Com atraso, prefeitura entrega terceiro piscinão em Cidade Ademar
Diogo Marcondes
O editor de vídeos Jeferson Reis, 31, lembra com pesar a morte de uma senhora dentro de casa, em 2009, na rua Jorge Rubens Neiva de Camargo, em Americanópolis, zona sul de São Paulo. Jeovanice Marques de Carvalho, 52, morreu afogada dentro de casa após ir à parte externa da residência para fechar uma comporta que impedia que a água da chuva alagasse o local.
Quase dez anos depois dessa tragédia que marcou muitos moradores do bairro, a prefeitura inaugurou o terceiro reservatório para contenção de enchentes na região. O piscinão RCO-1 foi entregue no último dia 30 de novembro.
Os outros dois estão na Praça Lígia Maria Salgado Nóbrega (RCO-2) e na Praça Aristides de Souza Mendes (RCO-3). “Eu acompanhava as enchentes. As casas enchiam de água”, diz Reis. “A construção dos piscinões ajudou bastante”.
Em 2013, quando as obras foram iniciadas, o então prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que cada piscinão construído diminuiria em 20% as chances de alagamento na bacia do Córrego do Cordeiro. Segundo as contas do ex-prefeito, as chances de ocorrer alagamentos na região diminuíram 60%.
Nos dois últimos verões, de 2017 e de 2018, os moradores já sentiram os efeitos positivos das construções no bairro, mas faltava melhorias específicas nas ruas do entorno onde foi instalado o terceiro reservatório.
“A rua sempre quebrava (por causa da enchente), sempre destruía, qualquer chuva mais forte que dava ficava um inferno”, afirma o segurança patrimonial Luiz Gustavo Teixeira, 30.
Somente neste ano, uma ponte sobre o córrego do Cordeiro, localizada praticamente em frente ao piscinão, ficou interditada em três oportunidades por causa dos buracos causados pela chuva.
O córrego, ainda sem canalização, alagava e levava as pedras que sustentavam as extremidades da ponte. O buraco se formava e impedia que veículos passassem pelo local.
Como o início da rua Álvares Fagundes é caminho para as lotações que vêm de bairros como Pedreira e Cantinho do Céu em direção ao Jabaquara, o trânsito era desviado e afetava até mesmo trechos da avenida Cupecê.
De acordo com a Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras), o reservatório RCO-1 tem capacidade para armazenar 50 mil m³ de água, o equivalente a 20 piscinas olímpicas.
“O piscinão receberá as águas excedentes do Córrego do Cordeiro, e será esvaziado por meio de quatro bombas com capacidade de vazão de 360 litros por segundo cada uma. O novo reservatório irá beneficiar toda a população de Cidade Ademar”, diz a nota.
Diferente dos outros dois piscinões já entregues, em que há praças construídas sobre eles, o RCO-1 é aberto e a área de lazer fica ao lado. A praça tem 186 metros quadrados e um playground de 349 metros quadrados.
“O projeto paisagístico contemplou a instalação de áreas verdes no entorno do piscinão, com plantio de grama, arbustos e flores. Também foram instalados bancos, lixeiras e postes de iluminação”, finaliza a Siurb.
ATRASOS
A construção do reservatório da rua Álvares Fagundes foi anunciada em 2013. Além deste piscinão, seria construído mais cinco em toda a bacia do Córrego do Cordeiro, que tem 10 quilômetros de extensão. A previsão de entrega era junho de 2015.
O RCO-1 começou a ser construído apenas em janeiro de 2015. Em abril, a obra foi suspensa por problemas de documentação do terreno. Diante do entrave, a administração municipal preferiu finalizar os outros dois que estavam em andamento.
Apesar do atraso, a inauguração enche os moradores de expectativa. “Vamos ver nas próximas chuvas. Acho que estará tranquilo”, diz Reis, referindo-se as enchentes que afetaram moradores da região por mais de três décadas.
Diogo Marcondes é correspondente de Cidade Ademar
diogomarcondes@agenciamural.org.br
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