) e contou com a presença de Osvaldinho da Cuíca e as Velhas Guardas do Samba de São Paulo, Camisa Verde e Branco, Vai Vai e Nenê da Vila Matilde.

“O samba estava muito mais vibrante. A alegria da velha guarda e dos fundadores contagiou a todos, o clube lotou e saímos extasiados de lá”, conta Erika Ventura, 29, moradora do jardim Celeste, na zona sul.

William Fialho, morador do jardim São Luís, músico e compositor, diz que a comunidade é um quilombo cultural, em que se refugiam todos aqueles que tem sede pela arte. “Foi assim comigo, me refugiei por aqui há 15 anos. Desde o início, tenho imenso orgulho de fazer parte e de ter contribuído de alguma forma para que a comunidade esteja aí viva”.

Como diz uma das canções: Quando a vela acender/Eu vou cantar meu samba até prevalecer […]/ Quando a vela se apagar e o samba terminar/saudade não me deixe ir embora/Meu peito vazio implora/Que uma luz me ilumine agora.”

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Cíntia Gomes, 31, é correspondente do Jardim Ângela
@cintiamgomes
cintiagomes.mural@gmail.com

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