Biblioteca comunitária de Paraisópolis faz ‘vaquinha’ para evitar fechamento

Agência Mural

Uma blusinha está sobre o livro “50 Tons de Cinza”. Em cima de um “Diário de um Banana“, algumas saias. Logo abaixo da saga “Harry Potter”sapatos de diferentes modelos e tamanhos.

Em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, na zona sul, os 12 mil livros disponíveis na biblioteca Becei passaram a dividir espaço com roupas e acessórios.

Depois de perder o convênio com uma empresa belga, que garantia grande parte da sustentabilidade financeira do local, Alexandre Cabral, 34, fundador do espaço, passou a realizar brechós e, inclusive, uma “vaquinha” virtual, para não fechar as portas.

Prestes a completar duas décadas de existência, em setembro, a primeira biblioteca comunitária montada em uma favela no Brasil, segundo Cabral, anda mal das pernas. A internet e o telefone foram cortados. Um dos computadores, que garantia conexão à rede para os visitantes, foi colocado à venda.

No último sábado (11), foi realizado o primeiro brechó. Bem sucedido, a segunda edição, ainda sem data marcada, já está garantida. Do total arrecadado, 10% será destinado à vaquinha virtual, que busca angariar R$ 17 mil, até o dia 8 de agosto.

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Biblioteca comunitária existe há quase 20 anos em Paraisópolis (Foto: Divulgação)

“Não podemos deixar que a biblioteca seja fechada. Primeiro, por ser um espaço dedicado à reflexão no centro de uma das favelas mais populosas do país. Segundo, porque ela é importante para abrandar os estigmas cultivados pelas classes mais abastadas de que os bairros mais vulneráveis são exclusivamente reduto da marginalidade”, conta Cabral, que é graduado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero.

Aos 15 anos de idade, e com apenas 15 livros nas mãos, o pernambucano radicado em São Paulo deu vida ao local, que funciona de domingo a domingo.

“Esse sufoco acontece de tempos em tempos. Os patrocinadores e apoiadores vão se tornando mais escassos. As contas vão sendo postergadas, assim como o conserto das infiltrações nas paredes. Como a ajuda passa a ser esporádica, o futuro da biblioteca acaba sendo incerto”, lamenta.

Se de um lado o presente parece tempestuoso e o futuro uma incógnita, a história de Cabral e da biblioteca Becei vem sendo marcada pela conquista de prêmios. Em 2005 e 2008, venceu o prêmio Empreendedor Social, concedido por uma entidade localizada no Morumbi; e em 2006, recebeu Medalha de Honra ao Mérito do Livro, do Ministério da Cultura.

“Pagar as contas é fundamental, afinal, nos permite pensar em como fazer mais e melhor. Mas investir no sonho de uma vida diferente para os moradores é o que faz a biblioteca existir. Temos o orgulho de ter recebido mais de um milhão de visitas ao longo desses anos”, sentencia Cabral.

Confira a página da biblioteca Becei. Interessados em contribuir com a vaquinha, cliquem aqui.

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Vagner de Alencar, 28, é correspondente de Paraisópolis
@vagnerdealencar
vagnerdealencar.mural@gmail.com

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Comentários

  1. Por que apenas 10% vão para a ‘vaquinha’? Esse brechó não foi feito para sustentar a biblioteca? E o resto do que é arrecadado?

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