Com interdições, religiosos realizam ato contra intolerância em Itaquera

Agência Mural

O dia mundial da água, 22 de março, foi de chuva intensa na zona leste de São Paulo por quase todo o dia, mas as águas do céu não desmotivaram cerca de 150 pessoas a caminhar pelas ruas de Itaquera neste domingo para participar de um ato contra a intolerância religiosa, que saiu do terreiro Ilê Asè Maroketú Ogun e Osósse em direção à paróquia Nossa Senhora do Carmo.

O segundo ato, que teve sua primeira edição ano passado, foi organizado pelas lideranças do terreiro e da igreja católica com o apoio da Rede Ecumênica de Juventude, Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, Mutirão – Espiritismo e Direitos Humanos, Shil do Tatuapé e Levante Popular da Juventude.

Os participantes se vestiram de branco e, aqueles que eram frequentadores do terreiro, seus trajes específicos: as mulheres de saia e turbante, os homens com suas contas e búzios. Um estandarte com a imagem de um pai de santo e uma imagem de São Jorge também faziam parte da procissão.

Durante o percurso, o grupo foi parado por guardas da Polícia Militar, que tentaram evitar que eles passassem por uma das vias no centro do bairro. Os organizadores criticaram a postura dos policiais, acusando-os de preconceito. Após negociação, eles foram liberados, mas não puderam passar pelo caminho planejado.

“O que passamos aqui vem de muitos anos, nós sofremos muitas represálias. Temos que por nossa cara a mostra para ter força, sair do esconderijo e dizer que somos do candomblé”, relatou a mãe de santo Juju ty Òsún, já durante a cerimônia inter-religiosa, dentro da paróquia Nossa Senhora do Carmo.

A técnica em enfermagem Santina Natividade, 47, frequenta a igreja, mas não sabia do ato quando chegou para a missa. “Fiquei surpresa, mas o padre sempre abre as portas para esses movimentos. É muito bom para acabar com os preconceitos”.

Durante o ritual, todos os líderes das religiões presentes – catolicismo, judaísmo, candomblé, espiritismo – foram convidados a abençoar todos os participantes com água, a grande homenageada do dia. No encerramento, todos dançaram com os batuques dos tambores do terreiro.

O judeu, Aharon Ya’acov, 37, autônomo e morador de Cidade Tiradentes, gostou muito de participar do encontro. “Vamos trazer mais gente no ano que vem”.

Lívia Lima, 28, é correspondente de Artur Alvim
livia.mural@gmail.com
@livialimasilva

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