Atração na zona norte, museu aberto de grafite planeja renovação

Agência Mural

Na primavera de 2011, uma movimentada via da zona norte de São Paulo foi tomada pelo grafite. Naquele ano, o Museu Aberto de Arte Urbana – MAAU estreou no roteiro cultural da cidade e transformou o canteiro central da avenida Cruzeiro do Sul, em Santana, em uma galeria ao ar livre, sem portas, grades e horário de funcionamento.

Aos poucos, duzentos painéis, grafitados com múltiplas formas e cores, encobriram os monótonos tons de cinza dos pilares da linha azul do Metrô, entre as estações Tietê e Santana.

Porém, com o decorrer do tempo, o espaço passou a ter problemas. O Mural percorreu a exposição e encontrou pontos com acúmulo de lixo, pisos irregulares, grama alta e vários cartazes de propaganda colados sobre as obras.

No final de 2015, o curador e idealizador do espaço, Binho Ribeiro, 44, em parceria com o também grafiteiro Chivitz, apresentou um projeto de renovação do MAAU à prefeitura paulistana. “O museu recebe as cicatrizes da cidade e sua revitalização é necessária”, avalia Binho.

Apesar da resistência e durabilidade dos materiais usados na criação dos grafites –tinta base e spray-, o longo período de exposição e a ação natural do tempo deixaram marcas nas obras. O local também é abrigo de pessoas em situação de rua e rota dos carrinhos de catadores de materiais recicláveis, o que exige cuidados constantes da prefeitura.

“Aproximamos a arte da população e recebemos a visita de turistas, especialmente estrangeiros, que vêm conhecer o museu em biketours ou mesmo de ônibus fretado”, diz Binho.

O museu inspirou iniciativas semelhantes em outras cidades, inclusive no exterior. A visita pode ser feita a pé ou pedalando – uma ciclovia e calçadas gramadas acompanham o circuito e atraem olhares curiosos de motoristas e passageiros nos ônibus que circulam diariamente por ali.

Erlan Oliveira, 27, percorre a ciclovia para fazer entregas para um açougue e concorda com a renovação do espaço. “Vale a pena reformar. É bem legal trabalhar e ver os grafites no caminho”, opina.

Maria de Fátima Bonfim, 53, tem um salão de beleza e mora em Santana há 10 anos. Ela acompanhou a vida do museu desde o início e diz “achar bonito” o trabalho. No projeto de revitalização, ela pede atenção para o aumento do policiamento no local. “A insegurança é grande por aqui”, reclama.

Questionada sobre os problemas de falta de manutenção, a subprefeitura Santana/Tucuruvi afirmou que fará nova limpeza no espaço do museu. “O local é limpo frequentemente e, quando constatada necessidade, o serviço é intensificado”, justificou.

Em relação à colagem dos cartazes, enquadrados como “propaganda irregular”, o órgão municipal agendou uma vistoria “para que sejam tomadas as medidas cabíveis, conforme a Lei Cidade Limpa (14.223)”.

Sobre o pleito de renovação do museu, a secretaria municipal de Cultura confirmou que recebeu os autores do projeto, mas destacou que “nenhuma parceria foi efetivamente firmada, até o momento”. Em nota, o Metrô de São Paulo revelou uma possível negociação: “A Companhia vai se reunir com os responsáveis pelo museu e demais participantes, para discutir a viabilidade de revitalização do espaço”. 

Sidney Pereira, 59, é correspondente de Vila Maria
@sidneypereira00
sidneypereira.mural@gmail.com

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