Mesmo sem corte ‘oficial’, moradores relatam falta d’água no Anhanguera
Para a população do distrito Anhanguera, zona noroeste de São Paulo, abrir a torneira e não se deparar com uma gota d’água tem sido, há meses, situação corriqueira. Se pela manhã o abastecimento está normalizado, no período da tarde já é certo que será interrompido e seguirá assim até a madrugada.
Porém, segundo informações divulgadas pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Anhanguera é a única região da capital paulista em que há não redução na pressão das tubulações.
A informação vem tanto por telefone quanto pelo site (na ferramenta para consulta de horários com restrições por conta da crise hídrica).
Se de um lado, a Sabesp diz não haver redução, do outro moradores relatam que a realidade é diferente. Diariamente, por volta das 12h, o volume de água das torneiras cai bastante e, não demora muito, acaba por completo, voltando ao normal somente pela madrugada, por volta das 5h.
Por vezes a situação fica ainda pior. “Há duas semanas ficamos mais de 24 horas sem água. Nesse período, contamos com a reserva da caixa d’águá aqui em casa, mas isso só aconteceu porque economizamos bastante”, afirma a psicopedagoga Sarah Cazella, 32.
Priscila Cassimiro,33, compartilha que, do ano passado para cá, sua família tem mudado os hábitos. “Hoje reutilizamos a água da máquina de lavar e lavamos a roupa de todos de uma só vez, já que são quatro famílias morando no mesmo quintal”.
Ela ressalta que o mais complicado é o cuidado com as crianças. “Temos três crianças em casa. A mais nova é um bebê de 54 dias que, por conta de alergia devido ao calor, precisa tomar mais de um banho por dia. Temos colocado pouca água na banheira e guardamos o resto para descarga. Assim economizamos um pouco”, relata.
Desde novembro de 2014, o problema passou a afetar as escolas da região. Segundo a empregada doméstica Solange dos Santos, 49, moradora do bairro há 10 anos, a filha adolescente, de 16 anos, foi dispensada algumas vezes mais cedo da escola estadual onde estuda devido a transtornos gerados pela escassez do recurso, o que afetou a limpeza.
“A condição da escola estava muito ruim nos últimos meses de aula. Os banheiros ficavam imundos, não dava para usar. Por essas razões, eles liberavam os alunos mais cedo”, conta.
Contudo, esses contratempos são velhos conhecidos dos moradores do Distrito Anhanguera. Não é de hoje que os habitantes lutam por esse direito de abastecimento. Em 2003, a população do entorno bloqueou as pistas da Rodovia Anhanguera em protesto contra a falta d’água na região.
Thaís Santana, 24, é correspondente de Anhanguera
@thastn
thaissantana.mural@gmail.com
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Ahh, é? que belo modelo de gestão. Enquanto isso, bilhões e bilhões são mandados em lucros para os acionistas de Nueva York, ou não é assim. Tucanos, Fdps.