Ocupação dos Saraus em Guaianases propaga literatura periférica
“Meus escritos falam da história de uma menina violentada por um casal na infância, de como eu superei tudo isso e [de que forma] posso ajudar muitas mulheres a botar isso pra fora também”.
Essa é a forma como a autônoma Gabriela Souza Vieira, 28, fala de suas poesias e da sua participação há um ano em saraus na zona leste da cidade.
No último sábado (14), vendendo lanches naturais, ela levou sua história de superação para a Ocupação de Saraus, evento que reuniu 10 grupos artísticos, com contação de histórias e apresentações de rap e jongo, na frente no Mercadão de Guaianases.
Organizado pelo Tenda Literária (projeto que busca transformar praças públicas em espaços culturais de produção e a disseminação da Literatura Periférica), o evento encerrou o ciclo de atividades que ocorrem desde 2014, quando o coletivo foi contemplado pelo VAI II – Programa de Valorização de Iniciativas Culturais da Prefeitura de São Paulo.
“A intenção é justamente reforçar a união dos vários saraus que existem na cidade. Queremos promover o contato das pessoas com essa literatura periférica e mostrar quanta beleza, arte e cultura vêm sendo promovidas na cidade por todos esses grupos”, explica a professora de Língua Portuguesa e Literatura Camila Freitas, 35, integrante do Tenda.
Quando o grupo literário iniciou suas atividades, em 2009, também em Guaianases, pouco ouvia-se falar sobre o movimento de saraus na zona leste. Foi quando diferentes coletivos começaram a se juntar para realizar encontros na Tenda Literária.
“Tudo isso tem um grande significado. A galera dos grupos artísticos foi começando a se juntar pra ocupar a tenda e, ao longo desses anos, a gente viu a cidade ser ocupada por essa literatura”, conta Camila.
Para Mariane dos Santos, 24, integrante do Poetas Ambulantes, um dos coletivos convidados, o mais importante é a aproximação com os moradores.
“Sempre marcamos presença em eventos como este, pois é fundamental o contato. Perceber que quem está de passagem e não tem proximidade com a poesia, pode parar, olhar um pouquinho e interagir com os grupos”.
Expo Mural
Também durante o evento, ocorreu a quarta Expo Mural, com a presença de correspondentes do blog apresentando matérias publicadas sobre o bairro de Guaianases e toda a zona leste, produzidos por Lucas Veloso, Lívia Lima e Vander Ramos.
Para os moradores que visitaram o espaço, a região carece de mais cobertura das ações culturais. “Tem que mostrar as qualidades, porque quando vão falar daqui, parece que só tem crime”, aponta Ivan Leandro, 41, agente de zoonoses e que atua junto a vários coletivos na região.
A estudante Nayara Cristina, 19, apontou a importância de se discutir a violência contra a mulher, tema abordado pelo blog. “É preciso mais informação sobre a situação do ensino”, pediu o vigilante Divino Almeida Sales, 55. “E falar das atrações, como roda de viola. Tem muitas que muita gente nem conhece”, ressaltou.
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Cleber Arruda, 33, é correspondente da Brasilândia
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Paulo Talarico, 24, é correspondente de Osasco
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Regiany Silva, 25, é correspondente da Cidade Tiradentes
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Thaís Santana, 24, é correspondente de Anhanguera
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