Tarifa de ônibus sobe em Itaquaquecetuba dois meses após promessa do prefeito

Na última segunda (2) os moradores de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, foram surpreendidos com o anúncio de reajuste na tarifa dos ônibus municipais na cidade, que passou de R$ 3,50 para R$ 3,80. A surpresa foi por conta de uma postagem feita em março pelo prefeito Mamoru Nakashima (PSDB) em sua página no Facebook, onde afirmava que só autorizaria o aumento se houvesse melhoria na qualidade do transporte ofertado pelo Grupo Júlio Simões, único prestador do serviço no município.
“Conversando com a população, uma das principais reclamações na cidade é a qualidade e a demora dos ônibus das linhas municipais. Quero dizer o seguinte: enquanto não melhorar o serviço para a população, não vou autorizar aumento da passagem”, dizia o prefeito na postagem. Apesar da promessa, nenhuma melhoria foi feita no sistema para justificar o reajuste.
Segundo a apuração do Mural, embora o valor da tarifa seja idêntico ao das cidades vizinhas, a qualidade do transporte em Itaquaquecetuba chega a ser inferior.
O grande problema enfrentado pelos moradores é a pouca oferta de ônibus circulando. “Costumo ficar uma hora no ponto aguardando o ônibus. É muita humilhação”, afirma o consultor de negócios Diego Monteiro, 23.
Ao contrário de Suzano e Poá, Itaquaquecetuba não oferece passe livre estudantil. Também não há integração entre ônibus municipais e os trens da CPTM, comum em outras cidades da Grande São Paulo. Isso fez com a que estudante Isadora Matsumoto, 16, desistisse de ingressar em um curso preparatório para o vestibular na Capital. “Meus pais não dão conta de pagar o ônibus para eu fazer o ensino médio e o trem para o cursinho. Pesa muito no orçamento”, conta.
Para evitar as duas passagens para chegar à Capital, muitos moradores substituem o ônibus municipal pelo intermunicipal. “Acabo dependendo do intermunicipal, que possui integração com os trens” conta a operadora de telemarketing Jacqueline Fernandes, 27.
Também pelo Facebook, o prefeito justificou a nova tarifa. “Afirmei que não iria aumentar e segurei o quanto pude, fomos a última cidade do estado a dar o aumento […], mas existe um contrato assinado em 2008 pela administração anterior (do ex-prefeito Armando da Farmácia, do PR) que tem duração de 10 anos e diz que a empresa tem direito ao aumento anual”.
Uma manifestação contra o aumento e reivindicando passe livre estudantil foi convocada pelas redes sociais para a próxima sexta-feira (6), às 14h, na praça central da cidade.
Lucas Landin, 20, é correspondente de Itaquaquecetuba e Poá.
@landinou
lucaslandin.mural@gmail.com
Enquanto a máfia-malufista dos taxistas em São Paulo, a máfia-lernista dos taxistas de Curitiba e assim sucessivamente capitais afora do país discutem o uber, Itaquaquecetuba vive outros ubers – não sem máfia, pelo visto. Os taxis-lotação são alternativas a quem espera um ônibus para algumas regiões, especialmente os que partem da Estação Suzano. Zero integração, mas pelo menos compensam a lerdeza dos fusões. E aí, quem protesta? Taxistas? Julio Simoes? Ou tudo vai virar o paradigma do jogo do bicho para lidar com o ultraje do transporte público? Sórdidos.