Bairro da final do Paulistão ainda espera fim das enchentes em Osasco
“Ao ouvir sua cidade sendo falada na televisão, e falando bem, você fica meio orgulhoso”, afirma o motorista Lucas Tiago Cabral, 25, sobre a ascensão do time de sua cidade – o Osasco Audax.
Já o gerente Leonardo Alberto de Oliveira, 32, diz ter o sentimento dividido com outro tipo de atenção que seu bairro já recebe há anos. “Qualquer chuva que dá, a Record já vem para cá.”
Os dois moram no Rochdale, em Osasco, na Grande São Paulo, região que ficou em evidência neste domingo (1º), quando Osasco Audax e Santos disputaram a primeira partida da final do Paulistão e empataram por 1 a 1. Para além da festa ao redor do palco da decisão, no estádio Prefeito José Liberatti, ambos ainda sonham com o fim do principal problema local – as enchentes.
Oliveira é morador da rua Águas da Prata, perto do estádio e onde todo início de ano ocorrem alagamentos, por conta do córrego na Avenida Ônix. Ele sempre morou na zona norte de Osasco e está há cinco anos no Rochdale.
“Não teve melhoras, continua do mesmo jeito. Causa transtornos, porque não tem para onde correr. O governo poderia investir nessa parte, não ficar pintando muros”, afirmou, mas com a torcida pelo time que jogará a segunda partida no domingo (8) na Vila Belmiro. “Vamos torcer, porque aí no futuro fica um time famoso e, quem sabe, o Rochdale não começa a ficar um pouco melhor”.
Há aspectos positivos. Cabral afirma gostar da região pelo comércio e diz fazer tudo na região sem precisar ir ao centro da cidade. “O bairro se desenvolveu bastante. Deu uma melhora na questão de mobilidade, com faixa de pedestres, colocaram faróis, mas o problema é que as enchentes continuam”.
Em contraponto as reclamações, a prefeitura tem divulgado placas pelo bairro e alega fazer obras de canalização e reurbanização. Em uma delas, promete “o fim das enchentes” com um investimento de R$ 80 milhões do Governo Federal, onde haverá a canalização do Braço Morto do rio Tietê.
Também afirma que será construído um coletor tronco, uma tubulação ao lado do córrego, para fazer a coleta e afastamento dos esgotos e direcioná-los à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Sabesp. Além disso, há previsão de abertura de duas novas avenidas e a entrega de apartamentos para 1,5 mil famílias.
“Agora quando vai terminar esse projeto, a gente não sabe. Talvez atravesse umas dez eleições”, critica o comerciante Alessandro Mendonça, 37. “Não precisa nem chover muito porque a água que vem no Jaraguá, em São Paulo, choveu lá, alaga aqui”.
A descrença ocorre também pelos trabalhos que já foram realizados no bairro como um piscinão construído em 2007, e que será desativado após a falta de limpeza.
De todo modo, ter um time de Osasco na decisão do Campeonato animou os moradores. A esperança é que a mudança também ajude a ampliar os espaços esportivos do bairro. “Não adianta a criança ver e não ter onde jogar”, comenta o motorista Cleiton Bastos de Santana, 25.
Os moradores citaram que há apenas um campo de futebol no Rochdale, utilizado pelo time de várzea Estrela. “Não é só incentivar para ser um jogador, é educação”, reforça Santana que inscreveu o filho em uma escolinha particular.
Paulo Talarico, 26, é correspondente de Osasco
@PauloTalarico
paulotalarico.mural@gmail.com
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