Projeto registra memória dos moradores de Guaianases

Agência Mural

Quatro moradores de Guaianases, na zona leste de São Paulo, começaram em 2014 a registrar histórias da comunidade e de movimentos culturais do bairro com o desejo de buscar relatos que ainda não foram abordados.

“A gente vê muito a história oficial sendo contada por grandes famílias, por donos de terras, mas como é que é essa história contada pelos trabalhadores que fazem parte do bairro?”, questiona Renata Eleutério, 30, socióloga e idealizadora do projeto Nas Trilhas dos Guaianás.

O título foi escolhido devido à região que, em seus registros históricos, foi habitada pela tribo indígena Guaianás. Durante muitos anos os distritos do Lajeado e de Cidade Tiradentes constituíram o bairro, e as atividades do grupo também abrangem os dois distritos.

Uma das ações do projeto é um encontro mensal com moradores antigos para relatar suas vivências no bairro. O programa é denominado de História Oral: As Trilhas do Pajé e os moradores trocam experiências sobre suas trajetórias e suas contribuições para o desenvolvimento e crescimento da região.

Atividade Nas trilhas do Pajé realizada em Novembro de 2015 (Foto: Daiane Cristina/Agência Mural)
Atividade Nas trilhas do Pajé realizada em Novembro de 2015 (Foto: Daiane Cristina/Agência Mural)

“Amei a atividade para relembrar nosso tempo em Guaianases. Pude contar minha história aqui. Antes não tinha nada, luz era de lampião, água era de poço, nem saíamos de casa porque as festas eram na casa das famílias. Hoje o povo tem tudo.”, diz a aposentada Ana Naide, 80, moradora do bairro há 35 anos.

Em 2014, o projeto foi contemplado pelo edital de Pontos de Cultura, da Prefeitura de São Paulo, e transformou o Centro Comunitário Criança Feliz em um Núcleo de Pesquisa e Documentação Histórica (CPDOC). A ideia é que o espaço seja a referência de memória e de valorização de registros dos bens culturais históricos de Guaianases.

Para o historiador e idealizador do projeto, Marcos “Nômade”, 31, as ações permitiram algumas percepções. “Cada geração tem um olhar sobre o bairro. A geração antiga tem um olhar mais abrangente. De certa forma o meu olhar muda enquanto participante do bairro. Quando ouço as histórias, tenho a certeza de que tem ainda mais coisas e tenho mais vontade de buscá-las. É gratificante”, reforça.

Todas as atividades são registradas por meio de áudio e vídeo e o material será editado para ser apresentado aos moradores. A previsão é de que as informações estejam disponíveis a partir do segundo semestre de 2016.

Daiane Cristina da Silva, 22, é correspondente de Guaianases
@Daaii_Cristina
daianecristina.mural@gmail.com

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