Mural https://mural.blogfolha.uol.com.br Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP Mon, 27 Dec 2021 13:12:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Antes invisíveis, agora Morumbi quer muros reais com Paraisópolis https://mural.blogfolha.uol.com.br/2020/07/14/antes-invisiveis-agora-morumbi-quer-muros-reais-com-paraisopolis/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2020/07/14/antes-invisiveis-agora-morumbi-quer-muros-reais-com-paraisopolis/#respond Tue, 14 Jul 2020 17:26:55 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/WhatsApp-Image-2020-07-14-at-14.16.30.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=17427 Vagner de Alencar

Sem nenhum refúgio de lazer em Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, minha infância se resumia a implorar aos meus pais um passeio no Parque do Ibirapuera. Naquela época, o único lugar possível. Para não dizer acessível.

Domingo ensolarado. Na mochila, lanches e salgadinhos, refrigerante e água. No “busão” Terminal Capelinha sentido Largo São Francisco, crianças sempre por debaixo da catraca. Meia hora depois, lá estávamos naquela área de 140 hectares. Como em caravana, às vezes ao lado de uma dezena de amigos e familiares. 

No Ibirapuera, havia playgrounds, pistas de jogos com gente correndo de um canto para o outro, bicicletas individuais ora coletivas, passeio com animais de estimação e fazendo piqueniques.

Ao contrário de mim, muitas famílias de Paraisópolis nunca puderam pisar no parque, seja por conta do preço da passagem ou até mesmo por desconhecimento. 

Segundo dados da pesquisa “Viver em São Paulo: Cultura na Cidade”, de 2019, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope, 30% dos paulistanos não frequentam espaços culturais por causa da distância.

Essa situação finalmente pode mudar graças a um novo espaço de lazer na região. Mas o que poderia ser apenas motivo de comemoração deu lugar a segregação. 

Após uma reivindicação de mais de 10 anos, os cerca de 100 mil moradores de Paraisópolis se vêem,  pela primeira vez, diante de um parque para chamar de seu. 

Criado por lei, a primeira fase de construção do parque foi concluída em 2013. Houve paralisação das obras, mas agora a previsão é que seja aberto em outubro. 

A área com mais de 68 mil metros quadrados fica em um terreno na rua Silveira Sampaio, próximo à AMA Paraisópolis, e na divisa entre o bairro do Morumbi e a favela, o que incomoda parte dos vizinhos. 

Sem simbolismos, o rico bairro do Morumbi quer construir muros reais para se separar de Paraisópolis. Os muros ainda não estão de pé mas já existem. 

Prova disso, na última semana, em uma carta enviada a Eduardo de Castro, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, moradores do Jardim Vitória Régia, que batiza a associação homônima, defenderam a construção de um muro de três metros para impedir o acesso dos vizinhos do bairro pobre ao lado rico. 

Em Paraisópolis, o acesso a espaços públicos e culturais ainda é escasso. Em geral, o que existe é fruto de ação da própria comunidade. Alguns jovens deram vida a um sarau, com apresentações mensais, antes da pandemia. Na biblioteca comunitária Becei, milhares de livros estão disponíveis para empréstimo. 

No Forró da Juliana, a casa de show com o ritmo era garantia de diversão para uma população formada por mais de 80% de nordestinos. 

Sem contar o baile da DZ7, que milhares de jovens aos fins de semana no centro da comunidade — palco inclusive de uma das maiores tragédias no país, após as mortes de nove adolescentes encurralados pela PM num beco da favela.

Encurralamento vivido pelos moradores desde a ausência de espaços públicos de lazer a baixa infraestrutura em serviços básicos. Com o avanço do coronavírus, a preocupação foi evidente. 

Enquanto o Morumbi pensa em criar muros, Paraisópolis se debruça em soluções para controlar o vírus, que agora dá contornos ainda mais reais, para não dizer cruéis, para além da foto viralizada dos prédios do Morumbi com uma piscina por andar defronte a casas sem reboco.

Foto registrada em 2004 marca a desigualdade entre os bairros (Tuca Vieira – 20.jan.2004/Folhapress)

A favela tem controlado a Covid-19 de maneira mais efetiva em comparação à média municipal. 

Em levantamento divulgado em 23 de junho pelo Instituto Pólis, organização da sociedade civil voltada ao direito à cidade, a comunidade apresentava em 18 de maio uma taxa de mortalidade por Covid-19 de 21,7 pessoas por 100 mil habitantes.

O índice ficou abaixo da média municipal (56,2) e de outros distritos vulneráveis, como Pari (127), Brás (105,9) e Brasilândia (78). A média menor pode ser fruto de ações da própria comunidade, que tem presidentes de rua monitorando moradores com suspeita de contaminação e voluntários para entrega de cestas básicas.

Para Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores de Paraisópolis, sempre houve muros invisíveis que separam Paraisópolis do Morumbi. 

“São muros de ar que, neste momento, estão cada vez mais evidenciados durante a pandemia, por meio da desigualdade, da má distribuição de renda, das más condições de moradia e falta  de acesso às questões básicas de saúde e alimentação”.

Para ele, esperava-se vir dos vizinhos ajuda pela cobrança do poder público, não a cobrança por um muro. “Só existe um Morumbi bom, quando a situação de Paraisópolis estiver melhor”, reforça.

Segundo a carta escrita pelos moradores da associação do Morumbi, o muro ajudaria a minimizar os ruídos ao lado. Mas o barulho ouvido foi apenas o da desigualdade, ecoado em sua máxima potência. 

Certamente acomodadas em suas mansões e apartamentos com piscinas privativas e atrações, na carta enviada à prefeitura a lista de desejos incluía restrição de funcionamento do parque das 7h às 19h, sem direitos a piqueniques, circulação de veículos (até mesmo bicicletas) e de animais de estimação, além de “pessoas cujas atitudes agridam a moral e os costumes dos usuários do parque”. 

A gente sabe quem são essas pessoas: àquelas com as quais, “infelizmente”, precisa-se conviver sem mais um muro de três metros de altura.

Em tempo, nesta segunda-feira (13), a Secretaria do Verde e Meio Ambiente comunicou em entrevista à imprensa que o muro não será construído e seguirá conforme o projeto inicial. 

Que os muros invisíveis também deixem de existir.

Vagner de Alencar é cofundador e diretor de jornalismo da Agência Mural

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Fake news atrapalham o combate à Covid-19 nas periferias https://mural.blogfolha.uol.com.br/2020/05/05/fake-news-atrapalham-o-combate-a-covid-19-nas-periferias/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2020/05/05/fake-news-atrapalham-o-combate-a-covid-19-nas-periferias/#respond Tue, 05 May 2020 18:37:11 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/WhatsApp-Image-2020-05-05-at-15.12.42.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=17300 Vagner de Alencar

Antes de começar este texto, recorri a um dos grupos de família, no WhatsApp, para saber qual havia sido a última notícia falsa recebida por lá. Em instantes, uma tia me encaminha uma imagem de máscaras verdes sobre uma mesa, acompanhada por um áudio de 57 segundos. 

A voz, em tom imperativo, é de um homem “informando” (para não dizer desorientando) outras pessoas a não receberem máscaras doadas:

“Boa noite, essa máscara já chegou da Argentina. Tô avisando a todos que não usem isso. Quem usar, com certeza, vai morrer. Amanhã já estará em Cariacica, Grande Vitória, Vila Velha, todos esses lugares. Eles vão entregar isso na fila de banco, nos postos de saúde. Ela vem com o número da besta: 666. Veio com essa cor aí, verde. Então nem se aproxima disso. E avisa todo mundo, seus contatos, por favor, com urgência. Se for para ficar até a noite inteira espalhando, então espalha.”

O pedido parece ter funcionado. O áudio do homem, aparentemente do Espírito Santo (por conta das cidades citadas), chegou aos ouvidos de minha tia, em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. 

Na segunda maior favela de São Paulo, desde o começo da pandemia, uma megaoperação foi montada por lideranças locais para combater o coronavírus. Recentemente, até mesmo duas escolas públicas se tornaram hospitais de campanha para abrigar moradores infectados pela Covid-19.

Embora assistam, a olho nu, a toda essa mobilização na favela, uma parcela da população acreditou na fake news (fortemente pautada pela religião). Uma profissional de saúde da comunidade me relatou ter tido máscaras dispensadas por moradores por conta da mensagem. 

Enquanto o noticiário se esforça para informar e orientar a população sobre cuidados e prevenção (reportagens têm desmentido essas informações sobre as máscaras), o poder de notícias falsas como essa segue na direção contrária à luta pela sobrevivência e contribui para potencializar ainda mais as mortes nas periferias. 

Segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (4) pela Avaaz, o Brasil é o país que mais acredita em fake news no mundo. Cerca de 100 milhões confiaram em informações mentirosas sobre a Covid-19, por exemplo. 

Ainda de acordo com o levantamento, o WhatsApp e o Facebook são, respectivamente, as duas maiores plataformas propagadoras de notícias falsas. Na primeira, 6 em cada dez pessoas já receberam esse tipo de conteúdo, enquanto na segunda foram cinco a cada dez.

A situação preocupa enquanto o número de casos avança para as bordas da cidade.

Nas periferias paulistanas, o número de mortes pela Covid-19 só cresce. Nos últimos 15 dias, houve um aumento de 94%, na soma dos casos suspeitos e confirmados, segundo a Secretaria Municipal da Saúde

Os distritos da Brasilândia e Sapopemba lideram o total de mortos, com 100 óbitos, enquanto nos 20 distritos mais ricos, nenhum chegou a 50 mortes.

Se as populações periféricas estão sendo as maiores vítimas do vírus, sobretudo por conta da desigualdade agora mais latente, a desinformação certamente só ajudará a potencializar ainda mais mortes.

De volta ao grupo de WhatsApp da família, o retrato do alastramento dessas notícias continua. Uma prima me encaminha outra fake news. Dessa vez, sobre relação entre as máscaras e o banco começou nas últimas semanas. 

Essa mesma fake news dizia que o aumento dos casos de Covid-19 se daria pelas ‘máscaras contaminadas’ e que colocariam a culpa nas filas para o saque do auxílio emergencial.

Como se o perigo real não fosse ir para a fila sem máscara e a aglomeração que milhares de moradores das periferias têm enfrentado para conseguir os R$ 600. Veja só um trecho da mensagem, também gravada por um homem:

“Não vão pegar o dinheiro. Tá passando perrengue, deixa o banco esvaziar as filas. Não pega máscara dada pelo governo. A partir da semana que vem, quando chegar máscaras da China, povo brasileiro vai morrer igual mosca. Isso é tudo programado. Quem puder, divulga esse áudio. Se a gente espalhar pra 50 pessoas que a gente gosta, já vai estar ajudando.”

Felizmente minha prima descartou a desinformação e continua protegendo a si e aos filhos. O mesmo não pode ser dito em relação a outros milhões de brasileiros, que muitas vezes se apoiam em notícias falsas por descrença ou fanatismo religioso.

Vagner de Alencar é diretor de jornalismo da Agência Mural de Jornalismo das Periferias
vagnerdealencar@agenciamural.org.br

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Cem dias depois, Paraisópolis quer notícias além da tragédia https://mural.blogfolha.uol.com.br/2020/03/10/100-dias-depois-paraisopolis-quer-noticias-alem-da-tragedia/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2020/03/10/100-dias-depois-paraisopolis-quer-noticias-alem-da-tragedia/#respond Tue, 10 Mar 2020 14:20:05 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Paraisópolis_Leu-Britto-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=17182 Vagner de Alencar

Há quase dez anos, escrevo sobre o cotidiano de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo. Tudo começou aqui no blog Mural. Assim como os outros 80 correspondentes, todos espalhados pela região metropolitana, buscamos descortinar a visão ainda estereotipada das periferias. 

Minha história com a comunidade é antiga. Em 1995, minha família se mudou da Bahia para Paraisópolis. Por lá, vivi em pelo menos cinco endereços diferentes. Todos eles em vielas que, por exemplo, sequer existem para os Correios. 

Nesta segunda-feira (9) se passaram cem dias em que uma dessas dezenas de vielas foi cenário de uma das maiores tragédias recentes do noticiário nacional. 

Nove jovens que ficaram encurralados em uma ação policial morreram pisoteados durante o baile funk Dz7, o pancadão mais famoso da cidade.

Apesar de nunca ter sido frequentador, sempre acompanhei a relação dicotômica envolvendo a festa que chega a reunir até 20 mil pessoas em um único fim de semana. 

Por consequência da tragédia, Paraisópolis recebeu todos os holofotes possíveis. Naturalmente. Acompanhar o caso e ter mais notícias do que aconteceu é sobretudo uma demanda de quem vive na região. 

Só que, se de um lado, a comunidade cobra respostas dos abusos, do outro, os moradores necessitam de outras informações sobre onde moram. 

Nos últimos três meses, porém, a cobertura da imprensa sobre Paraisópolis ainda se resume ao noticiário policial. 

Não preciso ir muito longe. Basta digitar “Paraisópolis” no campo de busca do Google; ou, para ser ainda mais preciso, procurar, via Google Trends, os termos mais associados à favela nesse período. A resposta: “tragédia”, “vítima”, “massacre” são as palavras mais associadas ao bairro. 

A comunidade, no entanto, é maior e muito mais do que um retrato trágico. Ali vivem hoje​ cerca de 100 mil pessoas, que formam em torno de 25 mil famílias, sendo 80% delas nordestinas​. ​

Uma região de quase 800 mil m² com um comércio com mais 8.000 estabelecimentos​, entre​ agências bancárias, clínicas veterinárias, casas de show​, grandes redes de produtos de consumo​.

Aqui no blog Mural, em especial, tentei mostrar a Paraisópolis que sempre esteve ali, porém descoberta, com espanto ora encantamento, por quem a via apenas pelas notícias de ocupação policial ou pela visita de celebridades ou políticos em tempos de eleição, a cada dois anos — como deve acontecer nos próximos meses. 

A comunidade onde vive o Antenor, que construiu uma casa com mais de 20 mil garrafas pet, àquela onde os moradores protagonizam uma relação de amor e ódio em relação ao baile funk da D17.

Os holofotes devem continuar sobre a resolução da tragédia recente. Precisamos acompanhar o andamento do inquérito que apura o caso.

E sobre ele: no dia 7 de fevereiro, a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo concluiu o Inquérito Policial Militar sobre a conduta dos 31 PMs envolvidos na tragédia e pediu arquivamento da investigação. Já a Polícia Civil, por meio do DHPP [Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa], ainda investiga a operação da PM.

Apesar de não viver mais em Paraisópolis, meu vínculo por lá se mantém a partir dos familiares e amigos, e das visitas constantes. 

A luz do jornalismo precisa estar acesa para outras histórias (Vagner de Alencar/Agência Mural/Folhapress)

E para além das investigações sobre as mortes, gostaria, assim como todos os  moradores com os quais conversei, ver na imprensa a pluralidade de histórias que podem ser contadas sobre a favela.

Sobre a entrega do Parque Paraisópolis, criado em lei de 2008 e prometido pela Prefeitura de São Paulo para ser aberto neste ano.

Sobre o Niel Santos, tatuador criador do “Cicatriz de Cor” para atender, a baixo custo, clientes com cicatrizes  de violência doméstica a acidentes automotivos.

Sobre os problemas enfrentados pela população pela não canalização do Antonico, córrego que corta boa parte da comunidade, gerando alagamentos em períodos chuvosos.

As luzes do jornalismo precisam estar acesas para outras histórias, escondidas (ou não) entre tantos becos e vielas. Não só de morte. Pelo contrário. De vida. Não apenas sobre Paraisópolis. Mas de todas as periferias paulistanas, brasileiras. 

Vagner de Alencar é jornalista, cofundador e diretor de jornalismo da Agência Mural de Jornalismo das Periferias. 
vagnerdealencar@agenciamural.org.br 

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Crianças das periferias de SP experimentam doces veganos pela primeira vez https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/10/31/criancas-das-periferias-de-sp-experimentam-doces-veganos-pela-primeira-vez/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/10/31/criancas-das-periferias-de-sp-experimentam-doces-veganos-pela-primeira-vez/#respond Tue, 31 Oct 2017 15:01:54 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/luiz-2-180x120.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=12156 Que crianças adoram doces isso não é nenhuma novidade. Mas, e se essas guloseimas fossem feitas sem nenhum ingrediente de origem animal?

A resposta para essa pergunta (e uma série de expressões engraçadas… bom, não vamos dar spoiler) está no vídeo feito pelo Mural com crianças de Paraisópolis e do Campo Limpo, na zona sul da capital paulista, e do Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

As reações de meninos e meninas de 6 a 10 anos foram capturadas durante um aniversário infantil realizado na semana do Dia das Crianças, festejado dia 12 de outubro, no Parque das Hortênsias, em Taboão da Serra.

Com mesas e cadeiras em frente à um playground, famílias costumam realizar festas aos fins de semana no local, que é público. “É só chegar mais cedo para garantir o lugar”, afirma Edilomar Fernandes Nogueira, 36, tia de Wenderson, que completava 4 anos. 

Comemorações à parte, no cardápio de desgustações veganas estava, por exemplo, um bolo feito com abobrinha. Todas as reações você confere no vídeo abaixo:

Anderson Meneses é correspondente de Pirituba
andersonmeneses.mural@gmail.com

Priscila Pacheco é correspondente do Grajaú
priscilapacheco.mural@gmail.com

Vagner de Alencar é correspondente de Paraisópolis
vagnerdealencar.mural@gmail.com

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Preço do aluguel e barulho afastam famílias de Paraisópolis https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/09/27/preco-do-aluguel-e-barulho-afastam-familias-de-paraisopolis/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/09/27/preco-do-aluguel-e-barulho-afastam-familias-de-paraisopolis/#comments Wed, 27 Sep 2017 15:10:22 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/Paraisopolis_zona-sul-180x135.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=11967 O amor da maranhense Edna Bastos, 39, por Paraisópolis não foi o bastante para que ela suportasse, dia e noite, o barulho da segunda favela mais populosa da capital paulista. O som alto do forró do estabelecimento ao lado de sua ex-casa foi a gota d’água. Há seis meses Edna deixou a comunidade.

“O som era sempre muito alto. Não deu para aguentar mais o barulho”, afirma a microempresária, que migrou para o Jardim Colombo, também pertencente ao distrito da Vila Andrade, onde está Paraisópolis.

“Lá, a gente paga R$ 800 de aluguel. Parece uma vila, é tudo silencioso”, festeja a maranhense, que é casada e mãe de uma menina.

A mudança de bairro, no entanto, não foi insólita. Coincidentemente, os novos vizinhos também eram ex-moradores da (quase) “Cidade do Paraíso”.

“Do lado de casa tinham duas famílias que também vieram de Paraisópolis”, diz. “Quando tem baile funk, a gente não consegue dormir. Toda vez que voltava de carro, nunca conseguíamos estacionar em casa, por causa da multidão”, completa Edna, que vivia em Paraisópolis havia 20 anos.

A separação não foi por completo. O cordão umbilical se mantém devido ao comércio que o casal mantém no antigo endereço. O estabelecimento, que fica em frente à União de Moradores e Comércio, comercializa toldos e banners personalizados.

“Não pagamos aluguel em Paraisópolis. O imóvel é nosso. Chegamos cedinho, às 7h, e voltamos para o Jardim Colombo no fim da tarde. Nossa filha também estuda aqui”, afirma, à contragosto. “Na verdade, amo Paraisópolis, não queria ter de sair.”

Sossego é a palavra usada por Manoel Alves da Silva, 38, para definir sua saída de Paraisópolis.

“Lá, eu não pagava aluguel. Saí porque eu morava numa casa pequena. Aqui tenho mais conforto, estou mais sossegado”, assegura o auxiliar de limpeza, que mudou-se há um ano para o Campo Limpo, também na zona sul.

A tranquilidade do novo bairro não foi o fator decisivo. “O preço do aluguel que eu pago aqui é a metade do que eu pagaria em Paraisópolis.”

Josivaldo com a família, no Campo Limpo
Josivaldo ao lado da esposa, Ana, e dos filhos, Luiz e Mariane (Reprodução)

Quem partilha da mesma realidade é o paraibano Josivaldo Pereira, 35, também ex-morador de Paraisópolis.

“Eu trabalhava aos fins de semana. Estava difícil suportar o barulho da rua”, diz o pedreiro, que sente saudade da facildade do acesso no antigo bairro.

“Era um lugar bom para viver, além da convivência com as pessoas. Tudo era mais perto, lojas, mercado”, diz.

Para Pereira, no entanto, o custo do aluguel de uma garagem para seu carro também pesou na hora de decidir em se mudar. 

“Aluguei minha casa própria em Paraisópolis e com o valor pago aqui, que é até mais barato. São R$ 1.000, uma casa grande, com quartos enormes e garagem”, conta.

Emerson Moura, 32, presidente da União de Moradores de Paraisópolis, exemplifica alguns valores. “O aluguel de um cômodo custa de R$ 500 para cima em Paraisópolis”. Se a moradia for na rua, não numa viela, o preço é superior; ainda mais se estiver localizada numa via no centro da favela.

Já Joildo Santos, 31, diretor de comunicação do “Jornal Espaço do Povo”, discorda que a inflação no preço dos imóveis seja o principal motivo para a migração.

“Hoje tem tudo em Paraisópolis: quatro bancos, confecções de todo tipo. A debandada é mais por conta da qualidade de vida mesmo, do barulho dos bailes”, destaca.

“O morador quer poder descansar depois de ter trabalhado o dia inteiro. Também falta consciência por parte da população”, finaliza Moura.

Vagner de Alencar é correspondente de Paraisópolis
vagnerdealencar.mural@gmail.com

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‘Quero criar a SPFW da Periferia’, sonha jovem estilista de Paraisópolis https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/10/28/quero-criar-a-spfw-da-periferia-sonha-jovem-estilista-de-paraisopolis/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2016/10/28/quero-criar-a-spfw-da-periferia-sonha-jovem-estilista-de-paraisopolis/#comments Fri, 28 Oct 2016 14:40:58 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Alex-Santos-credito-Tulio-Vidal-1-180x112.jpeg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=10193 Sabe o ditado que diz que o céu é o limite? Alex Santos, 26, morador de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, facilmente trocaria o céu por CEU (Centro Educacional Unificado). Na manhã desta quinta-feira, dia 27, o jovem esteve no CEU Casa Blanca, também na zona sul da capital paulista, para assistir à grife do rapper Emicida, apresentada na São Paulo Fashion Week.

Enquanto a grande parte do público aguardava ansiosa pela aparição do cantor, Santos contava os minutos para trocar ideia com Paulo Borges, o criador da SPFW.

“Depois do evento, conversei com ele. Comentei do projeto que criei, inspirado nos desfiles que aconteceram há dois anos no CEU Meninos [também na zona sul]”, afirmou o idealizador do PIM (Periferia Inventando Moda).

Segundo ele, o projeto surgiu pela falta de representatividade da periferia no maior evento do gênero da América Latina. Graduado na área, Santos não passou apenas a criar figurinos, como também a dar aulas gratuitas que vão de figurino e passarela a técnicas de maquiagem.

Alex Santos, 26, criou o PIM (Priferia Inventando Moda) e dá formação que vão desde aulas de figurino e passarela a a técnicas de maquiagem  (crédito: Tulio Vidal/Divulgação)
Alex Santos, 26, criou o PIM (Priferia Inventando Moda) e dá formação de aulas de figurino e passarela à técnicas de maquiagem (Fábio Penteado/Divulgação)

“Eu disse para o Paulo Borges que um dia espero chegar no patamar da SPFW. Ele me respondeu que tudo pode acontecer. Isso já um bom sinal”, diz o jovem, que planeja ir além. “Estou estudando a possibilidade de criar a Semana de Moda na Periferia. Uma SPFW da quebrada, onde os estilistas possam mostrar seus talentos”.

Santos inclusive vem celebrando os frutos do seu talento. Para o desfile da grife de Emicida, contou até com poltrona reservada na primeira fileira pela gestão do centro educacional. Tudo estaria perfeito, diz, se não fosse uma situação desagradável.

“Um dos organizadores do SPFW pediu para sairmos dos lugares porque estavam reservados. Não perguntou quem éramos e disse que não podíamos ficar lá. Saímos do lugar. Comuniquei à gestora do CEU, que falou com o Paulo Borges e então voltamos para lá”, comenta.

Junto com sua equipe, Alex Santo foi apresentado ao Emicida após o desfile de sua grife no CEU Casa Blanca (crédito: Arquivo Pessoal)
Junto com sua equipe, Alex Santo foi apresentado ao Emicida após o desfile de sua grife no CEU Casa Blanca (Arquivo Pessoal)

No final do evento, conta Santos, ele e sua equipe do projeto foram convidados a ir ao backstage, onde foi apresentado ao Emicida, com quem conversou e tirou fotos. “Ele me disse ‘Ah, então são vocês do Periferia Inventando Moda’? Ele já conhecia nosso trabalho”, diz, ressaltando ainda a importância da grife e dos modelos.

“Pude ver muitas pessoas negros, plus size, com vitiligo. Uma mistura de etnias e gêneros. Claro, porque o Emicida é famoso. Mas representou, me arrepiei do início ao fim”, afirma Santos.

Apoio familiar

De acordo com ele, se no início do projeto sua família acreditava que seu sonho estava mais para devaneio, agora ele respira mais aliviado. Ou quase. “Antes minha mãe não me apoiava. Agora ela está em cima do muro. Já meu pai tem tido mais tempo para ir aos meus eventos, depois que ficou desempregado. Me diz que tenho futuro, que está muito orgulhoso de mim”.

Com empresa aberta e em fase de criação de uma marca e até peças comerciais, Santos vislumbra as passarelas da fama, sem deixar de lado os becos e as vielas de Paraisópolis. “Em breve, quero criar uma loja física na comunidade. Ter meu espaço e nunca me esquecer de minhas raízes”, sonha ele que, nos dias 16 e 17 de novembro, realiza a quinta edição do Periferia Inventando Moda, na Ação Educativa, na região central.

Vagner de Alencar, 29, é correspondente de Paraisópolis
vagnerdealencar.mural@gmail.com

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Elenco de ‘I Love Paraisópolis’ arrecada fundos para biblioteca https://mural.blogfolha.uol.com.br/2015/07/18/elenco-de-i-love-paraisopolis-arrecada-fundos-para-biblioteca/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2015/07/18/elenco-de-i-love-paraisopolis-arrecada-fundos-para-biblioteca/#comments Sat, 18 Jul 2015 08:00:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=8312 Na última terça-feira, dia 14, o Mural publicou um post sobre as dificuldades financeiras da biblioteca comunitária Becei, em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, na zona sul. Para evitar o fechamento, o fundador da biblioteca, Alexandre Cabral, 34, passou a realizar brechós e montou uma “vaquinha”, para arrecadar contribuições.

Após a publicação, o ator Marcio Rosario, que interpreta o personagem Bazunga na novela ‘I Love Paraisópolis’, entrou em contato com o Mural procurando formas de ajudar para além da campanha virtual.

“Divulgar uma causa em favor da educação é o mínimo que a gente pode fazer. Depois de ler a matéria, mostrei para o Tide [Alcides Nogueira, o autor da novela], que fez questão de compartilhar com o elenco. Agora está todo mundo participando”, afirma Rosario.

Em parceria com Alexandre Cabral e Vagner de Alencar, correspondente de Paraisópolis no blog Mural, o ator pretende realizar um evento na comunidade, no próximo mês. O objetivo é reunir alguns atores da novela, que tem Paraisópolis como pano de fundo, em uma ação presencial.

Biblioteca Becei foi fundada em 1995 pelo pernambucano Alexandre Cabral (Foto: Divulgação)
Biblioteca Becei foi fundada em 1995 pelo pernambucano Alexandre Cabral (Foto: Divulgação)

“Queremos gerar mais mobilização e visibilidade, para que pessoas possam ajudar ainda mais, para que saibam da existência de uma biblioteca na comunidade”, diz o ator, que comemora as contribuições já realizadas por alguns colegas de elenco.

Um deles foi o autor Alcides Nogueira, que desembolsou R$ 1.000, mesmo valor doado por Dalton Vigh (intérprete de um médico que trabalha na comunidade), e Angela Vieira (que vive uma madame do Morumbi). Já atriz Maria Casadevall (que interpreta uma arquiteta no folhetim), destinou R$ 3.000 para a biblioteca. Até a data de hoje haviam sido arrecadados R$ 8.490, metade do valor estimado: R$ 17 mil.

Para Cabral, que fundou a biblioteca há quase duas décadas e há algumas semanas vem convivendo com contas atrasadas, a mobilização tem dado esperanças para manter as portas da biblioteca aberta.

“A Becei é um local no qual a população pode refletir no coração dessa favela, que agora é conhecida nacionalmente por conta da novela das 19h. São mais de 12 mil livros. É uma história! Uma forma de mostrar que somos muito mais do que números e estatísticas”, afirma.

Confira a página da biblioteca Becei . Interessados em contribuir com a vaquinha, cliquem aqui.

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Vagner de Alencar, 28, é correspondente de Paraisópolis
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Em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, na zona sul, os 12 mil livros disponíveis na biblioteca Becei passaram a dividir espaço com roupas e acessórios.

Depois de perder o convênio com uma empresa belga, que garantia grande parte da sustentabilidade financeira do local, Alexandre Cabral, 34, fundador do espaço, passou a realizar brechós e, inclusive, uma “vaquinha” virtual, para não fechar as portas.

Prestes a completar duas décadas de existência, em setembro, a primeira biblioteca comunitária montada em uma favela no Brasil, segundo Cabral, anda mal das pernas. A internet e o telefone foram cortados. Um dos computadores, que garantia conexão à rede para os visitantes, foi colocado à venda.

No último sábado (11), foi realizado o primeiro brechó. Bem sucedido, a segunda edição, ainda sem data marcada, já está garantida. Do total arrecadado, 10% será destinado à vaquinha virtual, que busca angariar R$ 17 mil, até o dia 8 de agosto.

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Biblioteca comunitária existe há quase 20 anos em Paraisópolis (Foto: Divulgação)

“Não podemos deixar que a biblioteca seja fechada. Primeiro, por ser um espaço dedicado à reflexão no centro de uma das favelas mais populosas do país. Segundo, porque ela é importante para abrandar os estigmas cultivados pelas classes mais abastadas de que os bairros mais vulneráveis são exclusivamente reduto da marginalidade”, conta Cabral, que é graduado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero.

Aos 15 anos de idade, e com apenas 15 livros nas mãos, o pernambucano radicado em São Paulo deu vida ao local, que funciona de domingo a domingo.

“Esse sufoco acontece de tempos em tempos. Os patrocinadores e apoiadores vão se tornando mais escassos. As contas vão sendo postergadas, assim como o conserto das infiltrações nas paredes. Como a ajuda passa a ser esporádica, o futuro da biblioteca acaba sendo incerto”, lamenta.

Se de um lado o presente parece tempestuoso e o futuro uma incógnita, a história de Cabral e da biblioteca Becei vem sendo marcada pela conquista de prêmios. Em 2005 e 2008, venceu o prêmio Empreendedor Social, concedido por uma entidade localizada no Morumbi; e em 2006, recebeu Medalha de Honra ao Mérito do Livro, do Ministério da Cultura.

“Pagar as contas é fundamental, afinal, nos permite pensar em como fazer mais e melhor. Mas investir no sonho de uma vida diferente para os moradores é o que faz a biblioteca existir. Temos o orgulho de ter recebido mais de um milhão de visitas ao longo desses anos”, sentencia Cabral.

Confira a página da biblioteca Becei. Interessados em contribuir com a vaquinha, cliquem aqui.

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Vagner de Alencar, 28, é correspondente de Paraisópolis
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No entanto, embora o título exalte amor pela comunidade, alguns moradores estão tão ansiosos quanto receosos.

É o caso de Ana Maria de Brito Silva, 15, que diz ter acompanhado de perto todas as gravações na comunidade. A estudante garante estar num mix de ter o bairro representado na televisão, sem também negar a preocupação com a abordagem que será dada. “Tudo vai depender de como Paraisópolis for exibida. O que pode ajudar ou piorar. É preciso mostrar o cotidiano dos trabalhadores daqui. Se for o contrário, aí complica”, conta, divulgando os personagens que terão destaque na novela.

Para a maranhense Roselaine Paixão, 36, que vive em Paraisópolis há 16 anos, é preciso não mostrar somente o lado positivo, mas as contradições. “Não é pintar a comunidade como um paraíso, pois aqui temos problemas, como em todo lugar. Por exemplo, somos discriminados quando falamos que moramos aqui. Assim como existe um senso de fraternidade que não existe em outros lugares”, revela a auxiliar de escritório de uma ONG que atua na comunidade.

A novela tem como enredo central o mercado imobiliário em Paraisópolis. Na ficção, uma arquiteta, moradora do Morumbi, quer a todo custo destruir a favela. Na vida real, não à toa, a quinta maior favela do país está numa região privilegiada, no coração de um dos bairros mais ricos de São Paulo.

Na chamada oficial, divulgada na semana passada, a novela também traz figuras conhecidas na comunidade, como Berbela, artista que transforma sucata em arte  e também tem como cenário a casa de Antenor, feita com mais de 30 mil garrafas PET

A partir do próximo mês, o correspondente de Paraisópolis, Vagner de Alencar, que também é autor do livro “Cidade do Paraíso – Há vida na maior favela de São Paulo” (Primavera Editorial), passará também a acompanhar a novela para mostrar aqui no blog Mural como os moradores vão avaliar sua representação na trama. Acompanhe-nos!

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Confira o especial do blog na Folha.com, com as matérias de Lívia Lima (Itaquera), Vagner de Alencar (Paraisópolis), Olívia Freitas (Guarulhos) e Jéssica Costa (Taipas).

Ex-comerciante de roupas, dona Cícera hoje vende o PT em Guarulhos –http://ow.ly/CgHTP 

Padre vermelho e padre azul colorem disputa eleitoral em Itaquera –http://ow.ly/CgHVb 

Na favela Paraisópolis, maior apoiador de Marina é o baiano Gilson Rodrigues – http://ow.ly/CgHWy

De cachecol e chapéu vermelhos, Batatinha é a voz petista em Taipas –http://ow.ly/CgI0n

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