Mulheres usam moda periférica dos anos 70 para lançar brechó na Grande SP
Com o desemprego em alta, quatro amigas de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, decidiram se reinventar com uma ação que chamam de afroempreendedorismo.
As jornalistas Jéssica Alves, 23, e Mariana Estevam, 23, a publicitária Dayane Estefanio, 27, e a técnica em vestuários e design de moda Michele Cazuza, 28, criaram o Muambei, um brechó ‘da quebrada para a quebrada’.
Após meses de planejamento, elas farão o lançamento no domingo (31), perto da estação da CPTM no município (veja abaixo). As peças priorizam referências das décadas de 1970, 80 e 90 e representam os mais variados estilos da periferia.
“A ideia não é determinar o ‘estilo da quebrada’, mas fortalecer o orgulho de vir de onde viemos e ser reconhecidos por isso de uma forma positiva”, conta Mariana.
“Minha expectativa é sermos reconhecidas pelo nosso trampo, e sirva de exemplo para evidenciar o valor do pobre por meio das roupas que ele veste. Mostrar que temos orgulho das nossas origens e da nossa história”, completa.
O Muambei começou numa sessão pipoca na casa de Dayane, quando elas viam o filme “Até as Últimas Consequências” 1996), sobre a vida de quatro irmãs que sofreram grandes perdas e, sem recursos financeiros, planejam começar uma vida nova.
Inspiradas pelo filme e munidas do costume de comprar em brechós, elas visualizaram a possibilidade de um negócio que não precisasse de alto investimento.
Primeiro , fizeram o garimpo de peças usadas e com um investimento inicial de R$ 800 montaram um acervo com 80 peças entre roupas, calçados e acessórios, que terão preços de R$ 3 a R$ 100.
“O último passo é a divulgação nas redes sociais, que é o motor do negócio. Estamos com mais de 300 curtidas no Facebook em apenas uma semana”, comemora Jéssica.
O nome do brechó remete a ‘muamba’, com a ideia de simbolizar atividades de venda comuns na periferia como os marreteiros, as consultoras de cosméticos e as sacoleiras. As vendas serão feitas pelo Facebook e pelo Instagram. Futuramente, o objetivo é fazer exposições das peças em eventos culturais na zona leste.
“Além de resgatar a moda de cada década, o brechó traz a conscientização do reúso de peças, já que o consumo de moda produz 1,5 toneladas de Co2 por família ao ano, além de abrir um leque de looks e mostrar que podemos nos reinventar todos os dias sem ficarmos presas a tendências”, ressalta Michele, que atua no ramo da moda há nove anos.
ALTERNATIVA
Jéssica se formou em jornalismo em 2014 e desde então procura uma colocação no mercado, sem sucesso. “Enxerguei nessa oportunidade uma forma de me ocupar, me sentir útil”, comenta.
Mariana também se formou em jornalismo há um ano e meio e se deparou com a realidade de um mercado estreito, fazendo alguns trabalhos como free-lancer. “Decidi dar uma chance e me jogar em algo que realmente fizesse sentido pra mim e para os meus”.
“Já passei por várias atividades profissionais, mas confesso que me encantou a ideia de ter meu próprio negócio”, avalia a publicitária Dayane, que trabalha como bartender.
O evento ocorre neste domingo (31) das 13h às 18h na Rua Itamogi, 31 – Vila Virgínia, em Itaquaquecetuba, próximo à estação da CPTM, da Universidade de Guarulhos e ao Shopping Pateo Itaquá. Mais informações pelo evento no Facebook.
Jéssica Lima, 23, é correspondente de Itaquaquecetuba
jessicalima.mural@gmail.com
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