Projeto de moradores da Mooca defende áreas verdes na zona leste
Em uma das regiões com menos áreas verdes de São Paulo, os moradores da Mooca, na zona leste da cidade, lutam para conservar as praças e viveiros que ainda persistem no bairro. Como parte de um projeto chamado Praças dos Povos, criado em 2014 em parceria com a iniciativa privada e a prefeitura, eles restauraram áreas que poderiam ter sido abandonadas caso não fossem resgatadas.
“Eu vim com uma proposta. Uma proposta de oficinas de cerâmica e trabalhos com bambu”, diz o artesão Joca Bambu, 80, um dos voluntários que pretende colaborar com o projeto. No domingo (18), ele visitou o Viveiro das Flores Alfredo Di Cunto para dar sua contribuição.
Além do artesão, outros 20 moradores também apresentaram suas propostas para revitalizar o espaço, localizado na av. Radial Leste, na altura do número 2200. Entre as necessidades mais urgentes estão a construção de um playground, área de convivência, implantação de banheiros, iluminação, limpeza, agricultura urbana, produção de eventos sustentáveis, atividades culturais, canteiros e bebedouros.
“O que a gente faz é ouvir as pessoas que já frequentam a praça para saber quais as necessidades e o que elas gostariam que tivesse aqui”, diz Adriana Zveibil, 38, sócia-fundadora do Movimento Mooca Verde. Segundo ela, a reunião serve também para descobrir talentos e apurar como cada voluntário poderá contribuir.
A ideia do Praças dos Povos nasceu de um laboratório com a participação de moradores e da subprefeitura da região em 2014. Na época, foi feita uma análise do bairro para detectar quais ações poderiam ser realizadas para trazer melhorias relacionadas à sustentabilidade.
A arquiteta Naray Ponchio, 35, disse que o primeiro local a ser revitalizado pelo projeto foi a praça Abrônia, que também fica na Mooca. “O evento de consulta pública aconteceu em maio e no dia 15 de julho tivemos a autorização da subprefeitura para iniciar as obras”. Segundo Naray, as reformas foram finalizadas no inicio de outubro.
Para a analista de mercado Wanda Herrero, 69, no viveiro podem ser realizados cursos e programas sobre meio ambiente para a população. “Aqui tem muito verde. É um lugar tranquilo, mas a gente tem que criar situações para que ele sobreviva e que seja um exemplo para a cidade de São Paulo”.
A bióloga Clarissa Pires, 35, diz que as crianças vinham até o local para desenvolver trabalhos e fazer produção de mudas em garrafas pet. “As mudas eram doadas para a população e até hoje são procuradas pelos moradores”.
O engenheiro ambiental Pedro Almeida, 30, integrante do Coletivo Horta das Flores apresentou à subprefeitura da Mooca uma proposta para iniciar uma horta comunitária no local.“Trazer as pessoas para o espaço público é empoderar a comunidade”, diz.
Segundo Almeida, por enquanto ainda não existe nada formalizado, porém, recentemente, foi sancionada uma lei que permite hortas comunitárias para fins de educação ambiental e recreação.
Em nota, a subprefeitura da Mooca informa que o terreno Viveiro das Flores Alfredo Di Cunto, de 6 mil m², foi inaugurado em 2002 com o projeto “Escola Estufa”, que ensinava técnicas de jardinagem. Segundo Pedro Almeida, o programa deve ser retomado em três meses.
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Alexandre Ofélio, 45, é correspondente da Mooca
@alexandreofelio
aleofelio.mural@gmail.com