Coletivos debatem filme produzido em São Miguel Paulista
Produzido no Parque Paulistano, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, o filme ‘Um Salve Doutor’ terá roda de conversa nesta quarta-feira (29) sobre a produção audiovisual na periferia.
O longa-metragem escrito pelo ator Andrio Candido, 28, morador da região, foi produzido e dirigido por Rodrigo Sousa e Sousa e pela produtora e atriz Luisa Valente. Além deles, também participará a ativista social Mariana Miguel Avelino.
A história trata de um garoto morador do bairro chamado KPG, que se sente injustiçado por sua vida e pelo fato de sua mãe ter tido um relacionamento mal sucedido. Ele se questiona: a culpa é do outro, dele ou do meio em que está inserido?
“A ideia veio daqui, afinal sou daqui e o objetivo era mostrar que somos tão capazes, se não melhores, do que a indústria do audiovisual vigente e mostrar que é fundamental rever as regras desse jogo para incluir a cultura periférica nesse cenário”, conta Andrio.
O filme mobilizou a comunidade para a produção cinematográfica. Cerca de 150 moradores participaram voluntariamente como atores, figurantes e ajudantes na produção do longa. “Dialogamos com todos e quando souberam que poderiam participar se empolgaram mais ainda”, ressalta.
As gravações foram feitas em dois anos com um orçamento de R$ 80 mil, boa parte bancados pelo projeto de Valorização Cultural (VAI) da prefeitura de São Paulo. Também houve participação de coletivos de audiovisual, de roupas, grafite, além da locação de gruas e equipamentos auxiliares.
“Nossa quebrada vem se organizando para produzir bons resultados, seja na música, grafite ou no cinema. Por isso chegamos com o ‘Arte Cultura na Kebrada’ pra somar nesse projeto”, relata Dj Elvis,41, que também cedeu seu espaço como locação. “Cada um com seu modo de contribuição, esse movimento audiovisual está crescendo”, completa.
No longa, as vidas de Kopolla, Aline, Auri e Luanda se entrelaçam na trajetória de KPG, que volta ao bairro após três anos de internação na Fundação Casa.
Andrio diz que a história surgiu após ter tido uma experiência de dois anos como arte-educador na Fundação. “Tinha colhido bastante material durante o tempo em que trabalhei lá. Era um laboratório sem saber. Todos eles são KPG’s, jovens, negros, pobres, que não sabem quem são seus pais e que são consequências da nossa história e da nossa política”, conta.
A primeira exibição foi realizada em novembro de 2014. O evento será na Biblioteca Mário de Andrade, na rua da Consolação próximo ao Metrô Anhangabaú, às 19h. Veja o trailer aqui
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