Escola na Brasilândia faz ações contra homofobia
Letícia Marques
Na escola Professor Joaquim Luis de Brito quase ninguém conhece Thiago Bassini, 17, pelo nome de registro. Todos, inclusive professores, chamam pelo nome que escolheu para dar início a carreira de drag queen: Danielle Radija.
Ela estuda na Vila Itaberaba, no distrito da Brasilândia, na zona norte de São Paulo, após ter passado por escolas perto de onde mora, na Freguesia do Ó.
No colégio, diz ter encontrado acolhimento e apoio para assumir a vontade que sempre teve. “Sofri muito nas outras escolas em que passei. Precisava de ajuda e ninguém me estendeu a mão, foi bem difícil. E aqui no Brito, me senti abraçada por todos”, comenta Radija.
A estudante foi uma das organizadoras do Brito Sem Homofobia, evento realizado em outubro, com objetivo de combater a homofobia dentro das salas de aula e debater a diversidade com alunos, amigos e familiares. A ação contou com músicas, shows, palestras e recitação de poesias.
Neste ano, o evento chegou a sexta edição e Danielle foi uma das atrações. A jovem fez uma apresentação sobre respeito e diversidade para os colegas de estudo. “Fiquei surpresa. Pensei que de alguma forma fosse vir algo negativo com o show, comigo, mas pelo contrário, foi tudo positivo”, comenta.
O projeto foi idealizado em 2013, quando educadores pensaram em ações contra o bullying homofóbico dentro da escola. Principalmente, no tratamento dos alunos entre si com apelidos ofensivos como viado, bicha e sapatão.
“Eventos como esse trabalham a intolerância, respeito, empatia e diversidade. O mundo é diverso, não é o mesmo. O mundo está em constante mutação e é composto pela diversidade”, diz o professor de filosofia Fabio de Lima, 41.
Fabio se diz contente com a colaboração dos alunos, mas lamenta que nem todos os docentes tenham atuado. “Infelizmente alguns professores ainda estão distantes do projeto e preferem não tomar nenhuma posição sobre esse assunto, mas eles respeitam a iniciativa dos alunos”, comenta Fabio.
Os alunos foram responsáveis por boa parte da organização e se dividiram em grupos para elaborar o conteúdo que foi trabalhado durante o evento.
“Ajudo o professor Fábio a organizar tudo. A gente decide toda programação do evento, horário. Ele nos dá autonomia para criar e expressar tudo que queremos transmitir”, responde Danielle.
O evento foi dividido em quatro dias com programações de conscientização por meio da arte sobre o público LGBT.
Os alunos contaram com a presença da atriz Ana Flávia Cavalcanti, que ficou conhecida como diretora Doris, na Malhação Viva a Diferença, de 2017, na Rede Globo.
Houve ainda oficinas de saúde, psicologia e meditação e debates sobre feminicídio e racismo.
“É muito importante um evento como esse. Eu nunca vi uma escola debater o que hoje ainda é um assunto muito polêmico, que é o movimento LGBT, diversidade de gênero, racismo e feminicídio. A sociedade precisa falar sobre isso e entender melhor essas questões”, diz Danielle.
Leticia Marques é correspondente da Brasilândia
leticiamarques@agenciamural.org.br
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Parabéns para a Escolas, seus mestres e alunos. Respeitar o próximo é essencial para o bem comum.
O amor é lindo, feio é o preconceito.
E o preconceituoso deveria saber que a inveja é pecado capital: e interior também.
Parabéns a todos e sucessos na vida.