Mural https://mural.blogfolha.uol.com.br Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP Mon, 27 Dec 2021 13:12:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Moradores de São Bernardo tentam evitar fechamento de salas do EJA https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/16/moradores-de-sao-bernardo-tentam-evitar-fechamento-de-salas-do-eja/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/16/moradores-de-sao-bernardo-tentam-evitar-fechamento-de-salas-do-eja/#respond Mon, 16 Sep 2019 17:35:41 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/gracineide2-e1568653550249-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16736 Girrana Rodrigues

“Já sei fazer conta de tomar emprestado [somar e subtrair]”, conta Gracineide de Souza Barros, 58, a Graça do povo Pankará, como é conhecida. “Não sei ler um livro, mas palavras pequenas eu já sei”, ressalta.

A indígena moradora da Vila São Pedro, na periferia de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, é uma das alunas da EJA (Educação de Jovens e Adultos), que viu a sala de aula quase ser fechada por não ter o mínimo de alunos exigidos pela prefeitura. 

No segundo semestre deste ano, 45 salas de aula foram encerradas e seis escolas deixaram de oferecer essa modalidade de ensino, de acordo com levantamento do Sindserv-SBC (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais e Autárquicos de São Bernardo do Campo)

A prefeitura alega que a medida faz parte da “reorganização” do modelo e exige que as turmas tenham ao menos 20 alunos para sequência das aulas.

Moradores fizeram abaixo-assinado para manter curso (Girrana Rodrigues/Agência Mural/Folhapress)

A gestão municipal é a responsável pela EJA, uma modalidade de educação que atende jovens e adultos a partir dos 15 anos com aulas de alfabetização e de outras disciplinas das séries do ensino fundamental. 

Graça alega que foi preciso “lutar” para assegurar este direito. Natural de Pernambuco, ela não frequentou a escola quando era mais jovem por falta de oportunidade. Casou-se aos 17 anos e precisou cuidar dos filhos e dos irmãos.

Há cerca de quatro anos começou a cursar a EJA na escola municipal Erminia Paggi, localizada a menos de 1 km de onde mora. 

No começo de agosto, porém, a direção avisou que seriam transferidos. “Pedi para uma amiga que sabe escrever melhor do que eu para ajudar a fazer um abaixo-assinado e no outro dia fizemos um protesto em frente a secretaria de educação”, afirma. 

Há dois anos, a estudante indígena fez uma cirurgia no pulmão e tem dificuldade para percorrer grandes distâncias. “Se fosse transferida para uma escola mais longe eu teria que parar de estudar. Além disso, já acostumei com meus professores”, aponta. 

“Tenho seis irmãos, três formados pela EJA. Minha irmã que é professora no Piauí ficou muito feliz quando voltei a estudar”, relembra José Pereira (Girrana Rodrigues/Agência Mural/Folhapress).

Os alunos convidaram conhecidos para se matricular e evitar o fechamento. Como a sala atingiu o número de 20 alunos, a Prefeitura desistiu de encerrar a turma.

A estudante Anajara de Jesus Ferreira não teve a mesma sorte. Neste semestre foi obrigada a trocar de escola. 

A escola municipal Salvador Gori teve as quatro turmas encerradas e ela foi transferida para o CEU (Centro Educacional Unificado) Celso Augusto Daniel que fica 3 km mais longe. “Saímos às 22h30 e a nova escola fica em um local pouco iluminado, parado”, reclama.

Ela parou de estudar quando engravidou, aos 17 anos, e entrou no EJA aos 36. “Espero meu marido chegar do trabalho para cuidar das crianças, tenho duas meninas pequenas. Quando ele não chega, eu tenho que faltar”, disse. 

O maior medo da estudante é que os colegas desistam da EJA e a nova escola também tenha as salas encerradas.

Receio semelhante ao de José Pereira da Silva, 45. Filho de pais analfabetos, ele trabalha como vigilante durante o dia e é aluno à noite.

Retomou os estudos neste ano na escola Marineida Meneghelli de Lucca e precisou procurar novos colegas para evitar que a turma fosse fechada. “Chegamos aos 20 estudantes. Estamos por um”, brinca.

Ele tem receio que algum colega desista do ensino. “Meu filho está na sétima série. Eu estou na oitava. Tenho que aprender para ensinar para ele”, afirma.

José Rubem, do sindicato dos servidores. Entidade entrou na justiça por conta do fechamento de salas (Girrana Rodrigues/Agência Mural/Folhapress)

FALTA DE TRANSPARÊNCIA

Os dados sobre educação no município são antigos. O último Censo do IBGE (2010/2011), aponta que havia 18.419 pessoas não alfabetizadas e 152.958 moradores que não terminaram o ensino fundamental em São Bernardo. 

Uma professora do EJA que não quis se identificar afirma que a reorganização pode piorar a qualidade do ensino. “Não posso dar a mesma aula para um aluno que já sabe ler e outro que ainda tem dificuldades”, contesta.

O Sindserv-SBC ingressou com uma ação civil coletiva para exigir que as salas fossem reabertas. Além disso, foi solicitada a suspensão da exigência do número mínimo de alunos. 

Ex-aluno da EJA e presidente do Sindserv-SBC, José Rubem afirma que a prefeitura de São Bernardo se nega a fornecer informações de quantas escolas foram fechadas. 

O sindicato organizou um abaixo-assinado para a permanência das salas de aula que já conta com mais de 2.000 assinaturas. A oposição na Câmara Municipal também afirma que irá acionar o Ministério Público. “Meu mandato vai acionar o MP contra essa ação da prefeitura de desmonte da educação”, diz o vereador Joilson Santos (PT).

O Ministério Público de São Paulo deu o primeiro parecer favorável à ação do sindicato. O tema ainda aguarda decisão judicial.

Em nota, a prefeitura de São Bernardo afirma que “a abertura de turmas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é feita de acordo com a procura” e que segue uma resolução da Prefeitura de São Bernardo aprovada em agosto de 2015, que determina o número de 20 alunos. 

“Caso as unidades escolares não atinjam este número, poderão reorganizar os alunos em agrupamentos multisseriados. Se este número for inferior a 20, os alunos podem ser remanejados para a escola mais próxima ou da escolha do estudante”, ressalta a gestão. 

Não foram fornecidos dados solicitados de quantidade de alunos matriculados em 2018 e 2019. A administração afirma que tem divulgado o programa com cartazes afixados nas escolas.

Girrana Rodrigues é correspondente de São Bernardo do Campo

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Durante 42 dias entre março e abril, funcionários da Ford suspenderam as atividades, em protesto contra a decisão da empresa de deixar a cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

No período, o operador de produção Jean Luiz da Silva, 39, utilizou o tempo para conhecer um novo ramo: ao lado da esposa, aprendeu a fazer brindes personalizados para festas.

Morador do Jardim Santa Adélia, em São Mateus, na zona leste de São Paulo, ele vê o trabalho como uma opção caso seja demitido. “Pode ser uma fonte de renda, mas não se compara ao salário que ganho hoje”, afirma.

A situação de Silva é semelhante a de outros funcionários da fábrica, que vivem um período de incerteza por conta do anúncio de que a unidade será fechada. Preocupados com os rumos da montadora, os operários começaram a pensar em alternativas, mas ainda têm expectativa de que a empresa seja vendida para outra empresa do ramo e os empregos mantidos.

A fábrica, que produz caminhões Cargo, F-4000 e F350, e o carro Fiesta, informou em 19 de fevereiro que encerrará as atividades no final do ano. Ao todo, cerca de 3 mil operários e mais de 20 mil trabalhadores de empresas terceirizadas serão afetados com a saída.

Ford anunciou no começo do ano que fechará unidade em São Bernardo do Campo (Kátia Flora/Agência Mural/Folhapress)

O montador Denis Monteiro, 31, trabalha na linha de caminhões e carros há nove anos. Casado, ele é morador do bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, paga o financiamento de um apartamento e, há dois meses, teve o primeiro filho. A esposa é técnica de enfermagem e está de licença maternidade.

Com o comunicado do fechamento, Monteiro ficou sem reação e preocupado diante da crise econômica no país e sobre o que acontecerá com a unidade.

Ele já tem preparado currículos para se precaver e não ficar fora do mercado. “Tenho que seguir a vida, pensava em me aposentar na Ford, mas não será possível. Minha expectativa é de que entre uma nova empresa e eu fique empregado”, diz.

A expectativa de aposentar na companhia foi apontada por vários trabalhadores.

Silva recorda que quando entrou na empresa, em janeiro de 2014, começou na linha dos caminhões Ford. Naquela época, afirma que houve redução no número de funcionários e cortes de benefícios para os que permaneceram na indústria.

“Fizemos sacrifícios aceitando a diminuição de direitos para manter o emprego e a montadora fez readequação dos operários para outros setores”, diz.

A montadora Ford na Avenida Taboão em São Bernardo (Kátia Flora/Agência Mural/Folhapress)

Os metalúrgicos estão trabalhando duas vezes por semana, nas terças e quartas, das 6h às 16h30. Nos outros três dias ficam de folga, até terminar a produção dos carros. Todos fazem um único período de atividades dentro da fábrica.

A planta da Ford foi instalada em São Bernardo há 52 anos, desde que a empresa adquiriu a Wyllis Overland do Brasil em 1967. A fábrica manterá as unidades de Taubaté, no interior de São Paulo, e Camaçari (BA).

O auxiliar de produção Lucas Sanches Padilha, 25, mora na Vila São Pedro, em São Bernardo. Ele trabalha desde o fim de 2013 e começou na produção do Fiesta, na época em que a montadora não estava em crise e o salário ajudou a pagar o aluguel.

Atualmente, faz a montagem de carros e caminhões, por causa do número reduzido de operários.

“A notícia foi um choque, não tem clima de trabalho e aflige nosso emocional e dos familiares também”, comenta. Padilha é técnico de mecatrônica e planeja voltar a estudar. Se não permanecer na empresa, pretende trabalhar por conta própria.

COMERCIANTES

A repercussão da decisão da Ford também afetou os comerciantes da região que sentem a redução de consumo nos estabelecimentos. É o caso do dono da Padaria Paris na rua da empresa, Sandro Luiz dos Santos, 44.

Santos era gerente nacional da indústria farmacêutica e exerceu a função por 20 anos. Em junho do ano passado foi demitido e resolveu empreender. Comprou a padaria no mês de setembro. Investiu cerca de R$ 350 mil, com estoque de produtos, reforma da fachada, maquinário e a contratação de dois funcionários.

Ele ouvia falar que a empresa fecharia, mas não imaginava que fosse rápido. “Estou preocupado porque coloquei toda minha rescisão aqui, e a Ford representa 35% do faturamento. Se não tiver um comprador, o impacto será grande, muitos estabelecimentos não vão conseguir se manter”, comenta.

Segundo o empresário, muitos comércios têm convênios com a montadora, como farmácia, posto de gasolina e hospitais, o que causaria uma redução drástica na economia local, caso se confirme a saída.

Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que foi aprovado por unanimidade o pacote de indenização dos trabalhadores em assembleia realizada no fim do mês de abril.

A negociação inclui o pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), PDI (Plano de Demissão Incentivada), amparo psicológico, curso de requalificação profissional, ajustes no plano médico, cláusula de quitação dos contratos de trabalho, entre outros.

Foi garantida também a permanência até 30 de março de 2020 dos trabalhadores que atuam nas áreas administrativas da Ford. As negociações com empresas interessadas na planta da Ford de São Bernardo do Campo seguem em andamento.

Kátia Flora é correspondente de São Bernardo Campo
katiaflora@agenciamural.org.br

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Manhã de greve tem escolas fechadas em ao menos 14 cidades da Grande SP https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/manha-de-greve-tem-escolas-fechadas-em-14-cidades-da-grande-sp/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/manha-de-greve-tem-escolas-fechadas-em-14-cidades-da-grande-sp/#respond Wed, 15 May 2019 16:50:40 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-15-at-12.34.25-320x213.jpeg true https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16217 A manhã desta quarta-feira (15) teve escolas fechadas, dúvidas dos pais e mobilização de alunos e educadores nas periferias de São Paulo e da região metropolitana.

A paralisação dos professores atingiu ao menos 14 cidades da Grande São Paulo, segundo levantamento da Agência Mural.

Biritiba-Mirim, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu-Guaçu, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Osasco, São Bernardo do Campo, Vargem Grande Paulista, além da própria capital, tiveram interrupção das aulas. Parte dos moradores irá para a avenida Paulista nesta tarde. 

Na região do Parque Cisper, em Ermelino Matarazzo, a escola João Franzolin Neto teve paralisação de 60% dos professores. Na escola municipal Rosângela Rodrigues Vieira, 90% pararam.

Na Brasilândia, zona norte, a escola Hélio Heber Lino teve aula de apenas dois professores em sala de aula, enquanto na CEI Jardim Dionísio, no Jardim Ângela, zona sul, a unidade funcionou até 11h.

“Minha filha de oito anos, que estuda na escola estadual Jardim Aurora, não teve aula. Me prejudicou no que tinha para fazer hoje e também não vai ter balé no CEU Jambeiro”, disse Kátia Figueiredo Lima, 43, moradora de Guaianases, na zona leste.

Professora da escola estadual Aurélio Campos, em Interlagos, na zona sul, Claudia Maria Luciano, 57, afirma que a redução de recursos no ensino superior afeta também o ensino de base.

“A educação básica depende fundamentalmente das pesquisas que são feitas nas universidades públicas. Tudo o que é feito para a melhoria do conhecimento está dentro das universidades. Indiretamente quem acaba sendo prejudicado com isso é a educação básica”, afirma.

Escola sem aulas em Mairiporã (Humberto Muller/Agência Mural/Folhapress)

“Este é o primeiro momento que os agentes da educação estão se mobilizando contra este governo, que tem um discurso anti-intelectual e anti-conhecimento”, diz o professor Raimundo Justino, de Ermelino Matarazzo, na zona leste.

“Já tivemos muitos governos que trataram a educação com descaso, mas esse a trata como inimiga”, opina o educador.

GRANDE SP

Até a noite desta terça-feira (14) escolas de ao menos oito cidades haviam aderido, mas outros municípios também tiveram paralisações na manhã de hoje.

Em Franco da Rocha, na região norte da Grande São Paulo, ao menos quatro escolas tiveram paralisação completa, caso das municipais José Augusto Moreira – Estância Lago Azul, Arnaldo Guassieri, na Vila Lanfranchi, a Egydio José Porto, no Parque Vitória, e a escola estadual Luiz Alexandre, no Jardim dos Bandeirantes.

A informação passada pela coordenadora é de que 90% dos colégios tiveram suspensão parcial ou total das aulas. Na rede municipal, a prefeitura informou que 18 escolas registram paralisação total; 24 com paralisação parcial; 10 funcionam normalmente. Situação parecida vive a cidade vizinha de Mairiporã.

“Na escola da minha filha foi avisado via agenda e o professor reforçou pelo Whatsapp”, diz o autônoma Giselle Guidoni Carvalho, 33. A filha dela estuda na escola municipal Muffarege Salomão Chamma.

“Todos têm o direito de protestarem e paralisarem suas funções em decorrência de uma reivindicação. Entretanto, não existe uma outra solução, pelo menos nos meios em que pesquisei, que solucione a questão da previdência”, diz Giselle.

A auxiliar de farmácia Keiti Moraes Ferraz, 26, tem um filho que estuda na escola Nicolau Pinto da Silva, colégio que também teve aulas paralisadas. “Não me afetou. Super apoio a manifestação dos professores. Inclusive, queria ir participar”, diz Keiti.

Havia um cartaz colado na porta da escola com a informação sobre o funcionamento nesta quarta.

Em Guarulhos, município de 1,3 milhão de habitantes, a informação é de que 119 escolas municipais tiveram paralisação das aulas. A prefeitura de Guarulhos não confirmou a quantidade.

Manifestantes caminharam até a prefeitura em São Bernardo (Cadu Bazilevsky)

No Alto Tietê, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 23 escolas não têm aulas em Mogi das Cruzes. Segundo a entidade, em Biritiba Mirim as três escolas estaduais da cidade funcionam apenas parcialmente. Em Guararema, das seis escolas estaduais, a Apeoesp estima que a paralisação está em 60%.

Em São Bernardo do Campo, os professores caminharam da praça Santa Filomena até o Paço municipal. Em meio ao protesto, houve também reivindicações sobre a educação local.

A professora Andrea Rocha, 46, da rede municipal, dá aula para o quinto ano do ensino fundamental na Emeb Olegário José Godoy, no bairro Montanhão. Ela critica o modelo implantado no colégio.

“Não é uma escola integral, é de tempo integral. [A prefeitura] pegou a escola e colocou os alunos ali dentro. Só que a escola não tem estrutura para receber essas crianças. Não tem quadra, não tem biblioteca, é um computador para cada três crianças”, diz Andrea.

Da Agência Mural: Paulo Talarico, Priscila Pacheco, Rafael Balago, Aline Venâncio, Humberto Muller, Jariza Rugiano, Jéssica Silva, Leticia Marques, Lucas Veloso, Micaela Santos, Thalita Monte Santo.

 

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Animação dirigida por morador de São Bernardo concorre em festival na França https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/04/25/animacao-dirigida-por-morador-de-sao-bernardo-concorre-em-festival-na-franca/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/04/25/animacao-dirigida-por-morador-de-sao-bernardo-concorre-em-festival-na-franca/#respond Thu, 25 Apr 2019 17:16:10 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/SCREEN02._Linha_-apresenta-dois-homens-de-mesma-comunidade-que-saem-para-trabalhar-e-suas-vidas-se-cruzam-de-forma-inesperada-Arquivo-pessoal_Equipe-de-produção-320x213.png https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16115 Jariza Rugiano

No lugar de falas, os sons de uma cidade ajudam a compor a paisagem e a narrativa de uma história com personagens que se comunicam apenas por gestos e expressões faciais.

Desse modo, o curta-metragem de animação “Linha” apresenta dois homens de uma mesma comunidade e que não se conhecem até que as vidas deles se cruzam de forma inesperada.

“O fio condutor do curta é o racismo estrutural [forma como esse preconceito é naturalizado na sociedade] e como ele impacta a vida de um homem negro da periferia, como eu”, afirma Francisco Lira, 27, diretor e roteirista da animação que tem 3min12.

O trabalho concorre nesta semana em categorias do festival francês Concours de Courts e do prêmio pernambucano Curta Taquary.

“A comunidade do curta é baseada num grande centro urbano, como São Paulo, com recortes das vizinhanças, minha e de cada integrante da equipe que fez parte da produção”, ressalta.

Isabelle Puertas, Iago Ferreira, Francisco Lira e Rogério Martins fizeram a produção do curta (Acervo Pessoal/Equipe de produção)

“Linha” é a obra audiovisual de estreia de Lira, morador do Jardim das Orquídeas, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Formado em Rádio, TV e Internet pela Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), o diretor diz acreditar que um dos interesses desses eventos pelo curta-metragem é a narrativa por ambientação sonora e gestos. “Não ter falas foi um aspecto que nos atentamos muito na hora de fazer. Isso torna o filme compreensível em qualquer lugar, é uma coisa enriquecedora enquanto produto audiovisual”, destaca.

Além de roteirizar, dirigir e finalizar, Lira dividiu etapas da produção do curta-metragem com Isabelle Puertas, moradora do bairro Jardim Ana Maria, em Santo André, Iago Ferreira, da Mooca, e Rogério Martins, morador da Aclimação em São Paulo.

Os integrantes também trabalharam na parte da cenografia, produção, animação, som e storyboard, processo pelo qual se organiza a história em quadrinhos para imaginar cada quadro estático antes de ganhar movimentos.

Inscrito em mais de 10 festivais, “Linha” levou oito meses para ser feito. O curta foi finalizado em dezembro de 2018 como o TCC (Trabalho de Conclusão) do curso de Animação do CAV (Centro Audiovisual) de São Bernardo do Campo.

Após a passagem pela temporada de festivais, a equipe pretende disponibilizar a obra em plataformas como o YouTube.

Tempo no transporte público enfrentado por moradores das periferias está presente no curta (Acervo Pessoal)

Entre as técnicas adotadas no curta está a tradigital, a qual explora a animação frame a frame feita por computador. Para chegar ao resultado e fluidez nos personagens, foi utilizada a rotoscopia, que consiste em “desenhar por cima” de imagens ou fotografias feitas pela equipe.

“Por mais que eu tenha sido o roteirista, toda uma discussão foi feita entre nós, do grupo, para encontrar a melhor forma de abordagem. Acaba tendo uma vivência coletiva e acreditamos na necessidade de contar essa história”, diz Lira.

O apoio para concretizar o curta-metragem veio da estrutura e da orientação dos educadores do CAV. Quando necessário, o grupo adiantava algumas etapas do trabalho em casa.

O grupo também economizou para fazer o trabalho, porque boa parte das cenas foi feita a partir de fotos captadas previamente pela equipe, servindo de base para a animação.

PAIXÃO PELA ESCRITA

Lira se interessou pela área audiovisual a partir do texto. “Sou apaixonado pela escrita. Eu me impressionei primeiro com a escrita audiovisual, por causa de alguns roteiros de séries e filmes. A possibilidade de criar algo do zero, construir uma obra e levar as pessoas a refletir sempre me atraiu”, descreve.

Atualmente, ele trabalha como motion designer e editor de vídeos. A respeito da dificuldade em trabalhar com o audiovisual, Lira indica o apoio de ações afirmativas: a bolsa integral do Prouni (Programa Universidade Para Todos) na faculdade e cursos gratuitos como os do CAV.

“Mas muitos cursos, exposições e mostras estão distantes geograficamente das periferias, além de serem caros. Junto com a dificuldade financeira e de acesso, tem a falta de fomento às artes. O estímulo à cultura é essencial e também precisa ser feito nas bases da sociedade”, complementa.

Diretor e roteirista do curta “Linha”, Francisco Lira vive no Jardim das Orquídeas (Acervo Pessoal)

FESTIVAIS

A animação “Linha” concorre a melhor filme da Mostra Dália da Serra, competição do 12º Curta Taquary que premia filmes feitos em oficinas ou cursos livres de audiovisual.

O festival é realizado no agreste pernambucano, na cidade de Taquaritinga do Norte, e a organização forneceu convite, hospedagem e alimentação para a estadia de Lira, para ele assistir ao resultado no sábado (27).

Já o 16º Concours de Courts, festival em Toulouse, na França, será acompanhado a distância.

A obra é uma das 19 selecionadas entre os 470 curtas inscritos e concorre nas categorias Melhor Curta Internacional, Prêmio Especial do Júri e Curta do Coração do Público. O resultado está previsto para sexta-feira (26).

“É uma honra receber essas indicações. É muito bom ter o reconhecimento com um produto de relevância social”, destaca Lira.

Além de se aperfeiçoar profissionalmente, ele pretende passar o conhecimento audiovisual adiante e dar aulas. “Se algum dia for possível inspirar e ver mais pessoas de periferia, como eu, chegando em festivais e conseguindo expor a arte e a verdade delas, vou me considerar extremamente realizado”, conclui.

Jariza Rugiano é correspondente de São Bernardo do Campo
jarizarugiano@agenciamural.org.br

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A dona de casa Jaciara Maria Lira de Souza, 62, perdeu boa parte dos móveis do apartamento nesta segunda-feira (11). Localizado na rua Botucatu, o prédio fica praticamente ao lado do Ribeirão dos Couros, que transbordou no Jordanópolis, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Vários pontos foram afetados no ABC e na capital.

“Há 30 anos vivo aqui e a primeira enchente que peguei foi em 1991. Perdi tudo”, relembra. “Faz uns oito anos que não enchia desse jeito. Enchia a rua, mas não entrava no prédio. Desta vez, perdi minha cama, roupas, gavetas, brinquedos e estou conferindo o que dá pra recuperar”, relatou.

A situação de medo no bairro durante o verão é recorrente. Quando chove é comum ver os moradores levando carros e motos para pontos mais altos do bairro e correndo para colocar comportas nas casas.

No momento da enchente, Jaciara estava com o neto de três anos. A água começou a escoar no meio da madrugada.  “A prefeitura está nos abandonando. E se a Defesa Civil aparecer, pede pra ver o que perdemos. Não aceitam nossas fotos e vídeos, querem ver o estrago ao vivo. Mas como, se precisamos jogar no lixo? Como virou rotina, acho que a atenção deles acabou”, completa.

Na tarde desta segunda-feira (11), o prefeito Orlando Morando (PSDB) afirmou que os laudos aceitarão registros fotográficos dos moradores.

De acordo com a Defesa Civil do Estado, foi registrado o volume pluviométrico de 177 mm das 18h do domingo às 9h de segunda-feira no município. Esse índice de chuva equivale a todo o mês de março, causando deslizamentos, óbito, prejuízos materiais em residências e comércios.

Móveis acumulados na casa de Jaciara, após a chuva (Jariza Rugiano/Agência Mural/Folhapress)

O problema no Jordanópolis veio em meio ao temporal do começo da semana, mas obras para reduzir o impacto das chuvas não funcionaram.

Por lá passa o Ribeirão dos Couros, que também atinge os bairros Jordanópolis, Paulicéia e Taboão, seguindo pelo limite com a cidade de Diadema, ao cruzar a Avenida Piraporinha, e com São Paulo, chegando ao Ribeirão dos Meninos.

“Domingo (10), umas 21h30, tentei sair do Rudge Ramos para voltar pra casa, mas foi impossível porque a enchente atingiu a Via Anchieta”, descreveu Valéria do Amaral Santos, 32, moradora do Jordanópolis.

A empreendedora Kátia Maria de Lima, 32, abriu uma lanchonete na rua Sérgio Milliet, há quase um ano, e ficou com os equipamentos submersos. “Eu e meu marido, estamos desempregados. Então alugamos esse lugar para manter nossas contas em dia e ajudar em todas as outras necessidades”, explicou.

“Perdemos alguns móveis e muitos alimentos. Desligamos o freezer e estamos orando para que não tenha queimado. Ainda não sei como calcular o prejuízo, mas foi bastante”, concluiu.

Proprietários da Nunes Lanches limpando local após temporal (Jariza Rugiano/Agência Mural/Folhapress)

“Como não teve uma enchente dessa no último ano, a maioria dos moradores achou que não iria acontecer mais, então muitas comportas ficaram sem manutenção. A teimosia de achar que o piscinão está funcionando. Essa é a rotina da nossa vida inteira”, diz a técnica de enfermagem Luana Lira dos Santos, 30, que ajudava a mãe, Jaciara, na limpeza do apartamento.

PREFEITURA

Sobre a situação do bairro, o prefeito Orlando Morando (PSDB) afirmou que uma obra para reduzir os danos no bairro Jordanópolis, por onde também passa o Córrego Pindorama, foi novamente licitada.

“Conseguimos um aditamento de prazo no final do ano de 2018 com a Caixa Econômica Federal e agora está entrando em licitação, para conclui-la. É obra específica da Prefeitura, de R$ 110 milhões”, disse. A retomada das obras do Pindorama está prevista para até 30 dias.

Projeto incompleto, previsto inicialmente para 2016, o Drenar (piscinão do centro de São Bernardo), ficará pronto em  agosto, promete o gestor. A obra tem orçamento de R$ 353 milhões e faz parte do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

“Mesmo antes da inauguração, os 67% feito teve função. Se não tivéssemos essa parte, a tragédia seria pior no centro de São Bernardo”, alega.

Os lojistas da Rua Jurubatuba [centro], que protestaram após a perda de materiais, informaram que a água passou de 1m20. “Sem o piscinão, é provável que passasse de 2m de altura”, afirmou o tucano.

A prefeitura anunciou 14 medidas formalizadas em decreto de calamidade pública, como vale-refeição, entrega de colchões, vale-transporte gratuito por 15 dias e acordo com a Sabesp para uso de 30 dias de água gratuitamente para limpar as casas e o entorno.

Também está previsto o alojamento para aqueles que não têm condições de ficar em suas residências, isenção do IPTU 2019 para residências atingidas; indenização com recursos da Prefeitura pelo Bolsa Cobertura, bolsa Aluguel para famílias que perderam as casas.

“Até sexta-feira, 15 de março, se não chover na mesma intensidade, a funcionalidade da cidade será retomada”, diz.

Jariza Rugiano é correspondente de São Bernardo do Campo (SP)
jarizarugiano@agenciamural.org.br

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Periferias não conseguem transporte para ir trabalhar nesta segunda https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/03/11/periferias-nao-conseguem-transporte-para-ir-trabalhar-nesta-segunda/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/03/11/periferias-nao-conseguem-transporte-para-ir-trabalhar-nesta-segunda/#respond Mon, 11 Mar 2019 14:16:50 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/WhatsApp-Image-2019-03-11-at-10.06.101-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15754 As chuvas da noite deste domingo (10) e na madrugada desta segunda-feira (11) complicaram a vida de quem depende do transporte público nesta manhã nas periferias da capital e na Grande São Paulo.

O volume grande do temporal chegou aos principais rios da região como o Tamanduateí, que transbordou e afetou o nível do Rio Tietê.

“Moro em Heliópolis [na zona sul], acordei e fui para a estrada das Lágrimas pegar o ônibus para ir ao trabalho, no Paraíso. Quando cheguei no ponto, vi que estava muito cheio. Lá fui informada de que os coletivos não estavam passando, pois a garagem estava alagada”, conta a analista de comunicação Renata Nascimento, 31.

As regiões mais afetadas por alagamentos foram as cidades de São Bernardo, Santo André, São Caetano do Sul, Mauá, no ABC paulista. Segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a chuva chegou até 184mm na Vila João Ramalho, em Santo André, quantidade prevista para o mês inteiro.

Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo (Aline  Davi/Acervo Pessoal)

Situação parecida ocorreu em São Bernardo do Campo, em que bairros onde não havia enchentes tiveram problemas nesta manhã.

“Muito triste o que está rolando por aqui em São Bernardo. No nosso bairro mesmo, as pessoas perderam tudo. Houve alagamento até o teto dessas casas. Ouvi dizer que houve mortes em deslizamentos na cidade”, diz Aline Davi, 41, moradora de Rudge Ramos. Sete pessoas morreram nesta manhã, uma em São Bernardo, quatro em Ribeirão Pires e duas em São Paulo.

A cidade teve transbordamentos inclusive em bairros com piscinões. Houve pontos de alagamento na Vila São Pedro, na rua Jurubatuba, e no centro.

A circulação de trens da linha 10-turqueza (Brás – Rio Grande da Serra) foi interrompida e não há previsão de normalização. Vários moradores desistiram de ir ao trabalho, impedidos de chegar a capital com o problema.

Foi o caso de Eduardo Batista do Santos, 23, que mora em Mauá e faz estágio de engenharia próximo ao shopping Morumbi. “Não consegui passar da estação Santo André”, conta.  “Toda a parte subterrânea da estação Santo André estava com água, não tinha como trafegar da estação leste para a oeste. Voltei com mesmo ônibus intermunicipal 157. Nessa tentativa, levei duas horas”, diz.

As aulas na Universidade Federal do ABC foram canceladas nos dois campus, em São Bernardo e Santo André.

CAPITAL

Professora de educação infantil, Luciana Carvalho, 32, não conseguiu sair para o trabalho nesta manhã. A rua Dom Bosco, em que mora, amanheceu alagada e permaneceu cheia até às 6h30.

“Impossível sair de casa assim. Quando a água abaixou já era cerca de 10h. Agora já perdi o dia porque trabalho até o 12h30. Eu posso pedir para abonar o dia, mas é uma concessão, a diretora pode dar ou não. Ela não é obrigada”, reclama a professora, que vive na Mooca, zona leste.

“Moro há seis anos aqui e á a primeira vez que vejo a rua assim alagada. Isso nunca tinha acontecido antes. O porteiro disse que à noite foi pior, a água chegou na altura dos capôs dos carros”, completa.

Manhã começou com a rua Dom Bosco alagada, na Mooca, zona leste (Luciana Carvalho/Acervo pessoal)

Ainda na zona leste, a Avenida Aricanduva teve boa parte de sua extensão alagada neste domingo por volta das 22h30. A extensão sentido Cidade Tiradentes teve alagamentos e a via Ragueb Choffi, também sentido Cidade Tiradentes, tinha diversos pontos intransitáveis.

Um deles com água barrenta de um rio que transbordou. Motoristas tiveram de circular na contramão para fugir do problema.

No Expresso Cidade Tiradentes, que liga o Parque Dom Pedro a Vila Prudente, a situação ficou tensa por volta das 22h30. Com a avenida do Estado alagada, o motorista não conseguiu chegar ao ponto final, na avenida Inácio de Anhaia Mello, e precisou manobrar de ré, para desviar do problema. Moradores ficaram seis horas dentro do coletivo e uma pessoa quebrou um vidro para sair do ônibus.

O motorista contornou a situação e tomou uma nova rota em direção ao Terminal São Mateus, quando chegou por volta das 4h.

A assistente fiscal Flávia Lima, 24, mora em Guaianases, na zona leste. Ela conseguiu chegar até a Barra Funda, mas os ônibus não estavam saindo. “Mesmo tendo três opções de lotação, que posso pegar para chegar no serviço, não tinha nenhuma no terminal que estava praticamente vazio. Decidi ir andando, uma caminhada de aproximadamente 25 minutos.”

Rua Bocaíuva, Conjunto Habitacional Castelo Branco, Cohab 5 em Carapicuíba (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural/Folhapress)

METRÔ TUCURUVI

Devido as fortes chuvas, os usuários do ônibus municipal linha 105 – Jardim Moreira (Guarulhos) já se preparavam para permanecer mais do que o programado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), sendo até 60 minutos para à chegada ao destino final, o metrô Tucuruvi, em São Paulo.

“Embarquei no coletivo pontualmente às 6h59 e ao chegar na estação Tucuruvi (Linha 1) às 8h28, 1h30 depois do esperado, dei de cara não só com a estação lotada, mas também com uma estratégia de bloqueio na entrada por medidas de segurança, segundo o anúncio do metrô de São Paulo no Twitter”, relata Jéssica Souza, correspondente de Guarulhos.

Ainda no Twitter, o metrô de São Paulo se manifestou, às 6h04, alegando que: “A linha 1-Azul estava com a circulação dos trens sendo normalizada”.

MAIRIPORÃ

A chuva atrapalhou também regiões que não tiveram uma quantidade tão alta de água. Em Mairiporã, na Grande São Paulo, a chuva veio mais fraca e a cidade não registrou alagamentos ou deslizamentos.

Porém, desde cedo vários ônibus que saíram de Mairiporã ficaram presos no congestionamento na Marginal Tietê, que esteve interditada desde a madrugada.

Veículos das linhas 240, 187 e 566 da EMTU, que saíram antes das 6h, permaneciam parados na via mais de três horas depois com passageiros dentro.

Por conta disso estas linhas deixaram de circular a partir das 7h50, forçando a população a seguir em outros ônibus em direção ao Tucuruvi e Parada Inglesa. Estes coletivos estão saindo lotados e com intervalos maiores.

MOGI DAS CRUZES

No Alto Tietê, o receio é outro. Nas últimas semanas, informações sobre o limite da represa Jundiaí, situada em Mogi das Cruzes, tem levado moradores de vários bairros a se preocuparem. Na madrugada desta segunda-feira (11), a Sabesp e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), enviaram um comunicado de que a represa encontra-se em estado de alerta.

“Caso permaneçam as chuvas nas próximas hora na Bacia do Jundiaí (o índice pluviométrico das últimas 5 horas atingiu 150mmo) há previsão de em 12 horas atingir a cota máxima e com isso poderá haver vertimento de água excedente represada na barragem Jundiaí”. Vertimento é quando há o escoamento de água excedente para evitar dano estrutural.

A situação pode afetar os bairros mogianos como Jardim Santos Dumont 2º, Jardim Santos Dumont 3º, Jardim Aeroporto 2º, Jardim Aeroporto 1º, Jundiapeba, Oropó, entre outros junto a várzea do Rio.

Além disso, moradores da região rural de Mogi relatam que a quantidade de água afetou as plantações de hortaliças no distrito de Jundiapeba.

Ana Beatriz Felicio, Giacomo Vicenzo, Humberto Muller, Jariza Rugiano, Jéssica Silva, Jéssica Souza, Laiza Lopes, Leonardo Barbeiro, Lucas Landin, Lucas Veloso, Kátia Flora, Karol Coelho e Vagner Vital

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São Bernardo, Pirapora e Juquitiba se tornam municípios de interesse turístico https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/06/sao-bernardo-pirapora-e-juquitiba-se-tornam-municipios-de-interesse-turistico/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/06/sao-bernardo-pirapora-e-juquitiba-se-tornam-municipios-de-interesse-turistico/#respond Wed, 06 Feb 2019 20:19:51 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/IMG_0794-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15483 Carolina Franca

Três municípios localizados na região metropolitana de São Paulo receberão cerca de R$ 600 mil por ano para investir no turismo local. São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Pirapora do Bom Jesus, na região oeste, e Juquitiba, na região sudoeste, foram confirmados como MITs (Municípios de Interesse Turístico) nesta terça-feira (5), em votação na Assembleia Legislativa.

Os deputados estaduais aprovaram o projeto de lei que coloca ao todo mais 43 cidades do estado com essa classificação. Há dois anos, outras 97 receberam esse status. O texto vai para sanção do governador João Doria (PSDB).

As três cidades se juntam a Mairiporã, Santa Isabel, Guararema e Mogi das Cruzes, também na Grande São Paulo, e que se tornaram MITs em 2017.

Pirapora do Bom Jesus foi escolhida por conta do turismo religioso e por ser tradicionalmente conhecida pela recepção de romarias. A cidade de 20 mil habitantes recebe 300 mil visitantes anualmente e é considerada também o Berço do Samba Paulista.

No caso de Juquitiba, a 70 km da capital, o motivo foi o potencial para o ecoturismo e turismo de aventura. O município se encontra em uma faixa de Mata Atlântica, pertencente ao Parque Estadual da Serra do Mar e do Jurupará.

Das três cidades, a mais próxima da capital é São Bernardo do Campo. O município apresentou como atrativo os parques “Cidade da Criança” e “Virgílio Simionato”.

Segundo estimativas da prefeitura, em 2017, mais de 334 mil visitaram a região. Só no Festival de Verão da Prainha do Riacho Grande, foram 100 mil pessoas.

Cachoeira em Juquitiba. Parque da Serra do Mar foi um dos atrativos citados em projeto (Divulgação/Prefeitura de Juquitiba)

CORRIDA TURÍSTICA

Para receber os recursos, os municípios afirmaram possuir serviço médico emergencial, locais de hospedagem, de alimentação, de prestação de serviço e de informação turística. Também era preciso atender demandas de abastecimento de água e coleta de lixo, apresentar um plano diretor e ter um Conselho Municipal de Turismo.

O recurso extra será pago pelo governo do estado e deve ser investido no desenvolvimento turístico, como obras de infraestrutura, urbanização, preservação ambiental e serviços de atendimento ao público.

A criação desse repasse foi criada em 2015, quando os deputados aprovaram um projeto de lei complementar. O objetivo era ampliar o número de cidades beneficiadas pelos recursos do Fundo de Melhoria das Estâncias e fomentar a atividade turística do estado.

Por outro lado, o projeto criou uma corrida com diversas prefeituras do estado em busca dos recursos, mesmo as que não tinham caráter turístico. Só na Grande São Paulo, 22 municípios tentaram aprovação do benefício. Para entrar com o pedido, era necessário que um deputado apresentasse o projeto e a documentação da cidade.

É o caso de Carapicuíba, que justificou o pedido de se tornar turística por conta da Aldeia Jesuística. Mas o município ficou de fora na fase final da votação.

Quem se torna MIT pode pleitear três anos depois o status de Estância Turística – a nova avaliação será feita novamente na Assembleia Legislativa.

Atualmente, a Grande São Paulo tem quatro estâncias: Poá, Embu das Artes, Ribeirão Pires e Salesópolis. No entanto, elas terão de comprovar que estão investindo no setor para se manter assim nos próximos anos.

Carolina Franca é correspondente de Itaquera
carolinafranca@agenciamural.org.br

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Cinco cidades do ABC aumentam tarifa de ônibus e grupo marca protesto https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/01/16/cinco-cidades-do-abc-aumentam-tarifa-de-onibus-e-grupo-marca-protesto/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/01/16/cinco-cidades-do-abc-aumentam-tarifa-de-onibus-e-grupo-marca-protesto/#comments Wed, 16 Jan 2019 13:00:02 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Foto-3-1-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15402 Diego Brito

“O aumento na passagem prejudica todo mundo, mas principalmente quem está desempregado”, aponta o eletricista Adailton Pereira Mourão, 25.

Sentado com o currículo nas mãos em um banco da Praça Castelo Branco, no centro de Diadema, na Grande São Paulo, ele está desempregado há pelo menos dois anos, e procurava por trabalho nesta terça-feira (15). Foi para lá da forma que deu: a pé.

“Já não temos dinheiro para procurar emprego e ainda tem reajuste?”, questiona. No município, a passagem paga em dinheiro subiu de R$ 4,40 para R$ 4,65 no dia 6 deste mês. A alta foi de 5,6%, enquanto a inflação oficial dos 12 meses de 2018 foi de 3,59%. 

Além de Diadema, São Bernardo do Campo (R$ 4,40 para R$ 4,75 – reajuste de 7,9%), Santo André (R$ 4,40 para R$ 4,75 – 6,8%), São Caetano (R$ 4,20 para R$ 4,50 – 6,8%) e Ribeirão Pires (R$ 4 para R$ 4,40 – 9%) também reajustaram o valor da cobrança nos coletivos em 2019.

Até o momento, apenas Mauá e Rio Grande da Serra não se pronunciaram sobre o acréscimo no preço das passagens na região do ABC paulista.

Desempregado, Mourão vê dificuldades para buscar trabalho por causa do preço da passagem (Diego Brito/Agência Mural/Folhapress)

Uma manifestação que pede a revogação do reajuste foi marcada para esta quarta-feira (16), na Praça Matriz, no Centro de São Bernardo. O ato foi chamado pelo Comitê Regional Unificado Contra o Aumento das Passagens no ABC, coletivo criado em 2013 e formado por militantes de diversas organizações políticas e movimentos sociais.  

“É um aumento que, além de ser acima da inflação, não corresponde ao atendimento prestado pelas prefeituras e à qualidade do serviço que a gente tem hoje no transporte na região”, comenta Anderson Lopes Menezes, 32, integrante do comitê.

O grupo realizou outras ações semana passada como panfletagem e conversa com os moradores em pontos de ônibus e terminais. “Os moradores dos municípios que não tiveram aumento também sofrem com o reajuste porque trabalham ou fazem outras tarefas nas cidades vizinhas”, diz.

Ele afirma que terão protestos nas outras cidades do ABC nos próximos dias. 

Prefeituras alegam que aumento foi necessário por conta dos gastos das empresas com salários e a inflação (Diego Brito/Agência Mural/Folhapress)

IMPACTO NA POPULAÇÃO

“Tenho que pegar dinheiro emprestado de parente ou vizinho para caçar serviço e não é certeza que vou encontrar. Prejudica muito esse aumento”, ressalta Mourão.

Assim que perdeu o último emprego, em 2017, ele também teve a moto roubada, que era seu principal meio de locomoção. “Quando tinha moto, saía mais em conta pagar a gasolina do que a condução.”

Sobre o valor da condução em Diadema, ele diz que o preço não é justo. “Não vale a pena. Tem pouco ônibus para muita gente. Em horário de pico é lotado, quase não dá para entrar. Se aumentou a tarifa, poderia aumentar a frota também”, finalizou.

Moradora do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, a cuidadora Edna Maria, 45, também está desempregada. Com currículo em mãos, ela descansava em uma praça no centro da cidade após caminhar cerca de 30 minutos nesta terça-feira. “Estou sem emprego há três meses e não tenho dinheiro para pagar a passagem. Entrego currículo a pé. É o jeito que dá.”

O PREÇO NO ABC

Diadema
2017 – 3,80 para 4,20
2018 – 4,20 para 4,40
2019 – 4,40 para 4,65

Santo André
2017 – 3,80 para 4,20
2018 – 4,20 para 4,40
2019 – 4,40 para 4,75

São Bernardo
2017 – 3,80 para 4,20
2018 – 4,20 para 4,40
2019 – 4,40 para 4,75

Ribeirão Pires
2017 – 3,80 para 4
2018 – Sem aumento
2019 – R$ 4 para R$ 4,40

São Caetano
2017 – 3,70 para 4
2018 – 4 para 4,20
2019 – 4,20 para 4,50

PREFEITURAS DIZEM SEGUIR CONTRATOS

Em nota, a Prefeitura de Diadema informou que o aumento “é uma condição contratual e os índices são definidos pela inflação dos últimos 12 meses”. Para pagamento com o cartão de ônibus da cidade, o SOU Diadema, o valor passou de R$ 4 para R$ 4,25.

A Prefeitura de Santo André, também em nota, explicou que o reajuste levou em consideração outros fatores além da inflação, “como salários dos motoristas e funcionários, demais benefícios e insumos de abastecimento da frota, que somados, mantém o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão do sistema”.

No caso da administração de São Bernardo do Campo, a prefeitura afirma que a empresa concessionária solicitou reajuste para R$ 5,05, o que foi rejeitado.

“Na planilha da concessionária, foram considerados aumento das despesas, tais como elevação no óleo diesel, manutenção, consumo de pneus, elevação salarial e benefícios dos operadores”, afirma a gestão.

“Vale destacar que, ao contrário do que acontece na capital, em São Bernardo não há pagamento de subsídio”.

Questionadas pela reportagem, as gestões de Ribeirão Pires e São Caetano não se pronunciaram sobre o tema até a publicação deste texto.

Diego Brito é correspondente de Diadema
diegobrito@agenciamural.org.br

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Casas são derrubadas em São Bernardo na região da represa Billings https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/11/22/casas-sao-derrubadas-em-sao-bernardo-na-regiao-da-represa-billings/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/11/22/casas-sao-derrubadas-em-sao-bernardo-na-regiao-da-represa-billings/#comments Thu, 22 Nov 2018 18:20:40 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Morador-Aurélio-em-frente-sua-casa-que-teve-obra-embargada-pela-prefeitura-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=14854 Kátia Flora

Quem mora no Santa Cruz, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, leva em torno de uma hora para chegar ao centro da cidade. É preciso pegar um ônibus, atravessar a represa Billings pela balsa João Basso, e no bairro Riacho Grande pegar mais um coletivo.

Além das dificuldades naturais de viver no chamado Pós-Balsa, moradores da região passaram a conviver nos últimos meses com um período de incerteza.

Entre julho e setembro, foram removidas cerca de 60 residências. Outros moradores receberam aviso e estão recorrendo para não perder a moradia. A alegação é de que são moradias em área de preservação ambiental. No entanto, alguns estão há décadas no bairro, em um processo semelhante ao que tem ocorrido na Vila Moraes.

O garçom Aurélio de Oliveira Zuliano, 43, comprou há três anos um espaço no terreno do tio que reside há 50 anos na região. Ele foi multado em R$ 2.500 por aumentar mais um cômodo da casa.

“Tive o material de construção apreendido, porta, janela, um vaso sanitário. Gastei cerca de R$ 5.000 e quando vieram recolher com o caminhão da prefeitura, disseram que será difícil recuperar meus pertences”, diz.

Zuliano pagou R$ 70 mil no terreno. Ele entrou com um pedido liminar na justiça junto com um advogado para orientar em caso de demolição. “A minha luta é por mim e outras famílias que estão na mesma situação, queremos a regularização fundiária, mas falta negociação”, lamenta.

Moradores que criaram o fórum social Pós-Balsa (Divulgação)

Os moradores criaram um grupo denominado Fórum Social Pós-Balsa, composto por 12 pessoas, para dar auxílio a quem vive no bairro. Fizeram um abaixo-assinado e coletaram mais de 7.000 assinaturas e levaram para a Câmara Municipal de São Bernardo.

Segundo representantes do fórum, a região do Pós-Balsa tem nove bairros: Tatetos, Taquacetuba, Santa Cruz, Capivari, Água Limpa, Vila dos Pescadores, Bananal e Cinderela. São mais de 4.600 moradias.

“[A prefeitura] derruba várias casas e não tem programa de moradia, de urbanização e fala que nós somos invasores”, afirma o aposentado Edivaldo Mendes, 50. Mendes diz morar há 32 anos no Santa Cruz.

A dona de casa Solange Celestino de Carvalho, 55, mãe de três filhos, vive assustada quando ouve o barulho de helicóptero sobrevoando o espaço em que vive há 10 anos. “Quando ouço,  corro para o quintal e aviso os vizinhos, é sinal que eles vão voltar. As pessoas não tem para onde ir e vamos atrás da lei para evitar o abuso de poder”, indaga.

Destroços de uma casa demolida nos últimos meses (Kátia Flora/Agência Mural/Folhapress)

PREFEITURA

Em nota, a prefeitura de São Bernardo, por meio das secretarias de Habitação e Meio Ambiente e Proteção Animal, afirma que “as demolições mencionadas foram efetuadas em imóveis não habitados, localizados em área de preservação”.

“As intervenções na região do Pós-Balsa têm como objetivo corrigir irregularidades, infrações e crimes cometidos contra o meio ambiente em área de preservação ambiental”, afirma.

A administração alega possuir autorização judicial para efetuar as operações e diz que há ainda demolições de construções não ocupadas e edificadas em áreas de proteção ambiental, que serão efetuadas.

Sobre o futuro de quem vive na região, a gestão diz ter um programa habitacional que segue o cadastro de famílias atendidas pelo Bolsa Aluguel. Mas não cita se o Pós-Balsa será contemplado.

“Os projetos em andamento na secretaria de Habitação têm como foco populações de assentamentos precários e irregulares, acompanhados de Projetos Integrados de Habitação, Urbanização e Regularização Fundiária, além de famílias em área de risco e projetos de contenção de risco”.

A gestão alega ainda que segue determinação do Ministério Público. Procurado, o MP confirmou que há inquéritos civis em andamento na Promotoria de São Bernardo do Campo que apuram a ocupação desordenada do solo na região do Pós-Balsa.

“No âmbito destes inquéritos, tem determinação para que o Município exerça o poder-dever de polícia para garantir o congelamento do adensamento populacional, o que pode resultar, inclusive, em remoções”.

Kátia Flora é correspondente de São Bernardo
katiaflora@agenciamural.org.br

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Bolsonaro vence no ABC; Doria perde em cidades da Grande SP https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/10/28/bolsonaro-vence-no-abc-doria-perde-na-grande-sp/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/10/28/bolsonaro-vence-no-abc-doria-perde-na-grande-sp/#respond Mon, 29 Oct 2018 00:22:57 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/tnrgo_abr_2810186522-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=14750 Jair Bolsonaro, presidente eleito neste domingo (28), teve votações expressivas em São Bernardo do Campo, reduto do ex-presidente Lula (PT), e em várias outras cidades da Grande São Paulo. Em São Bernardo, o candidato do PSL teve 59% dos votos.

A cidade já teve 100% das urnas apuradas. Sua votação foi maior nos distritos ao norte da cidade. Na vizinha Santo André, o percentual de votos ao capitão reformado foi de 66%.

Os dois municípios são administrados pelo PSDB desde 2016, quando Orlando Morando e Paulo Serra ganharam as prefeituras respectivamente.

Houve também vitórias de Bolsonaro em Mauá (62%) e Diadema (52%). O presidente eleito teve votações expressivas em Mogi das Cruzes (71%), Suzano (67%) Guarulhos (66%), Osasco (63%) e Barueri (63%).

GOVERNADOR

Eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB) teve votação menor do que Márcio França (PSB) em cidades que têm o maior eleitorado da região metropolitana. Em Guarulhos, foram 57% dos votos para o socialista, contra 42% do tucano. O PSB governa o município com o prefeito Guti.

Em Osasco, França teve 62% dos votos contra 37% de Doria. Na mesma região, Carapicuíba registrou 58% dos votos a favor do candidato derrotado.

Mesmo administrada pelo PSDB, São Bernardo do Campo também registrou maior votação para França (52%), assim como a vizinha Diadema, com 62%.

Doria levou a melhor em cidades com menos de 400 mil eleitores e que são administradas pelo PSDB. Ainda no ABC, Doria levou a melhor em São Caetano do Sul, onde recebeu 63% dos votos e em Santo André com 54%.

No município de Mogi das Cruzes, ele obteve 57% dos votos e, em Mairiporã, o governador eleito recebeu 56% dos votos. Ele também ficou a frente em Barueri (52%) e Santana Parnaíba (56%).

Paulo Talarico é correspondente de Osasco
paulo@agenciamural.org.br

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