Vereador e ex-prefeito de Cotia são afastados pela Justiça

Halitane Rocha

O vereador de Cotia Marcos Nena (MDB) foi afastado do cargo nesta segunda-feira (17), por decisão do juiz Sérgio Duarte Moreira, da vara criminal de Cotia, após acusação do Ministério Público (MP) de São Paulo de manter uma funcionária fantasma entre 2013 e 2017.

Além do vereador, o suposto crime envolve a funcionária pública Jacilene Neves da Silva, suposta auxiliar de serviços gerais, e os antigos secretários municipais de Esportes, Lazer e Juventude Ailton Ferreira, André Luis Vasques e Paulo Vicente dos Santos. Ailton foi prefeito de Cotia entre os anos de 1993 e 1996.

Segundo o MP, de abril de 2013 a janeiro de 2017, a folha de ponto de Jacilene foi assinada pelos secretários, além de 60 horas extras, mesmo sem comparecer à prefeitura. Durante este período, ela recebeu R$ 140 mil em valores atualizados, segundo a denúncia.

No período, Jacilene trabalhava como porteira de um condomínio residencial, em Caucaia do Alto, distrito da cidade.

O MP se baseou em denúncia anônima recebida em janeiro de 2017. A acusação diz que ela dividia a remuneração com o vereador Marcos Nena e não comparecia.

Conforme a apuração, Jacilene foi cabo eleitoral do vereador durante a campanha de 2013, e o legislador teria ajustado com o então secretário Ailton Ferreira que a servidora não iria mais comparecer ao trabalho.

Ferreira é suspeito de ter aceito assinar a frequência dela, mesmo procedimento adotado pelos secretários seguintes, André Luiz e Paulo Vicente.

VEREADOR NEGA E SECRETÁRIO PEDE AFASTAMENTO

A assessoria do vereador Marcos Nena divulgou nota em que nega as acusações. Nena afirma que “tomou ciência da recente decisão judicial que lhe restringe direitos pelas redes sociais”.

Ele afirma “que não mantém qualquer vínculo empregatício com a pessoa referida no processo e, nessas condições, refuta os termos da decisão judicial e expõe que seus advogados recorrerão do ato no momento oportuno.”

O ex-prefeito Ailton Ferreira, mais conhecido como Dr. Ailton, recém-nomeado secretário de Indústria e Comércio, pediu afastamento do cargo nesta terça-feira (18).

“Pedi o meu afastamento da secretaria e vou provar minha inocência. Estou sendo punido por uma coisa que eu não fiz. É só perguntar para os funcionários e os atletas da época se tudo que disse não é a mais pura verdade”, afirmou Ferreira.

Ele diz que havia mais de 200 funcionários e que acumulava ainda a função de cuidar de um time de futebol na época. Ele foi médico do Cotia FC na série A3 do Paulista. A equipe foi excluída da competição em 2015, após não entrar em campo em dois jogos, por problemas financeiros e com o estádio municipal. “Bancava com o meu próprio dinheiro todas as despesas do time”. Alega que não poderia saber da contratação.

“Fui pego de surpresa ao saber que em Caucaia havia uma funcionária que não trabalhava e com tantas atribuições é impossível controlar tudo. Não sabia do ocorrido, não sou e nem nunca fui conivente com tal conduta”, afirma.

Durante a investigação, Paulo Vicente afirmou não ter conhecimento do acordo entre Marcos Nena e Jacinele. Confirmou sua assinatura nos atestados de frequência, mas diz que a responsabilidade de verificar o controle de frequência era de Débora Patrícia Penha de Brito, diretora geral da secretaria. Debora disse que nunca viu Jacilene no local e que não tinha esta função.

A Agência Mural não conseguiu contatar o ex-secretário André Vasques.

A assessoria da Câmara Municipal ainda não comentou sobre o caso e a Prefeitura de Cotia não irá se pronunciar.

Halitane Rocha é correspondente de Cotia
halitanerocha@agenciamural.org.br

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