Prefeitos da Grande SP têm parentes no comando das câmaras municipais
Eleito no ano passado, o prefeito de Poá, Gian Lopes (PR), tem dois irmãos em postos chave na política da cidade. Um foi uma escolha pessoal do gestor. Ele indicou Wilson Lopes para comandar a secretaria de Transportes. O outro é mais curioso. Apesar da independência entre os poderes, o presidente da Câmara dos Vereadores é Welson Lopes (PROS), seu irmão mais velho.
O dado mostra mais uma característica da nomeação de familiares dos prefeitos na Grande São Paulo. O fato de que em alguns casos a influência chega ao Legislativo, responsável por fiscalizar a prefeitura e abrir processos, com o poder de afastar o prefeito.
Além disso, o presidente da Câmara é o primeiro na linha de sucessão, após o vice-prefeito. Ou seja, o irmão assumiria no caso de algum impedimento. A participação, contudo, não é ilegal, pois a eleição é feita pelos vereadores. Procuradas, a câmara e a prefeitura de Poá não se pronunciaram.
Levantamento da Agência Mural aponta que em ao menos 14 prefeituras da Grande São Paulo pai, mãe, filhos, irmãos, maridos e esposas foram indicados para secretarias municipais.
Em Diadema, o comando do Legislativo é de Mauro Michels (PSB), primo do prefeito Lauro Michels (PV). O vereador foi secretário de Educação na gestão passada e nega que a familiaridade comprometa a independência.
“Não afeta em nada a independência entre os poderes Legislativo e Executivo. O presidente é apenas 1 de um total de 21 vereadores e, portanto, não tem poder sozinho de definir pautas de votação ou retirar ou colocar projetos seja do Executivo ou mesmo dos demais vereadores. As decisões na Câmara são sempre tomadas pelo colegiado de vereadores”, afirmou em nota.
Mauro também diz que não houve uma campanha explicita do prefeito para a indicação, apesar de, evidentemente, ter sido favorável a escolha de um membro da base aliada.
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SEIS IRMÃOS
Os familiares mais escolhidos pelos prefeitos da Grande São Paulo foram os irmãos. Ao menos seis foram indicados pelos mandatários ou vices para atuar no comando de pastas.
Na cidade de Barueri, o prefeito Rubens Furlan (PSDB) iniciou seu quinto mandato como prefeito em 2017. O tucano repetiu a nomeação de seu irmão, Celso Furlan, para comandar a pasta da Educação, segundo maior orçamento da cidade.
Em fevereiro, ele completou as nomeações familiares com a chegada de Toninho Furlan (PSDB), reeleito para a câmara municipal e que se licenciou do cargo de vereador para a assumir a pasta de Suprimentos.
Entre 2007 e 2010, os baruerienses viveram situação semelhante à Poá, com quatro anos de Toninho como presidente da câmara enquanto seu irmão governava o município.
Questionada, a prefeitura afirmou que as nomeações são legais, por terem natureza política. “As nomeações obedeceram à capacidade técnica de cada um. Celso Furlan tem vasto currículo no ensino público. Atuou como professor na rede pública e já foi o gestor da Educação em Barueri em outras oportunidades quando implantou importantes projetos”, disse em nota.
“Antonio Furlan Filho traz a experiência de quatro mandatos no Legislativo da cidade. Foi sob sua presidência que a Câmara de Barueri foi certificada com a ISO 14001:2000 – Norma de Responsabilidade Ambiental. Esse know-how em compras públicas sustentáveis vai ao encontro das atribuições da pasta de Suprimentos”, alegou.
Em Francisco Morato, Renata Sene (PRB) tem o irmão Fabio Sene na pasta da Cultura, e negou que a indicação foi apenas por conta do caráter familiar. “Fábio possui ampla experiência de trabalho na área cultural, tanto na iniciativa privada como no setor público”, rebateu.
Mesmo tom usado por Kiko Celeguim, único prefeito do PT eleito no ano passado na região metropolitana. Ele tem Marcus Brandino na pasta de Relações Institucionais.
“Marcus é jornalista e atua na área de comunicação estratégica, tendo sido executivo de agência de comunicação, com experiência em campanhas políticas, gestão de imagem e consultoria em comunicação no Brasil e no exterior”, comentou.
Fecha a lista o irmão do vice-prefeito de Cotia Almir Rodrigues (PSDB). Ademir Rodrigues atua na pasta de Trabalho e Emprego e chegou a ser secretário de Saúde no começo do ano, um dos maiores orçamentos do município. A prefeitura não respondeu.
Paulo Talarico e Beatriz Sanz
Correspondentes de Osasco e de Diadema
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Prima 2 coordenadora de saúde
precisa mais porcaria num só lugar?
Eis o resultado da falta de consciência de cidadania do eleitorado. “Não devemos abandonar aqueles que elegemos. Se não serão comidos pelos lobos ou se transformam nos próprios lobos”.