Deputados usam verbas que ainda não chegaram para pedir votos em Osasco
Ariane Costa Gomes
Paulo Talarico
Uma ponte com previsão de construção a partir de 2019 já está sendo utilizada como divulgação para conquistar votos em Osasco, na Grande São Paulo. Os deputados federais têm direito a solicitar recursos do governo federal para os municípios – as chamadas emendas parlamentares.
No entanto, antes mesmo da execução das ações, os recursos têm servido para embalar os materiais de campanha na eleição deste ano.
Deputada federal no primeiro mandato, Renata Abreu (Podemos) divulgou o envio de R$ 22 milhões em recursos para o município. Do total, R$ 13 mi seriam da terceira ponte sobre o rio Tietê. A obra nem começou.
Segundo informações da prefeitura de Osasco, o projeto prevê a construção de uma ponte sobre o rio Tietê e um viaduto que sobrepõe a linha de trem da CPTM, ligando a avenida Brasil, no Rochdale, à avenida Marechal Rondon, no centro.
“Renata Abreu é a deputada que mais trouxe recursos para Osasco”, diz a peça divulgada pela parlamentar. No entanto, os R$ 13 milhões estão na fase de contratação, o chamado empenho, segundo a prefeitura.
Renata é do mesmo partido que o prefeito Rogério Lins (Podemos) e, na cidade, é o centro das atenções da disputa eleitoral para deputado federal ao lado de Valmir Prascidelli (PT), que busca a reeleição.
Prascidelli diz em seu material de campanha ter trazido R$ 10 milhões que foram investidos em áreas como saúde e educação, emprego e renda. No entanto, nas propostas que aparecem no site da Câmara dos Deputados, constam apenas R$ 3 milhões direcionados para a Universidade Federal.
O restante das emendas tem como destino o estado de São Paulo, sem especificar quais municípios.
De acordo com o Portal da Transparência do Governo Federal, a cidade recebeu apenas R$ 1,2 milhão nos últimos anos via emendas, cerca de 4% dos R$ 32 mi citados.
TRÂNSITO
A construção da terceira ponte em Osasco é um projeto considerado importante para melhorar o trajeto entre a zona norte e o centro do município.
“O trânsito é horrível, ainda mais nos horários de pico porque trava tudo. Você não consegue sair do Rochdale para ir até [centro de] Osasco nem pelo acesso da marginal nem pelo [bairro] Piratininga”, conta a atendente de telemarketing Jéssica Regina de Oliveira, 30.
Ela mora no Rochdale e vai para o centro para pegar o trem com destino a São Paulo, onde trabalha. “Acho que a ponte ajudaria. Tiraria o fluxo de uma ponte só, de um lugar só. Iria melhorar as saídas para todo mundo”, diz.
Moradora do bairro Rochdale há 35 anos, a agente de organização escolar Carmelita Rodrigues, 67, conta que já ouviu falar sobre o projeto. “[O trânsito] nas saídas para São Paulo e para o centro de Osasco é mais complicado”.
PREFEITURA
A prefeitura informou que o projeto vai necessitar de mais recursos para a execução e que tem buscado várias fontes de financiamento.
Além da ponte, as intervenções contemplam a implantação de trechos de avenida sobre o Córrego Rico, uma faixa exclusiva de ônibus na avenida Marechal Rondon, entre a rua da Estação e rua João Batista; além de parte da avenida Bandeirantes.
De acordo com a prefeitura, os estudos técnicos já estão em desenvolvimento e a previsão de conclusão da obra é para agosto de 2021.
“Até o momento foram arrecadados recursos no valor de R$ 17 milhões com o Governo Federal, sendo que há R$ 13,3 milhões de repasse e R$3,7 milhões de contrapartida”. O valor total para construção da terceira ponte é estimado em R$ 150 milhões. As demais obras viárias complementares somam R$ 50 milhões.
Os deputados não responderam sobre as emendas que divulgaram ter enviado para o município.
Ariane Costa Gomes e Paulo Talarico são correspondentes de Osasco
arianecosta@agenciamural.org.br
paulo@agenciamural.org.br
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