Professores de dança no Tremembé querem preservar samba rock de raiz
André Santos
O samba rock é considerado patrimônio da cidade de São Paulo desde 2016, quando recebeu esse título do CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo).
Com o passar do tempo, contudo, o estilo passou a ser ensinado de um jeito mais robotizado. É o que diz Carlos Alberto Pereira Filho, 42, o “Fran”, que defende um jeito mais “das antigas” do ritmo. Ao lado do auxiliar administrativo Castro Antônio César, 38, ele fundou a Família ZN – Samba Rock, projeto que dá aulas de dança no Jardim Tremembé, na zona norte de São Paulo.
“A ideia é passar um samba rock diferente desses que se ensinam nas academias hoje em dia, que é muito duro, meio robotizado. A gente ensina uma linha mais ‘malandreada’, ‘das antigas’ mesmo, de raiz”, diz Fran.
No entanto, ele admite que também passa “algumas coisas desse samba rock mais moderno, com mais movimentos”.
O estilo surgiu nos bailes das periferias de São Paulo na década de 1960. Nos bailes tocavam estilos musicais variados como samba, jazz, sambalanço e até rhytthm & Blues. A dança incorporou movimentos do samba, gafieira, salsa e rock.
“Sempre achei lindo ver o pessoal dançando nas festas, e sempre tive vontade de aprender, daí, decidi vir fazer as aulas”, conta Danilo Xavier, 27, que faz aula há um mês no projeto.
O início das aulas foi em 2015. “Nosso público é bem rotativo, mas, em média, temos umas 120 pessoas que passam por aqui e têm aulas gratuitas”, ressalta Castro.
Os professores não cobram pelas aulas. Os espaços onde as aulas são realizadas são cedidos por apoiadores do projeto. “Precisamos preservar, ainda mais agora que o samba rock é patrimônio cultural imaterial paulista”, aponta Fran.
A turma possui integrantes de todas as faixas etárias e níveis variados de aprendizado. A dupla, contudo, não aceita que disputem campeonatos de dança com o nome da iniciativa. Afirmam que o objetivo é reunir a comunidade como nos bailes das periferias de antigamente.
“A gente busca o prazer na dança aqui, na maioria das vezes você chega aos bailes e parece uma disputa, um querendo dançar melhor que o outro, fazer mais movimento que o outro, e daí você chega com um estilo diferente, mais cadenciado e chama a atenção. Não precisa acelerar”, afirma Fran.
Os encontros acontecem às segundas-feiras 20h na Casa Cultural Hip-Hop Jaçanã, Avenida Maria Amália, 4180, e às terças-feiras no bar BartPapo, Rua Antônio Álvarez Airão, 28, também as 20hrs.
André Santos é correspondente do Jardim Fontális
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