Fotografia muda olhar de moradores da zona norte sobre região
Crianças brincando, famílias, lixo nas ruas, grafite e desfile de bloco carnavalesco. Essas e outras cenas inusitadas compõem a exposição “Olhares Sobre a Vila Nova Cachoeirinha”, em cartaz na Fábrica de Cultura da Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo.
No ano passado, os moradores da região participaram de um curso de fotografia gratuito no local, que foi promovido em parceria com a Fundação Stickel. Entre aulas teóricas e práticas, registraram cenas observadas em seus bairros, atentos a detalhes que antes não eram percebidos.
Com um sorriso contagiante, Waldir Britto Dicar,59, músico e administrador de empresas, afirma que as emoções vão além dos cliques. “Fotografo situações e coisas que despertam sentimentos profundos e não pela beleza comum”, diz, ao mostrar imagens das sobrinhas brincando, da mãe de 93 anos sentada, e do desfile do bloco carnavalesco Leões da Cachoeirinha.
Já a artesã Patrícia Rodrigues, 36, que costuma filmar eventos, sentiu que precisava ampliar sua visão de mundo. “Passei a ver o lado dos moradores de rua. No dia a dia é muito corrido e a gente não vê.”
Segundo ela, participar do curso ajudou a ampliar o seu olhar para coisas que não dava importância antes, como bitucas de cigarro, calçadas intransitáveis, lixo acumulado em espaços públicos e falta de saneamento básico. Entre os seus cliques, está uma cadeira de madeira colocada na calçada com cimento fresco e uma mulher caminhando pelo cemitério.
A professora Dalva Maria Silva Batista, 53, tem a fotografia como hobby e passou a observar o crescimento da região. “O bairro vem crescendo e mudando muito para a juventude.” Porém, ela diz que algumas coisas também chamaram a sua atenção, como o lixo na rua e a quantidade de grades nas casas.
Para Dalva, o curso também serviu para romper com estereótipos. A professora afirma que antes se preocupava em ser roubada ao tirar fotos em espaços públicos, mas agora tem uma outra visão e se sente mais segura ao andar pelas ruas. Ela registrou algumas cenas cotidianas como a senhora que vive de costura e os moradores buscando água em nascentes para driblar a seca.
A exposição fica em cartaz até 29/5, das 9h às 20h. A Fábrica de Cultura da Cachoeirinha fica na rua Franklin do Amaral, 1575. A entrada é grátis.
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Kelly Mantovani, 21, é correspondente da Vila Nova Cachoeirinha
kellymantovani.mural@gmail.com
@mantovanikelly_
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