Glicério tem protesto contra retirada dos objetos de moradores de rua
Boaz Bernardes, 33, e Carlinda Quirino dos Santos, 70, são moradores em situação de rua e vivem embaixo do viaduto Glicério, na região central de São Paulo, há aproximadamente 10 anos. Na semana passada, eles foram surpreendidos com uma ação realizada pela prefeitura regional da Sé.
“Levaram tudo, nem colchão eu tenho mais. Para eles não somos nada, somos lixo”, diz Carlinda. “Consegui salvar o meu saco de roupas. Não tem o que fazer, é levantar a mão para cabeça e aceitar”, completa Bernardes.
A ação ocorreu próximo das ruas Doutor Lund e Glicério, pouco antes das 7h da manhã, e levou a protestos de grupos que atuam no bairro. Houve atuação da CET, Guarda Municipal, Polícia Militar e das empresas de limpeza urbana Inova e Loga. A prefeitura regional nega irregularidades e que a ação visava retirar as pessoas do local.
Na quinta (5), em assembleia na Nova Glicério, catadores e catadoras do Centro de São Paulo se reuniram para protestar contra a medida e também reivindicaram a criação de um projeto de lei que contemple a categoria.
Até o início do segundo semestre de 2016, uma ONG realizava no viaduto um projeto de acolhimento da população em situação de rua. A instituição oferecia café da manhã, banho e tanques para lavagem de roupa. Com o fim da iniciativa, essa população passou a ocupar as imediações.
José Alexsandro da Silva Souza, 39, músico e integrante do Batuq do Glicério, acompanhou a operação ao lado de sua esposa e de outras lideranças locais. A sede do bloco está localizada, atualmente, no espaço antes ocupado pela ONG. “Achei estranho, por isso corri para acompanhar”, afirma Souza.
O prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, esteve presente durante todo o tempo. “Nós reforçamos ao prefeito regional que o local é ocupado pelo Batuq e que esse processo foi iniciado na gestão passada”, conta o músico.
Segundo o Observatório Cidadão, a região central, que está sob a gestão da prefeitura regional da Sé, concentra o maior número de pessoas em situação de rua de São Paulo. Esse número aumentou entre os anos de 2011 e 2015, de 3.747 para 3.863, respectivamente.
Por outro lado, o número de pessoas acolhidas diminuiu, de 3.085 em 2011 para 2.439 em 2015, como mostra também o Observatório.
O bloco tenta a concessão do espaço, onde ensaia e promove aulas de instrumentos musicais para as crianças da região. “Achamos, pela movimentação, que essa ação fazia parte do projeto Cidade Linda”, afirma Souza. “Muitas pessoas viviam no viaduto e hoje não sabemos para onde foram”, completa.
Procurada, a prefeitura regional da Sé informou que “realizou, no dia 1º, uma ação concentrada em diversos serviços de zeladoria na região do Glicério”. A gestão enfatizou que a “ação em nada tem a ver com as Operações Cidade Linda e que os cidadãos podem ter acesso às ações no site da prefeitura regional”.
Foram removidos restos de madeira, plástico e outros tipos de materiais que estavam abandonados por diversos lugares daquela região. Com relação aos moradores em situação de rua, a prefeitura regional alega seguir os Decretos 57.069, de 17 de junho de 2016, e 57.581, de janeiro de 2017.
“Ou seja, [os agentes] aguardam que os moradores recolham seus pertences pessoais, entre outros materiais que julguem apropriados, antes de remover os objetos que estejam ocupando as calçadas”. A administração afirma que foram retirados ‘materiais e objetos que impediam a livre circulação das calçadas e não as pessoas’.
A operação também esteve na Associação de Catadores Nova Glicério, que com a CooperGlicério, funciona há mais de 10 anos no bairro. Juntas, elas possuem cerca de 120 catadores. As duas são responsáveis pela coleta de quase uma tonelada de resíduos por mês, sem remuneração para os trabalhadores. De acordo com os catadores, a prefeitura alega que as cooperativas não têm licença para funcionarem no local.
“As cooperativas possuem um termo de permissão de uso do espaço. Lutamos, durante as gestões anteriores, pela licença, mas não conseguimos. A prefeitura, hoje, alega, também, que, após o incêndio no viaduto ocorrido no início de março, não podemos ficar mais lá”, explica o catador Sergio Bispo, 60, criador da Kombosaseletiva e sócio-cooperado da CooperGlicério.
Carina Barros é correspondente do Glicério
carinabarros.mural@gmail.com
Pq o tom do blog é que a ação é higienista e não higienizadora do local? Pq só não se ouvem os pedestres, comerciantes e pessoas que residem nas imediações para falarem sobre o mau cheiro, estado deplorável de higiene, risco de doenças para todos? Pq não se fala sobre o consumo de drogas no local? Pq não se pergunta para as pessoas lá pq não vão para os abrigos da prefeitura?
Quero saber onde fica o GLIGERIO?
Olá, Julio,
O título foi corrigido. É Glicério, na região do centro de São Paulo.
Obrigado,
– CONSCIÊNCIA SOCIAL?
– SEMPRE EM FALTA….
MAS VOCÊ, COMO FARÁ PARA CONTRIBUIR EM BENEFÍCIO DELES,
AFINAL EM QUE SOMOS DIFERENTES ?
PORQUE TEMOS UMA CASA., SABEMOS QUE NÃO.!
Lamentável a atitude do prefeito Doria, que mau começou a administrar a prefeitura e já quer sair, até prova em contrário o que os agentes públicos fazem com os moradores de rua é um crime com formação de quadrilha, pois qualquer objeto que pertence a uma pessoa seja colchão ,roupa , sapatos moradores de rua ou não , quando subtraídos com força e intimidação é considerado roubo qualificado, cade o MP, tá dormindo, formação de quadrilha para o subprefeito e guardas municipais e agente municipais, que se faça a justiça.
A cidade de São Paulo não pode aceitar pessoas vivendo debaixo da ponte e armando barracas onde bem entender. Essas pessoas, na maioria dependentes de drogas, vão vivendo como bichos, na sujeira, sem dignidade, fazendo suas necessidades em plena rua. Nenhuma cidade civilizada pode aceitar viver com isso. Defender esse estilo de vida é trabalhar contra essas pobres pessoas e perpetuá-las na mais vil e indigna miséria humana e moral.
Eu moro perto da região do Glicério, tenho que passar por esta região todos os dias. E muito fácil falar, quando não se tem que conviver com sujeira. Nem todas as pessoas em situação de risco, são drogadas e sujas, mas sua maioria é. É uma situação complicada, mas com um país em que um dos nossos presidentes pode ser comparado a “Id Amin Dada”, que em vez de governar para o povo , governava para uma construtora, unicamente para ter beneficios para si, familia e amigos. Mas tenho uma boa ideia vamos pedir para o “Emilio e o Marcelo” doar do Caixa dois a mesma quantia que deu para estes politicos ordinários, e construir um centro de reciclagem no modelo que existe no Japão, ai não haverá sujeira e este pessoal pode conseguir um emprego digno e limpo, sem ter viver na sujeira.
Eu sou antigo morador do bairro e entendo que a prefeitura tem que colocar esses moradores em situação vulnerável em locais dignos , pois , eles vivem em situação precária , em meio a muita sujeira e ratos , com grande chance de contrairem leptospirose, a ocupação do espaço público da forma que estava não poderia ficar , o nosso bairro está degradado e abandonado , essas cooperativas tb deixam muito lixo e não podemos correr o risco de termos um incêndio em baixo do viaduto.