Expositores boicotam feira reaberta pela prefeitura na Freguesia do Ó
Após quase seis meses sem ser realizada sob alegação de irregularidades, a Feira de Arte, Artesanato, Cultura e Gastronomia, no Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, na Freguesia do Ó, na zona Norte, foi retomada no último fim de semana.
A notícia foi comemorada pelos moradores da região, que aguardavam a volta da feira na principal praça do bairro. No entanto, a população foi surpreendida pelo baixo número de expositores no local, que decidiram não instalar suas barracas em protesto contra a Prefeitura.

Márcia Jobstraibizer Tsujinaka, 49, e o marido Paulo Tsujinaka, 70, proprietários de uma barraca de yakissoba na feira do Largo da Matriz, compareceram à praça no sábado e no domingo, mas não montaram a estrutura em protesto ao horário estabelecido pela Prefeitura Regional da Freguesia do Ó/Brasilândia.
Apenas dez tendas foram instaladas no sábado, das quais três eram destinadas à comercialização de alimentos e sete ao artesanato– de um total de 17 aprovadas e previstas para comparecer à feira. No domingo o número foi ainda menor: apenas oito tendas, sendo somente uma de alimento.
De acordo com Márcia, em uma reunião entre expositores e a prefeitura local, realizada no dia 1º de agosto, foi acordado que as barracas de comida poderiam funcionar no local até às 22h. No primeiro dia de realização da feira, porém, a prefeitura teria reduzido o horário para até às 17h.
“Não faz sentido a gente começar a vender alimento às 10h e ter que parar bem no horário que o movimento do nosso público está começando. É como um restaurante fechar na hora da janta”, compara a expositora, que tem a feira como sua única fonte de renda, além da aposentadoria do marido.
Uma das barracas, por exemplo, vendeu apenas uma tapioca durante todo o sábado. A dona da tenda lamentou ao saber que precisaria desmontar toda a estrutura para deixar o local às 17h, já que estava esperançosa com o aumento do movimento.
O casal Tsujinaka resolveu, inclusive, se unir a outros cinco expositores para articular uma proposta que será apresentada à administração regional. A sugestão é prolongar o horário da venda de alimentos até às 22h.
Em contrapartida, os artesãos também reivindicam regras estabelecidas pela regional, como a obrigatoriedade de comparecer durante todos os sábados de agosto. Diferente dos alimentos, os artesanatos não são vendidos com facilidade aos sábados e, por isso, não é interessante para esses expositores se deslocarem e montarem suas tendas nesse dia da semana. Além disso, nos últimos anos, a feira de artesanato sempre aconteceu apenas aos domingos.
Laudicéia Oliveira da Silva, 53, e Jesuína das Graças, 66, vendedoras de crochê e roupas pets, respectivamente, expõem na feira há mais de 10 anos. Segundo elas, é inviável comercializar os produtos aos sábados porque os potenciais compradores costumam visitar a feira aos domingos, dia em que ocorrem as missas e almoços em família.
“Depois de quase seis meses que [os funcionários da prefeitura regional] impediram a gente de exercer as atividades, eles ligaram pedindo para que todos os expositores estivessem na Matriz no sábado. Foi no susto”, conta Laudicéia.
Ela afirma ainda que expositores novatos não compareceram à feira porque foram pegos de surpresa pela prefeitura regional e, por esse motivo, ainda não possuíam estrutura necessária para montar uma barraca e vender seus produtos.
“Como esse é o mês de aniversário do bairro, mês de festa, é conveniente para a prefeitura que a gente esteja aqui durante o final de semana inteiro, mesmo que a gente não venda nada”, completa a artesã, lembrando que o bairro completa 437 anos.
Tayla Pinotti, 24, correspondente da Freguesia do Ó
taylapinotti.mural@gmail.com
Bela matéria, parabèns