Na zona norte, Tremembé mostra divisão entre eleitores dos presidenciáveis
Priscila Gomes
A cozinheira Ingrid Feitosa, 37, quer alguém que lute pela educação, bandeira que também deve ser a prioridade para Iracema Gabriela Gallo Leite, 33. A pedagoga Maria Paula do Carmo, 57, aponta que a periferia tem de ser ouvida e é necessário menos burocracia. Vinicius Neiva, 33, diz que a economia é o principal fator a ser resolvido pelo próximo presidente, enquanto a agente de saúde Simone Aparecida, 35, espera ações que melhorem o transporte.
Em comum, todos moram na periferia de São Paulo, na zona norte, no distrito do Tremembé, onde 176 mil eleitores votam neste domingo (7). A diferença é que cada um tem uma posição diferente sobre quem é o melhor nome para resolver as demandas.
A região está dividida como tem sido visto nas últimas pesquisas eleitorais, ainda com espaço para indecisão. “Ainda não sei em quem vou votar, mas precisamos de alguém que nos represente com vigor e se preoucupe com a educação principalmente”, afirma Ingrid, moradora da Vila Paulistana.
Indecisa também está a técnica têxtil Elielma, que mora no bairro Jardim Flor de Maio. “Espero que, de fato, o intuito de quem ganhar seja atender às necessidades da população, principalmente da periferia, com propostas para saúde e segurança”.
Por outro lado, os líderes nas pesquisas eleitorais Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) têm eleitores que afirmam mais convicção na escolha.
“O Brasil é uma fonte inesgotável de recursos em várias áreas e é preciso trabalhar isso de uma forma justa para que a população sinta a diferença e usufrua”, diz a educadora social Karine Corrêa, 28, moradora do Jardim Fontális. “Li e estudei muito e meu candidato para presidente é Fernando Haddad”, explica.
Já a assistente técnica Iracema Gabriela Gallo Leite, 33, moradora no Jardim Filhos da Terra diz que votará em Bolsonaro pelo perfil do candidato. Ao mesmo tempo, ela não descarta votar em Lisete (PSOL) ou Paulo Skaf (MDB) para o governo do estado. “As propostas na educação me enchem de esperança”, afirma. “O Brasil tem políticas públicas belíssimas. O que falta é um pessoal correto para gerir cada uma delas, com honestidade e competência”.
“Creio que a periferia precisa ter mais financiamento para projetos coletivos. Temos muitas pessoas em pouco espaço para moradia e lazer”, ressalta.
Na última eleição, o Tremembé teve a votação dividida no primeiro turno entre Aécio Neves (PSDB), com 49%, seguido de Marina Silva (na época do PSB), com 25%, e Dilma Rousseff (PT), com 18%.
“Vou votar no [ex-governador Geraldo] Alckmin porque é um candidato que já fez algo por São Paulo e não vejo outra saída”, diz a pedagoga Maria Paula do Carmo, 57, que também faz parte do conselho de saúde, moradora do Jardim Apuanã.
“O que precisa melhorar é o básico: saúde, educação e segurança”, ressalta. “Moro na periferia, então espero que quando levarmos as pautas, que a gente seja ouvido, que tenha retorno.”
LUTA
Com o uso forte das redes sociais e de discussões no WhatsApp, moradores têm apontado também o histórico dos candidatos como escolha de voto. De um lado, Haddad é citado como alguém que pode trazer ações realizadas durante a gestão do ex-presidente Lula (PT). Do outro, a ideia de ‘valores familiares’ é citada por quem apoia Bolsonaro.
“Nunca vi uma eleição como essa. As pessoas estão se mobilizando e lutando pelos seus candidatos. Eu li bastante sobre cada um e me identifico com o Haddad, porque o Lula fez muito pelos pobres e creio que ele pode fazer também”, afirma o motorista Tiago Soares, 23.
“O que me motivou na escolha foi exatamente o descaso com a família e os valores cristãos”, diz a agente de saúde Simone Aparecida Marques, 35, moradora do Jardim Portal I, eleitora de Bolsonaro. “Espero leis mais rígidas e igualdade. No meu bairro poderia melhorar o transporte e a sinalização das vias, postos de saúde e viaturas na porta das escolas.”
Priscila Gomes é correspondente da Vila Zilda
priscilagomes@agenciamural.org.br
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