Compensação ambiental do Rodoanel, parques seguem fechados no Grajaú após 4 anos
Localizados no Grajaú, na zona sul da capital, dois espaços fechados levam a curiosidade de moradores da região. “Não tenho muito conhecimento dos parques. Vejo apenas as placas que indicam a existência deles, mas não sabemos o que tem lá”, conta o agente dos Correios Gildásio Gomes, 47.
Ele mora perto dos Parques Naturais Municipais (PNM) Bororé e Varginha que integram o conjunto de obras de compensação ambiental firmada entre a prefeitura de São Paulo, o Governo do Estado e a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S.A., como contrapartida da área utilizada para a construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.
No entanto, sem a realização de planos de manejo, os locais ainda não têm previsão de abertura, quatro anos após a formalização via decreto.
O valor de referência utilizado na compensação ultrapassa R$ 50 milhões. Desta quantia, R$ 7,4 milhões foram destinados para a implantação do PNM Bororé e outros R$ 12,1 mi para o PNM Varginha.
Os decretos de criação dos PNM’s foram assinados em 2012 pelo então prefeito, Gilberto Kassab. Um dos artigos estabelece que os Planos de manejo dos parques [documentos que apresentam normas para proteção ambiental], deveriam ser elaborados no prazo de 180 dias. Quatro anos depois, Bororé e Varginha seguem sem os Planos e as obras foram apenas parcialmente concluídas.
Enquanto isso, quem vive no Grajaú busca atividades de lazer fora do distrito. É o caso da comerciante Sandra Gomes, 37, que também vive e trabalha perto dos PNM’s. “A gente costuma passear no cinema, Parque Ibirapuera. Seria legal o parque aqui para um picnic, fazer uma caminhada”, comenta.
Segundo a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, não há previsão para a inauguração dos PNM’s, pois os decretos estabelecem que até os Planos de Manejo serem aprovados, serão permitidas apenas atividades para implantação de infraestrutura e pesquisas autorizadas pelo DEPAVE – Departamento de Parques e Áreas Verdes.
A pasta também informou que a revisão dos Planos é responsabilidade da Dersa. Questionada pelo Mural duas vezes, a Dersa afirma que a conclusão dos Planos deve ocorrer até o fim de junho.
Apesar de não ter sido aberto, alguns estudantes de um colégio da região já fizeram uma visita guiada no Bororé. Mas não há detalhes se novas ações ocorrerão.
Morador da região, o ajudante de serviços Moisés Barbosa, 38, reclama da distância e falta de tempo para passear longe do Grajaú, enquanto as obras seguem paradas.
“A gente quase não tem tempo. Sai cedo e volta tarde. Trabalho seis dias por semana”, conta. Ele também diz ter visto poucas informações sobre os novos parques. “Vejo as placas, mas não sei o que tem lá. Tenho interesse em entrar”.
A falta de informação sobre os PNM’s não é restrita aos moradores. O Mural só obteve os dados da secretaria municipal do Verde e do Meio Ambiente e da Dersa, por meio da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).
Mesmo assim, não foram informados os reajustes que os valores iniciais das obras possam ter sofrido.
Outros parques que serão implantados estão em situação semelhante como os PNM’s Jaceguava e Itaim, localizados em Parelheiros, também na zona sul. Ambos fazem parte da compensação ambiental e possuem informações escassas como os vizinhos do Grajaú.
Priscila Pacheco, 28, correspondente do Grajaú priscilapacheco.mural@gmail.com
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