Mural https://mural.blogfolha.uol.com.br Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP Mon, 27 Dec 2021 13:12:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Artista da periferia faz desenhos realistas chegarem às celebridades https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/12/04/artista-da-periferia-faz-desenhos-realistas-chegarem-as-celebridades/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/12/04/artista-da-periferia-faz-desenhos-realistas-chegarem-as-celebridades/#respond Wed, 04 Dec 2019 19:48:02 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/36db9331-ea44-45bf-b83e-c12218ba22d8-e1575488310500-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=17056 Danielle Lobato 

Quando Tiago Alves era criança, costumava se dedicar às aulas de artes. Mal sabia que, aos 33 anos, teria o trabalho reconhecido por Pelé, pelos jogadores Arboleda e Lucho González, o comediante Thiago Ventura, os músicos Pablo Martins, DoisP, Zeider e Hélio Bentes. 

Morador do Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo, Alves é autodidata, aprendeu as técnicas sozinho e atualmente se dedica às obras realistas. 

Quando pequeno, diz que fazia as melhores ilustrações da sala de aula, e era elogiado por professores. Quando terminou o ensino médio, abandonou a arte e ingressou na área comercial por dez anos. “Ao ver um desenho realista, a chama reacendeu”, diz. 

Começou então a se especializar em casa. “Pesquisei na internet técnicas envolvidas no desenho realista, como vídeo aulas e conheci mais da obra, era isso que queria”. 

Nelson Mandela é um dos desenhos expostos no Itaim Paulista Reprodução

Fazia os traços como um hobby, mas chamou a atenção de artistas ao expor o trabalho nas redes sociais. 

“Fui no [festival de música] encontro das tribos e lá entreguei para o Zeider, vocalista do Planta Raiz, e o Hélio Bentes, do Ponto de Equilíbrio. Eles curtiram muito. Colocaram nas redes sociais e teve a maior repercussão”, lembra Alves. 

Os desenhos são feitos em papel A4 ou A3 e podem levar até 20 dias para ficarem prontos. As obras são vendidas por R$ 150 a R$ 250, dependendo do trabalho que exige e o tamanho escolhido pelo cliente.

O material usado por ele também é profissional. Usa grafite, agulha de crochê, lápis artístico e também uma caneta borracha.

Pelé recebeu obra de Tiago Alves (Arquivo Pessoal)

Sobre as obras mais difíceis, ele aponta a do ex-jogador Pelé que demorou 30 dias para ficar pronta. “Trabalhar a textura da pele negra e mais idosa não é fácil. Porque é preciso fazer muitas camadas no papel, trocando os grafites, tem lugar que precisa de uma cor diferente, ver onde precisa de mais sombra”, explica. 

Embora tenha obras reconhecidas na internet, o desenho ainda não é a sua única fonte de renda. Ele trabalha dando aulas particulares de desenho realista, fazendo tatuagens  e como motorista em aplicativo. 

“Viver da arte não é fácil. Aos poucos a gente vai caminhando. Com a grana que pego pago pensão, complemento no aluguel, contas de casa e assim vai”, afirma Alves. 

Exposição na Casa de Cultura do Itaim Paulista tem desenhos realistas sobre personalidades como Martin Luther King (Reprodução)

Recentemente, Alves fez desenhos realistas sobre personalidades afrodescentes como Nelson Mandela, Marielle Franco, Bob Marley, Obama, Cartola, Ruth de Souza, Mussum, Malcom X e  Martin Luther King Jr. 

O trabalho resultou na exposição Negro é arte e Cultura, aberta ao público, na Casa de Cultura do Itaim Paulista, como parte da programação do mês da  Consciência Negra. 

“É a primeira vez que faço uma exposição sozinho no meu bairro. Fiquei muito feliz com o convite. Ter o meu trabalho reconhecido dentro e fora pra mim é muito importante”, afirma Alves. O trabalho fica exposto até 9 de dezembro.

Casa de Cultura do Itaim Paulista – R. Monte Camberela, 490, Itaim Paulista. Terça a sábado: 9h às 21h. Domingos: 9h às 20h.

Danielle Lobato é correspondente do Itaim Paulista

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Prefeitura de SP entrega espaço de leitura que havia destruído há um mês na Penha https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/28/prefeitura-entrega-espaco-de-leitura-que-havia-destruido-ha-um-mes-na-penha/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/28/prefeitura-entrega-espaco-de-leitura-que-havia-destruido-ha-um-mes-na-penha/#respond Mon, 28 Oct 2019 20:38:53 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/IMG_4187-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16937 Lucas Veloso

“Depois que eles quebraram, fiquei desanimado, mas agora eu gostei”. É assim que o catador de materiais recicláveis Valdir Carvalho dos Santos, 49, o Jamaica, resume a sensação do novo espaço, entregue nesta quinta-feira (24), na Vila Silvia, bairro da região da Penha, zona leste da capital. 

A promessa foi feita dois dias após a gestão destruir o projeto de leitura mantido por ele, em 16 de setembro. Depois da publicação da história pela Agência Mural, a subprefeitura disse que revitalizaria o local com a participação do morador. 

Na quinta-feira (24), o dia combinado com o subprefeito Thiago Della Volpi, a Agência Mural voltou ao espaço. 

O piso foi refeito, inclusive com a plantação de algumas mudas de plantas. Por outro lado, a estrutura montada pelo governo é mais simples do que a anterior. Há uma cobertura formada por quatro vigas de madeira com uma telha por cima, sem cobertura lateral.

Livros enviados pela prefeitura (Lucas Veloso/Agência Mural/Folhapress)

“O local era bonitinho, arrumado. Até gostei do que fizeram aqui, mas vou fazer melhor, bem melhor”, anunciou o catador. “Eu vou até te mandar foto [disse à reportagem], pois o que tinha de estrutura aqui era melhor do que está”.

Para o fotógrafo e músico Vanderson Satiro, 42, a estrutura nova poderia ser melhor. “Os livros que trouxeram são usados. A estrutura que montaram é frágil. Os bichos comem”, resumiu. “Tem que minimamente passar um verniz aí. Isso daí é madeira Pinus, cai fácil”, critica. 

Os livros, todos didáticos, trazidos em um caminhão, foram empilhados no chão sem proteção. “Se dá uma chuva, ou vento mais forte, isso aqui não aguenta”, comenta Elsa Castro, 59, moradora da região.

Outros itens, como uma geladeira reciclada com livros, uma televisão e mais alguns objetos que o catador mantinha à disposição dos moradores não foram devolvidos. 

Apesar da situação, Jamaica segue otimista e agradece as pessoas envolvidas nas manifestações em favor do projeto. “Foi tudo graças às pessoas”, observa.

Cobertura colocada no local onde fica projeto de Jamaica (Lucas Veloso/Agência Mural/Folhapress)

Questionada sobre a responsabilização dos funcionários envolvidos na ação e sobre os itens não devolvidos, a Subprefeitura da Penha se reservou a dizer que o ponto de leitura recebeu doação de cerca de 300 livros e que o servidor [que ameaçou agredir Jamaica] foi orientado a evitar a postura adotada no dia da ação.

A HISTÓRIA

Jamaica relembra que no dia em que teve o trabalho destruído, agentes da Subprefeitura da Penha chegaram  no local com a justificativa de que iam fazer a poda de uma árvore.

A subprefeitura alegou na época que a medida era realizada por conta do depósito irregular de materiais no bairro. Um dia depois, contudo, afirmou que restauraria o espaço.

Pouco depois, vieram outros funcionários com tratores. Logo ele percebeu que a intenção era levar embora uma geladeira com livros, uma televisão e mais alguns itens que o catador mantinha ali à disposição dos moradores. 

Jamaica não sabe ler nem escrever, e montou o espaço de leitura em um muro da rua Novo Oriente do Piauí, onde mantinha o projeto há 15 anos. 

Na época, a manifestação de moradores e de grupos como o coletivo Periferia Invisível provocou a revisão das medidas adotadas pela subprefeitura. 

Lucas Veloso é correspondente de Guaianases

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Em Guaianases, grupo Trem de Cordas une canções e contação de causos https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/21/em-guaianases-grupo-trem-de-cordas-une-cancoes-e-contacao-de-causos/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/21/em-guaianases-grupo-trem-de-cordas-une-cancoes-e-contacao-de-causos/#respond Mon, 21 Oct 2019 19:36:30 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/3-1-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16897 Sheyla Melo

Do gosto pelo som do violão junto com a contação de causos e poemas, moradores de Guaianases, na zona leste de São Paulo, criaram o Trem de Cordas. O grupo se apresenta há 12 anos na região com músicas e histórias do mundo caipira, urbano e nordestino.

Formado por um jardineiro, educadores e um músico, o grupo faz apresentações diferentes de um show convencional. “É uma proposta de escuta, vem na contramão e desacelera. É um convite para uma outra relação com o tempo”, conta o professor de ciências Renato dos Santos, 36. 

“É uma arte que dialoga com a vida das pessoas e nos faz parar a correria do dia para ouvir uma composição ou uma história feita por pessoas daqui. Tento fazer o que fizeram comigo, politizar por meio da música”, diz Tiganá Macedo, 37, educador social e pesquisador de samba.  

O conjunto traz letras que falam sobre trabalho, infância e o cotidiano do povo do brasileiro. Um exemplo é a música “Homem Passarinho”, que aborda a moradia. “Eu tô cansado feito um homem passarinho, quero terminar meu ninho pra chuva não me molhar”.

Grupo Trem de Cordas na apresentação Estação Dolores, no Patriarca, zona leste de São Paulo (Sheyla Melo/Agência Mural/Folhapress)

O músico Nando Oliveira, 58, compara a história do Trem com o antigo Clube da Esquina, quando Milton Nascimento, Lô Borges e Flávio Venturini se reuniam em uma esquina para tocar nos anos 1960 em Belo Horizonte (MG). 

“Todos os mineiros eram músicos com carreira solo e com muito talento. Essa versatilidade as pessoas apontam ter no Trem”, diz Oliveira.

Para ele é difícil enquadrar o Trem de Cordas em um ritmo. Aponta influências do MPB, samba e xote. “Temos uma valorização da música autoral e tocar o que a gente mesmo produz”.

NO JARDIM

Fernando Couto, 43, é poeta e jardineiro. Da rotina com as plantas diz que saem muitas produções que o grupo executa. “O fazer jardim me ajudou a fazer a arte e a relação de trabalho com o Trem é muito diferente do que aqueles que estamos acostumados, produzimos para nós mesmos”, afirma. 

Ele é autor da música Broto de Oliveira.

As transformações da cidade também são abordadas pelo grupo. “Há 50 anos, meu pai nadava no [rio] Tietê”, ressalta. “Os caipiras estão na cidade, esse sotaque, o jeito nordestino está na gente por mais que sejamos urbanos, essa periferia que é essa mistura de povo está presente”, ressalta.

Já Renato veio do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, antes de morar em Guaianases. Segundo ele, os mestres caipiras e as lavadeiras vieram do interior para as margens da cidade de São Paulo. 

“As composições falam de uma saudade de algum lugar e mostra o quanto a periferia é múltipla. Quem está aqui, vem de outra periferia, que é a roça”. 

No entanto, ele enfatiza a dificuldade de ser trabalhador e músico. “É lidar com o cansaço, falta de grana, se descolar dos espaços [escola – casa – local de ensaio], falta de estrutura, fazemos a música que é possível sem a grana para comprar um novo instrumento ou ensaiar no estúdio.”

Sheyla Melo é correspondente de Cidade Tiradentes

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Artista da zona leste de SP, Victrre terá obra exposta em Paris https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/17/artista-da-zona-leste-de-sp-victrre-tera-obra-exposta-em-paris/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/17/artista-da-zona-leste-de-sp-victrre-tera-obra-exposta-em-paris/#respond Thu, 17 Oct 2019 16:37:08 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/fotoVictrre-320x213.png https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16880 Larissa Darc

No dia em que Victor Seroque (Victrre), 21, desenhou pela última vez com as canetas que havia comprado, percebeu que não tinha dinheiro para repor o estoque. O estudante de artes visuais, que até então elaborava obras com materiais físicos, decidiu testar um caminho diferente. 

“Fiquei um tempo sem produzir nada então comecei a fazer arte por meio de plataformas digitais. Isso mudou completamente a estética do meu trabalho”, relata.

“O meio digital também influencia muito. Gosto das possibilidades de interação que ele cria, que são muito diferentes das que tenho em exposições físicas”, ressalta.

A ousadia deu resultado. Oito meses após o início de experimentos com reproduções gráficas, uma das obras, intitulada “Inércia”, foi selecionada para figurar no Carrousel Du Louvre, centro de compras subterrâneo de Paris, na área externa próxima ao Museu do Louvre. A arte ficará exposta entre os dias 19 e 21 de outubro.

“Inércia” estará em exposição no Carrousel Du Louvre entre os dias 19 e 21 de outubro (Reprodução)

A oportunidade surgiu durante uma conversa com a curadora de arte da Atlas Violeta Cristina Bernardini, 55. “Ela estava em fase de seleção para essa feira em Paris quando enviei meu portfólio com alguns projetos. Me inscrevi, fui aprovado e contei com a ajuda da minha família e da minha namorada para pagar a taxa de inscrição, que tinha um valor bem alto”, explica.

Cristina comenta que o Carrousel Du Louvre é uma das maiores feiras de arte da Europa. Ela tinha a missão de trazer artistas de países de língua portuguesa para a exposição quando conheceu Victrre. 

“Foi muito fácil selecionar o Victor. Em meio aos trabalhos que recebo, existem muitos artistas que trazem a mesma forma de pensar e com ele foi diferente”, ressalta.

Cristina diz acreditar que o trabalho digital confere ao Victor uma vantagem. “Conseguimos imprimir as obras onde estivermos. Isso facilita muito em relação ao preço e mobilidade”, afirma Cristina.

“Os traços e a forma como ele retrata o público é fantástica. Eu acredito que nos próximos anos todas as pessoas vão saber quem é Victor Seroque”.

ÍCONES PERIFÉRICOS

De acordo com Victrre, a arte escolhida faz parte de uma coleção de peças que remete ao contexto de ícones periféricos, como a pixação. Morador da Vila Dalila, localizada no distrito de Vila Matilde, tem como principal inspiração o ambiente urbano e os ícones ligados a identidade latina. 

Victrre ainda não consegue se manter financeiramente com o trabalho artístico (Arquivo Pessoal)

“O único aparelho cultural do meu bairro é uma escola de samba. Não existem lugares para apresentar o meu trabalho, por exemplo. Consegui expor na Europa, mas não tenho espaços artísticos aqui”, diz o rapaz.

No momento, as obras de Victrre estão em residência artística em um ateliê no centro da cidade, no Galeria SP Hostel, ao lado de produções criadas por outros artistas moradores das periferias. No caso de “Inércia”, o material foi produzido no computador e impresso em Paris para a exposição.

Filho de corretora imobiliária, que atualmente trabalha como auxiliar administrativa, Victrre exerce estágio não-remunerado ao mesmo tempo que cursa a faculdade de licenciatura em artes. “O trabalho artístico ainda é muito pessoal e quase nunca recebo um retorno financeiro”, justifica. 

Apesar de ter o talento reconhecido por uma instituição estrangeira, o jovem, que nunca saiu do Brasil, não estará presente na exposição em Paris. 

“Não tenho condição financeira para viajar até a Europa para ver o meu trabalho exposto, mas acho massa que pelo menos a minha obra esteja chegando em outros lugares”, comenta. “O meu trabalho, literalmente, chegou antes de mim”. 

Larissa Darc é correspondente do Parque do Carmo

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Comunidade em Ermelino Matarazzo vive sem esgoto e água tratada https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/02/comunidade-em-ermelino-matarazzo-vive-sem-esgoto-e-agua-tratada/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/10/02/comunidade-em-ermelino-matarazzo-vive-sem-esgoto-e-agua-tratada/#respond Wed, 02 Oct 2019 21:12:19 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/5-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16830 Thalita Archangelo 

Mãe de dois filhos, Andreia da Silva, 22, tem preocupação quando as crianças vão brincar fora de casa. “Deixo as crianças brincarem por aqui, mas tenho medo de deixar eles muito livres porque podem cair no córrego”, afirma. 

O córrego é o Mongaguá e marca a paisagem de quem passa pela Avenida Paranaguá, em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo. O local abriga uma população que tenta driblar a situação precária diariamente.  

Além de conviverem com o mau cheiro, os moradores ficam expostos à urina de roedores, insetos dos mais variados tipos e problemas de saúde. “Uma criança teve um problema de pele no pé porque andava descalça e por causa da água suja”, relembra Andreia. 

Ela também conta que adotou um gato para afastar os ratos que circulam na região. 

O distrito de Ermelino Matarazzo, que abriga o bairro com mesmo nome e o da Ponte Rasa, possui uma população de 207 mil pessoas. Destes, ao menos 4.400 estão em favelas como a Comunidade do Mongaguá e boa parte vive sem saneamento básico adequado.

Na capital, cerca de 4.000 pessoas foram internadas por doenças ligadas à contaminação da água em 2017 e foram registradas 104 mortes pelo mesmo motivo, segundo o Datasus (Departamento de Informática do SUS). 

Cerca de 448 mil pessoas não têm coleta de esgoto na cidade, de acordo com o SNIS (Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento), de 2017. No Brasil, são 35 milhões de moradores nessa situação, segundo o Instituto Trata Brasil.

As consequências de se viver em um local sem saneamento básico e água tratada podem ser diretamente ligadas às questões de saúde pública. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), para cada dólar investido em água e saneamento, economiza-se 4,3 dólares em saúde global.

Moradores relatam que houve processo de remoção (Thalita Arcangelo/Agência Mural/Folhapress)

REMOÇÕES

Em 2017, a subprefeitura de Ermelino Matarazzo tentou remover as famílias do local. Andreia lembra que o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) foi até a comunidade e pediu para que os moradores fossem para um albergue da região, que fica na rua Guilherme de Oliveira Sá, ou se mudassem para casa de parentes. 

A informação é de que o Comando de Policiamento Ambiental iria derrubar as moradias para a construção de um parque linear. “Eles vieram derrubar, mas ninguém aceitou sair. Aí quebraram só um barraco, que estava vazio há um tempo”.

Depois desse episódio, funcionários do Cras orientaram a população da comunidade, que é ocupada há pelo menos 40 anos, a realizar o cadastro para concorrer a um apartamento do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), em que as mensalidades são a preços acessíveis. 

A subprefeitura de Ermelino Matarazzo foi questionada sobre as questões habitacionais e de saneamento do local, mas até a publicação deste texto não respondeu às solicitações. 

Thalita Archangelo é correspondente de Ermelino Matarazzo

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Após destruir espaço de leitura na zona leste de SP, prefeitura promete reconstruir projeto https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/18/apos-destruir-espaco-de-leitura-na-zona-leste-prefeitura-promete-reconstruir-projeto/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/18/apos-destruir-espaco-de-leitura-na-zona-leste-prefeitura-promete-reconstruir-projeto/#respond Wed, 18 Sep 2019 17:01:14 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/WhatsApp-Image-2019-09-18-at-09.13.54-e1568827650930-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16767 Lucas Veloso

Dois dias depois de destruir um espaço de leitura mantido pelo catador de recicláveis Valdir Carvalho dos Santos, 49, o Jamaica, a Subprefeitura da Penha promete revitalizar o espaço com a participação do morador. 

A gestão agora promete restaurar a iniciativa no mesmo espaço da Vila Silvia, na zona leste da capital.

A promessa foi feita nesta quarta-feira (18), um dia depois de a Agência Mural mostrar a ação de agentes públicos no local. Inicialmente, os funcionários afirmaram que iam fazer a poda de uma árvore em um muro da rua Novo Oriente do Piauí.

Pouco depois, vieram outros funcionários com tratores e Jamaica percebeu que a intenção era levar todos os materiais do projeto: uma geladeira reciclada com livros, uma televisão e mais alguns itens que o catador mantinha ali à disposição dos moradores. 

Tudo foi recolhido e jogado em um caminhão e parte dos objetos foi destruído. 

Na manhã desta quarta-feira (18), o subprefeito da Penha, Thiago Della Volpi, visitou o espaço acompanhado de uma equipe para conversar com Jamaica. Afirmou que a intenção é reconstruir o espaço de leitura. 

“Ele [o prefeito] gravou vídeo e se comprometeu a entregar tudo em outubro, inclusive, marcou a data da inauguração no 24 de outubro, dia do meu aniversário”, comenta Jamaica.

Se antes, as falas eram de decepção, hoje, Jamaica se mostra otimista com a promessa de refazer o espaço. “Eles demonstraram sinceridade nas palavras. Acredito que vão cumprir essa promessa, não sei se no prazo que prometeram mesmo, mas vão fazer algo”, comenta. 

“Eu também queria agradecer a ajuda de todo mundo que se indignou com o que aconteceu. Até o Rincon [Sapiência] e o [cantor] Chico César falaram disso”, destaca.  Rincon gravou o clipe ‘Mete Dança’ no antigo espaço criado por Jamaica. O projeto era mantido há 15 anos no bairro.

O comerciante Ruan Santana Lima, 22, foi um dos moradores que acompanhou o caso. Para ele, o subprefeito desconhecia a importância do catador para a comunidade. “Acredito que ele não sabia de tudo que o Jamaica já fez por nós do bairro. O importante é que foi resolvido. A prefeitura reconheceu o seu erro e vai ajudar nesse ‘novo projeto’”, resume. 

SUBPREFEITURA

“O objetivo [da reunião] foi apresentar a proposta de transformação do espaço para a criação de um ponto de convivência com bancos, mesas, cobertura parcial e mobília para receber livros. A administração regional buscará doações de livros e o investimento já está incluído na programação de serviços”, afirmou em nota a subprefeitura da Penha.

A administração regional confirmou a previsão para 24 de outubro e disse que sobre a postura dos funcionários, vai reorientá-los.

“A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que a ação realizada para desobstrução da via foi necessária devido à ocupação de área pública e diversos focos de doenças denunciados por moradores”, afirma a gestão. “As orientações sempre foram feitas pela subprefeitura e intensificadas nos últimos meses, pois a região da Vila Silvia é um dos principais focos de descarte irregular da jurisdição”.

Lucas Veloso é correspondente de Guaianases

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Moradores antigos do Itaim Paulista são retratados em muro de escola estadual https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/08/30/moradores-antigos-do-itaim-paulista-sao-retratados-em-muro-de-escola-estadual/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/08/30/moradores-antigos-do-itaim-paulista-sao-retratados-em-muro-de-escola-estadual/#respond Fri, 30 Aug 2019 18:11:07 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/1_grafite_itaimpaulista_danielelobato_agenciamural-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16692 Danielle Lobato

Quem passa pelo quarteirão da escola estadual Professor José Bonifácio Andrada e Silva Jardim se depara com um novo mural. Os 250 metros de paredes brancas desgastadas pelo tempo e pichadas deram espaço para o grafite: ao menos 26 rostos de moradores foram desenhados. 

A iniciativa é do diretor Milton Cordeiro Bergstron Júnior, 40. Após a escola passar por furtos e ter torneiras quebradas, o profissional começou a pensar em formas de incentivar a zeladoria do ambiente escolar. Junto com os estudantes e a comunidade planejaram colorir os muros da escola e homenagear moradores do bairro, o Jardim Romano, localizado no Itaim Paulista, zona leste.

“Percebi que o sentimento de pertencimento com o local tinha se perdido. E como morador precisava fazer algo. Depois dessa ação, não aconteceu mais nenhum furto”, afirma Bergstron. 

A responsabilidade das pinceladas nas paredes ficou nas mãos do grafiteiro Fernando César, 33, que assina a arte como Nando. O artista é ex-aluno da José Bonifácio e tem filhos estudando na mesma escola. 

“O Milton me procurou para executar o projeto e na hora eu aceitei, mesmo sem ganhar nem um real com as artes na parede”, ele conta que precisou grafitar nas próprias folgas. O mural demorou cinco meses para ficar pronto.

De acordo com Milton, antes de o projeto dar início, fez orçamento com outros grafiteiros, mas o valor cobrado era de R$ 600 por rosto. Assim, desenhar todos os personagens listados sairia por R$15.600, sem contar o dinheiro para comprar as tintas. 

“Foi valiosa a participação do Nando, pois ele também doou parte das tintas usadas e algumas a gente comprou com o dinheiro destinado à reforma da escola,” diz o diretor. 

A professora Ana Célia de Lima é uma das retratadas no mural (Daniele Lobato / Agência Mural / Folhapress)

Para selecionar os homenageados, Milton e Nando resolveram convidar ex-alunos e moradores mais antigos para a pesquisa de campo. Esta parte do trabalho foi nomeada como “Memorial Histórico da Comunidade”. Quando o artista não tinha uma foto do rosto do morador para ilustrar, buscava na comunidade pelo famoso boca-a-boca. 

O grafiteiro conta que a cada rosto grafitado as pessoas que passavam ficavam curiosas. “Surgiam perguntas e desabafos, muitos falavam do quanto aquela pessoa que eu estava grafitando era valiosa no bairro. Já outros traziam relatos e fotos de figuras importantes para a região”.

A composição do Mural foi dividida em tópicos. No cenário da educação, a equipe escolheu Ana célia de Lima, 69, moradora do bairro há 45 anos. A professora veio de São João dos Patos, cidade do Maranhão, para trabalhar como professora. 

“Quando me mudei ainda não existia o prédio da escola José Bonifácio. Para ter acesso à educação os moradores usavam um galpão de uma antiga fábrica, uma casa de madeira e salas improvisadas em um templo religioso”, lembra Ana. “Mesmo dirigida pela diretoria de ensino da zona leste, as merendas eram doadas e servidas pelas próprias mães dos alunos”, completa. 

Em 1976, as salas improvisadas na região foram reorganizadas na escola Professor José Bonifácio. A construção do prédio teve apoio de alguns moradores que chegaram a doar materiais de construção e ajudar na mão de obra. 

Na hora de retratar a primeira turma de alunos, o Wilson Gomes dos Santos, gerente comercial, 48, foi o selecionado. “Eu fiquei surpreso e muito feliz. A minha melhor lembrança da infância é da escola. Lá, eu aprendi a ter  disciplina”, diz Gomes. 

O grafiteiro Nando retrata o padre Aidan, morador do bairro (Daniele Lobato / Agência Mural / Folhapress)

EM MEMÓRIA 

O projeto “Memorial Histórico da Comunidade” também quis prestigiar os moradores mais antigos já falecidos, mas que deixaram um legado na região.

Sebastião Vicente Vieira (1937-2012), por exemplo, era conhecido pelo seu ponto comercial montado na garagem de casa. Lá ele reunia a vizinhança para tomar alguns refrescos. “Fiquei emocionado com essa homenagem, lembrei do meu pai e da minha infância com os vizinhos aqui na porta de casa”, comenta Marcos Vieira, 44, filho de Sebastião. 

Outro homenageado foi Natanael Bertino da Silva (1937-2018), apelidado por “Senhor Natal”, um dos primeiros moradores do bairro. O Senhor Natal tinha um grupo de forró chamado Campo Verde Nordestino que participava de várias festas na região. Ele também montava cestas básicas para quem não tinha o que comer e levava mulheres para a maternidade. Já na época do natal, arrecadava brinquedos e distribuía em uma caminhonete para as crianças. “Ele merece muito essa homenagem. Era uma pessoa muito bondosa, fiquei muito feliz e emocionada”, compartilha a filha Renilde Bertino, 44.

Para o diretor Milton Cordeiro Bergstron Júnior e o grafiteiro Nando, a cada pesquisa  da história do bairro surgia mais lições de força da comunidade. “Cada morador tem uma história de vida diferente, porém todos contribuíram para construir um bairro melhor”, diz o diretor do colégio. “Foi a primeira vez que o muro da escola recebeu uma pintura temática. Agora, serve como ponto para selfie, decoração e motivação” completa.

Danielle Lobato é correspondente do Itaim Paulista

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Moradores de SP fazem ações para doar agasalhos: saiba como contribuir https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/07/24/moradores-fazem-acoes-para-doar-agasalhos-saiba-como-contribuir/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/07/24/moradores-fazem-acoes-para-doar-agasalhos-saiba-como-contribuir/#respond Wed, 24 Jul 2019 20:25:08 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/WhatsApp-Image-2019-07-17-at-21.08.09-e1563997953900-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16520 Carolina Franca

No Jardim Helena, bairro do extremo leste de São Paulo, Fátima Regina da Silva, 58, coordena o Projeto Ide. Após participar de uma ação social no centro da cidade, a dona de casa resolveu arrecadar e doar alimentos e roupas para atender pessoas sem moradia na região onde mora.

“Naquele dia começou o desejo de ajudar. São pessoas boas que estão nas ruas. Muitos acham que quem está nessa situação é drogado”, contou a dona de casa.

A ação de Fátima não é incomum entre moradores das periferias de São Paulo e da região metropolitana. Há vários grupos de moradores que atuam em campanhas para arrecadar agasalhos e costumam ajudar no período mais complicado do inverno (Veja lista abaixo). 

Fátima conta com a ajuda de 15 frequentadores da igreja Assembleia de Deus – Ministério Hosana, responsável pelo Projeto Ide.

Todas as sextas-feiras, eles percorrem os bairros do Jardim Helena, Vila Mara, São Miguel e Itaim Paulista até conseguir distribuir tudo o que a entidade conseguiu arrecadar durante a semana.

Agasalhos recolhidos no projeto Ide (Divulgação)

Ela diz acreditar que é preciso fazer algo também para lidar com a parte emocional dos moradores. “A gente procura levar esperança e afeto também. A maioria está ali esperando um abraço, uma palavra amiga”, afirma Fátima.

Em 2019, as temperaturas chegaram a um nível mais baixo do que nos últimos três anos na capital. No primeiro domingo de julho, às 9h, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) registrou 6,5ºC, a menor temperatura do ano até então. A medição foi feita no Mirante de Santana, na zona norte, onde é registrada a temperatura oficial da cidade. Nos últimos anos, a temperatura média foi de 11ºC.

Neste ano, ao menos três mortes foram registradas em decorrência das baixas temperaturas. 

Nos dias abaixo de 13ºC, a prefeitura de São Paulo coloca em vigor a Operação Baixas Temperaturas. Na ação, a secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social se mobiliza para atender e encaminhar moradores de rua para os abrigos. O telefone 156 também pode ser acionado para pedir o serviço em caso de emergência.

No entanto, não há vaga para todos. Segundo estimativa da prefeitura, a cidade tem mais de 20 mil pessoas desabrigadas. Há pouco mais de 18 mil vagas de acolhimento. 

Confira algumas iniciativas de moradores nos bairros de São Paulo e em cidades da Grande São Paulo:

ZONA LESTE

Projeto Ide
Para colaborar com doações basta ir a Assembleia de Deus – Ministério Hosana, localizada na rua Ascenso Fernandes, 1008 – Parque Paulistano. 
Telefone: (11) 96657-9604. 

Anjos da Noite
Endereço: R. José Teixeira da Silva, 15 – Parque Paineiras
Telefone: (11) 98160-8407

Projesp
Endereço: Tr. Guilherme de Aguiar, 187 – São Miguel Paulista
Telefone: (11) 2956-5570 | 2956-1182

ZONA NORTE

Pax
Endereço: Avenida Braz Leme, 1373 – Santana
Telefone: (11) 2236-2726 | 2236-0244

ZONA SUL

Casa do Zezinho
Endereço: Rua Anália Dolácio Albino, 77 – Parque Maria Helena
Telefone: (11) 5818-0878

ZONA OESTE

Paróquia Nossa Senhora Aparecida
Endereço: Rua Félix Della Rosa, 524 – Vila Anglo Brasileira
Telefone: (11) 3865-4047

CENTRO

Casa do Povo
Endereço: Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro
Telefone: (11) 3227-4015

GRANDE SÃO PAULO

Amor + Ação = Doação
Taboão da Serra
Telefone: (11) 95323-2703

Pequeno Cotolengo Paulista
Endereço: Rodovia Raposo Tavares, Km 25,5 – Vila Santo Antônio, Cotia
Telefone: (11) 4612-9629

ASSA – Assistência Social Santo Antônio
Endereço: R. Santo Antônio, 406 – Vila Santo Antônio, Cotia
Telefone: (11) 4702-2580

Carolina Franca é correspondente de Itaquera
carolinafranca@agenciamural.org.br

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Líder comunitário em Itaquera, Rodrigo Reis morre em acidente https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/07/01/lider-comunitario-em-itaquera-rodrigo-reis-morre-em-acidente/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/07/01/lider-comunitario-em-itaquera-rodrigo-reis-morre-em-acidente/#respond Mon, 01 Jul 2019 20:21:19 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/1897704_405940282874898_1731841512_n-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16424 Eduardo Silva

O presidente da Associação de Moradores do Jardim Helian, Rodrigo Martins dos Reis, 35, morreu na noite deste domingo (30), após sofrer um acidente de moto na avenida Jacu Pêssego, na zona leste de São Paulo.

Reis era uma das lideranças populares mais importantes de Itaquera e foi responsável por diversas lutas por melhorias no Jardim Helian. Entre elas, atuou pela implantação de uma nova UBS (Unidade Básica de Saúde) e pela entrega de uma torre de transmissão de celular no bairro. 

Ele também buscou parcerias com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e com o Sesc para promover cursos aos moradores da comunidade.

No domingo, o líder comunitário participou de uma caminhada promovida pelo Sesc Itaquera. “Ontem ele falava dos planos, dos acontecimentos bons, da necessidade de luta para as melhorias. Mas a vida é um sopro. Vamos do luto à luta como ele sempre desejou e cobrou”, publicou a página da associação nesta segunda.

Morador tinha 35 anos e deixa esposa e dois filhos (Acervo Pessoal)

Em 2012, a Agência Mural conversou com Reis sobre a luta por vagas em creches e iluminação pública no bairro. Na época, os moradores da região buscavam soluções para conseguir acesso à educação perto de casa.

Grupos que atuam na região publicaram textos lamentando a morte do ativista. Um deles foi o Coletivo Baobá de Cursinho Popular. 

“Quando fizemos juntos o documentário ‘Jardim das Memórias [de 2016], Rodrigo lembrou emocionado da sua história, de brincar na beira do rio quando criança enquanto a vila crescia e também da sua trajetória como lutador popular, fazendo da sua quebrada e de Itaquera um palco incendiário em junho de 2013”, afirmou o coletivo.

Em 2018, o trabalho de Reis e da Associação de Moradores do Jardim Helian fez com que o bairro recebesse um convite da ONU (Organização das Nações Unidas) para ser pioneiro no projeto “Implementando a Abordagem de Vizinhança em São Paulo”, idealizado pelo Programa Cidades Sustentáveis e a Unifesp.

A proposta era transformar o Jardim Helian no primeiro bairro sustentável de São Paulo.

“Nós estamos fazendo os estudos para trazer melhorias para o bairro [como obras no córrego e entrega de um ecoponto] e nos organizando para que isso aconteça. Estamos no caminho certo”, disse Rodrigo Reis ao 32xSP, site produzido pela Agência Mural em parceria com a Rede Nossa SP.

Casado e pai de dois filhos, Reis era formado em assistência social e atuava como assessor parlamentar de deputados do PT. 

O velório será nesta segunda-feira (1º), a partir das 17h na sede da Associação de Moradores do Jardim Helian (rua Edmundo Abreu, 170). O enterro será na terça-feira (02), às 10h, no Cemitério Municipal de Itaquera (rua Serra de São Domingos, 1597).

Eduardo Silva é correspondente de São Miguel Paulista
eduardosilva@agenciamural.org.br

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Grafiteiros da zona leste de SP apostam no ‘Beco do Hulk’ como ponto turístico https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/06/26/grafiteiros-da-zona-leste-de-sp-apostam-no-beco-do-hulk-como-ponto-turistico/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/06/26/grafiteiros-da-zona-leste-de-sp-apostam-no-beco-do-hulk-como-ponto-turistico/#respond Wed, 26 Jun 2019 14:59:30 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/Beco-do-Hulk-Ermelino-Matarazzo-2-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16404 Eduardo Silva

Desde maio, quem passa pela Viela Gildo Lao, em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, se sente dentro do Universo Cinematográfico Marvel.

Batizado de Beco do Hulk, o espaço possui grafites de personagens como Homem-Aranha, Capitão América, Pantera Negra e O Incrível Hulk, desenhados em um muro de cerca de 200 metros de comprimento.

Os desenhos foram feitos por grafiteiros da zona leste da capital, a pedido da comissão de Festejos de São Miguel Paulista, responsável pelas tintas fornecidas e por conseguir a autorização da Prefeitura.

“Como o filme ‘Vingadores – Ultimato’ estava em evidência, nós fomos procurados para fazer o beco com a temática dos super-heróis”, conta o produtor cultural André França, 39, fundador do CCCU (Coletivo Cultural Cenário Urbano), formado por 11 grafiteiros da zona leste e de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. 

Ao todo, a produção levou duas semanas e contou com o trabalho de quatro membros do coletivo e outros três artistas de Ermelino Matarazzo. Inaugurado durante a 60ª festa de 1º de maio do bairro, também foi entregue uma homenagem ao ex-piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, na lateral do beco, próximo ao ponto de ônibus da avenida Milene Elias.

Os grafites foram feitos por sete artistas da zona leste da capital: Age, André, Davs, Golias, Rv, Hebert e Nolasco (Eduardo Silva/Agência Mural/Folhapress)

Quanto à semelhança com o Beco do Batman, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, o grafiteiro Waldir Grisolia, 37, considera que este é um trabalho que retrata a realidade da periferia.

“Eu considero uma ‘extensão’ do Beco do Batman. Se uma pessoa daqui não tem condições de ir até a zona oeste visitar o beco, ela pode usufruir de um espaço turístico semelhante aqui na zona leste”, diz o artista, responsável pelas pinturas do supervilão Thanos, Stan Lee (criador dos personagens da Marvel) e o Hulk, na entrada do beco.

O próximo passo, segundo França, é a captação de recursos financeiros para terminar o outro lado do beco e transformá-lo num espaço de lazer e cultura na região. “Quero deixar os dois lados grafitados com personagens e transformar a via numa galeria a céu aberto para cada vez mais pessoas virem aqui aproveitar o espaço”, finaliza o grafiteiro.

O local, aos poucos, está se popularizando na região. O porteiro Júlio Ferreira, 61, trabalha ao lado do Beco do Hulk e diz ter percebido o aumento no movimento de pessoas passando pela via. “Tem gente de todas as idades vindo aqui tirar fotos”, comenta. “A estética ficou mais bonita. Deu outra vida para o local”.

A viela é uma passagem para avenida Milene Elias; velocidade máxima no local é de 20 km/h (Eduardo Silva/Agência Mural/Folhapress)

SINALIZAÇÃO

Apesar da ideia de se tornar uma exposição a céu aberto, o Beco do Hulk ainda enfrenta alguns desafios. No Beco do Batman, desde 2016, o tráfego de carros é proibido para dar mais seguranças aos visitantes. Na zona leste, por enquanto, a situação é diferente.  

A Viela Gildo Lao liga a rua Fioravante Lopes Garcia à avenida Milene Elias. Mesmo sinalizada com uma lombada e velocidade máxima de 20 km/h, é grande o número de carros que passam por lá. A região também possui comércios nas proximidades, o que aumenta o fluxo de pessoas e veículos.

De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), não há registro, no banco de dados da empresa, sobre a restrição de circulação de veículos na viela.

Ponto de ônibus na avenida Milene Elias, ao lado do Beco do Hulk. Local tem homenagem ao piloto Ayrton Senna (Eduardo Silva/Agência Mural/Folhapress)

“É uma via estreita, de aproximadamente 4 metros de largura, sentido único de direção, que não possui acesso aos lotes lindeiros. Até o momento não há pedidos de moradores ou de motoristas para alterar a situação atual”, informa a companhia em nota.

COMO CHEGAR?

O Beco do Hulk fica a 15 minutos da estação Comendador Ermelino, da linha 12-safira da CPTM, e as ruas próximas são atendidas por linhas de ônibus para quem vem das estações Tatuapé, Vila Matilde ou Guilhermina-Esperança da linha 3-Vermelha do Metrô.

Também está próximo à Ocupação Cultural Ermelino Matarazzo, na avenida Paranaguá.

Eduardo Silva é correspondente de São Miguel Paulista
eduardosilva@agenciamural.org.br

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