Mural https://mural.blogfolha.uol.com.br Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP Mon, 27 Dec 2021 13:12:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Guarulhos faz aniversário, mas prédios históricos estão sem preservação https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/12/07/guarulhos-faz-aniversario-mas-predios-historicos-estao-sem-preservacao/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/12/07/guarulhos-faz-aniversario-mas-predios-historicos-estao-sem-preservacao/#respond Sat, 07 Dec 2019 16:52:53 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/Casarão-José-Maurício_Gleissielisouza_2-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=17073 Gleissieli Souza

A segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo comemora 459 anos neste domingo (8). Com mais de 1,3 milhão de habitantes, Guarulhos abriga um dos maiores aeroportos da América Latina e o mais importante do país.

Contudo, são poucas as marcas do passado preservadas e acessíveis à população. 

Embora o município tenha uma legislação específica para a preservação do patrimônio histórico (Lei 6.573/2009), prédios e monumentos abandonados marcam várias áreas da cidade. 

“O desafio é enorme, começa pela dificuldade de que a cidade sofre pressão econômica e imobiliária tão grande que a preservação do patrimônio fica difícil de conciliar”, comenta o historiador Tiago Cavalcante Guerra, 39, membro da AAPAH (Associação Amigos do Patrimônio e Arquivo Histórico de Guarulhos). 

A entidade foi criada por moradores da cidade com o objetivo de ajudar na preservação da memória, e a pensar políticas e ações de preservação.

Sitio Candinha. Atualmente, prédio está fechado (Arquivo Histórico Municipal)

O caso mais emblemático do que afirma Guerra é o casarão Sarraceni. Ele foi destombado em 2010 para dar espaço a vagas de estacionamento no Internacional Shopping, com a alegação de que não possuía vínculo histórico e arquitetônico relevante.

O espaço, demolido de madrugada, abrigou em seu porão a primeira indústria de sapatos e artefatos de couro da cidade, e serviu de refúgio para combatentes na Revolução Constitucionalista de 1932.

Além deste casarão, outros locais hoje também só existem em fotografias, como o antigo convento de freiras e os casarões gêmeos da família Carbonell. A demolição desses prédios marcou um período de crescimento acelerado do município.

“Um dos lemas da cidade é sempre a questão da evolução, do progresso. Nosso hino fala: ‘chaminés como lanças erguidas nos apontam o caminho a seguir’, mostrando o futuro, muitas vezes esquecendo o passado”, ressalta Guerra. 

Detalhe do Casarão José Maurício (Gleissieli Souza/Agência Mural/Folhapress)

Outro caso famoso é o do casarão José Maurício, localizado na Rua 7 de Setembro, na região central da cidade. Construído em 1937, era residência do ex-prefeito José Maurício de Oliveira, que governou por dois mandatos (1919-1930 e 1940-1945).

O imóvel já serviu para diversas finalidades, desde fórum até sede de secretarias municipais, até ser totalmente desocupado no início dos anos 2000. A casa foi tombada pelo patrimônio histórico e pertence a prefeitura desde 2013, mas já sofreu dois incêndios. 

Segundo a Secretaria de Cultura da Prefeitura, o processo de recuperação do espaço foi iniciado em outubro, quando foram realizados o isolamento da área, limpeza do local, desratização e análise de estrutura. A previsão da finalização da reforma é de sete meses. A ideia é que se torne o Centro de Formação de Educação. 

Também em situação de abandono está a Casa Candinha, erguida na primeira metade do século 19 com taipa de pilão e que foi parte da antiga Fazenda Bananal. 

Casa da Candinha sem manutenção (Bruno Leite de Carvalho/AAPAH)

O espaço está fechado. Segundo a prefeitura, “foi feita uma vistoria técnica para iniciar os serviços de prospecção arqueológica no local e no entorno”. A gestão diz que esta etapa é determinante para o desenvolvimento do projeto de restauro da edificação.

Questionara sobre os investimentos para preservação desses locais, a prefeitura diz que por conta da dívida herdada do governo passado não tem recursos para a restauração de patrimônios públicos. 

Afirma que o atual governo está se empenhando para atrair parcerias com empresas dispostas a investir na conservação e preservação do patrimônio histórico.

“A preservação do patrimônio não é uma prioridade, seja o governo que for. Hoje, a nossa história está sendo dilapidada e destruída por omissão do poder público; o que reflete o cenário nacional”, avalia Guerra. 

Igreja Matriz é um dos símbolos do passado de Guarulhos (Gleissieli Souza/Agência Mural/Folhapress)

SINAIS DA HISTÓRIA

Fundada em 1560 pelo padre jesuíta Manuel de Paiva, Guarulhos nasceu com o nome de Nossa Senhora da Conceição. Tornou-se província em 1880 e conquistou o status de cidade em 1906. 

A origem de Guarulhos está associada a mineração de ouro encontrado na região, que antes era habitada pelos índios Guarus, da tribo dos Guaianases. Na região funcionou um aldeamento, espaço criado pelos jesuítas com a tentativa de converter os indígenas.

Apesar dos espaços abandonados, ainda há locais que trazem marcas da história da cidade. 

Entre eles estão a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em 1685; a Praça Getúlio Vargas, de 1952; o Hospital Padre Bento (antigo sanatório para tratamento de leprosos), de 1931; a Igreja de Bom Sucesso, da segunda metade do século 19 e a antiga estação de trem da Tramway da Cantareira (trem que ligava São Paulo à Guarulhos). 

Gleissieli Souza é correspondente de Guarulhos

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Manhã de greve tem escolas fechadas em ao menos 14 cidades da Grande SP https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/manha-de-greve-tem-escolas-fechadas-em-14-cidades-da-grande-sp/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/manha-de-greve-tem-escolas-fechadas-em-14-cidades-da-grande-sp/#respond Wed, 15 May 2019 16:50:40 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-15-at-12.34.25-320x213.jpeg true https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16217 A manhã desta quarta-feira (15) teve escolas fechadas, dúvidas dos pais e mobilização de alunos e educadores nas periferias de São Paulo e da região metropolitana.

A paralisação dos professores atingiu ao menos 14 cidades da Grande São Paulo, segundo levantamento da Agência Mural.

Biritiba-Mirim, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu-Guaçu, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Osasco, São Bernardo do Campo, Vargem Grande Paulista, além da própria capital, tiveram interrupção das aulas. Parte dos moradores irá para a avenida Paulista nesta tarde. 

Na região do Parque Cisper, em Ermelino Matarazzo, a escola João Franzolin Neto teve paralisação de 60% dos professores. Na escola municipal Rosângela Rodrigues Vieira, 90% pararam.

Na Brasilândia, zona norte, a escola Hélio Heber Lino teve aula de apenas dois professores em sala de aula, enquanto na CEI Jardim Dionísio, no Jardim Ângela, zona sul, a unidade funcionou até 11h.

“Minha filha de oito anos, que estuda na escola estadual Jardim Aurora, não teve aula. Me prejudicou no que tinha para fazer hoje e também não vai ter balé no CEU Jambeiro”, disse Kátia Figueiredo Lima, 43, moradora de Guaianases, na zona leste.

Professora da escola estadual Aurélio Campos, em Interlagos, na zona sul, Claudia Maria Luciano, 57, afirma que a redução de recursos no ensino superior afeta também o ensino de base.

“A educação básica depende fundamentalmente das pesquisas que são feitas nas universidades públicas. Tudo o que é feito para a melhoria do conhecimento está dentro das universidades. Indiretamente quem acaba sendo prejudicado com isso é a educação básica”, afirma.

Escola sem aulas em Mairiporã (Humberto Muller/Agência Mural/Folhapress)

“Este é o primeiro momento que os agentes da educação estão se mobilizando contra este governo, que tem um discurso anti-intelectual e anti-conhecimento”, diz o professor Raimundo Justino, de Ermelino Matarazzo, na zona leste.

“Já tivemos muitos governos que trataram a educação com descaso, mas esse a trata como inimiga”, opina o educador.

GRANDE SP

Até a noite desta terça-feira (14) escolas de ao menos oito cidades haviam aderido, mas outros municípios também tiveram paralisações na manhã de hoje.

Em Franco da Rocha, na região norte da Grande São Paulo, ao menos quatro escolas tiveram paralisação completa, caso das municipais José Augusto Moreira – Estância Lago Azul, Arnaldo Guassieri, na Vila Lanfranchi, a Egydio José Porto, no Parque Vitória, e a escola estadual Luiz Alexandre, no Jardim dos Bandeirantes.

A informação passada pela coordenadora é de que 90% dos colégios tiveram suspensão parcial ou total das aulas. Na rede municipal, a prefeitura informou que 18 escolas registram paralisação total; 24 com paralisação parcial; 10 funcionam normalmente. Situação parecida vive a cidade vizinha de Mairiporã.

“Na escola da minha filha foi avisado via agenda e o professor reforçou pelo Whatsapp”, diz o autônoma Giselle Guidoni Carvalho, 33. A filha dela estuda na escola municipal Muffarege Salomão Chamma.

“Todos têm o direito de protestarem e paralisarem suas funções em decorrência de uma reivindicação. Entretanto, não existe uma outra solução, pelo menos nos meios em que pesquisei, que solucione a questão da previdência”, diz Giselle.

A auxiliar de farmácia Keiti Moraes Ferraz, 26, tem um filho que estuda na escola Nicolau Pinto da Silva, colégio que também teve aulas paralisadas. “Não me afetou. Super apoio a manifestação dos professores. Inclusive, queria ir participar”, diz Keiti.

Havia um cartaz colado na porta da escola com a informação sobre o funcionamento nesta quarta.

Em Guarulhos, município de 1,3 milhão de habitantes, a informação é de que 119 escolas municipais tiveram paralisação das aulas. A prefeitura de Guarulhos não confirmou a quantidade.

Manifestantes caminharam até a prefeitura em São Bernardo (Cadu Bazilevsky)

No Alto Tietê, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 23 escolas não têm aulas em Mogi das Cruzes. Segundo a entidade, em Biritiba Mirim as três escolas estaduais da cidade funcionam apenas parcialmente. Em Guararema, das seis escolas estaduais, a Apeoesp estima que a paralisação está em 60%.

Em São Bernardo do Campo, os professores caminharam da praça Santa Filomena até o Paço municipal. Em meio ao protesto, houve também reivindicações sobre a educação local.

A professora Andrea Rocha, 46, da rede municipal, dá aula para o quinto ano do ensino fundamental na Emeb Olegário José Godoy, no bairro Montanhão. Ela critica o modelo implantado no colégio.

“Não é uma escola integral, é de tempo integral. [A prefeitura] pegou a escola e colocou os alunos ali dentro. Só que a escola não tem estrutura para receber essas crianças. Não tem quadra, não tem biblioteca, é um computador para cada três crianças”, diz Andrea.

Da Agência Mural: Paulo Talarico, Priscila Pacheco, Rafael Balago, Aline Venâncio, Humberto Muller, Jariza Rugiano, Jéssica Silva, Leticia Marques, Lucas Veloso, Micaela Santos, Thalita Monte Santo.

 

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Jovem cria peça que enaltece cultura africana e indígena https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/22/jovem-da-periferia-cria-peca-musical-que-enaltece-cultura-africana-e-indigena/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/22/jovem-da-periferia-cria-peca-musical-que-enaltece-cultura-africana-e-indigena/#respond Fri, 22 Feb 2019 12:30:37 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Yago-Micall-mostra-dança-da-cultura-afro-brasileira-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15603 Kátia Flora

Inspirado na própria trajetória, o ator e bailarino Yago Micall, 26, escreveu em 2017 textos sobre a história de um homem negro que mora na periferia, e uniu esse cenário à cultura afro-brasileira. Do trabalho, nasceu a peça “O Canto de Odé”, em cartaz neste mês de fevereiro nas periferias de São Paulo e da região metropolitana.

Foi em cima da laje de um sobrado em Diadema, no ABC paulista, que os ensaios foram feitos ao longo do ano passado, ao lado dos músicos Fábio Olí, 28, e Jerona Ruyce, 35.

Yago diz que o trabalho foi também o resgate da ancestralidade.  Ele pegou como referência autores como Abdias do Nascimento (1914-2011), criador do Teatro Experimental Negro, Maria Carolina de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de Despejo, e da filósofa e ativista norte-americana Angela Davis.

“A peça tem o intuito de enaltecer a cultura negra e dos povos indígenas que resistem no Brasil”, diz Micall, morador do Jardim Flor da Montanha, na periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo.

O jovem vive da arte desde pequeno e fazia peças na escola. Bailarino, chegou a cursar teatro na faculdade, mas teve que trancar porque surgiu uma oportunidade de uma apresentação em outro estado.

Peça trata da cultura africana e indígena (Arquivo Dois/Divulgação)

Micall foi também para a Coreia do Sul, com um grupo de teatro da Argentina, para uma apresentação de dança e gestos – não havia fala. Quando retornou ao Brasil, teve a ideia de criar uma peça que contasse a origem afro-brasileira e a luta do negro para conquistar espaço na sociedade.

O CANTO DE ODÉ

O nome Odé vem da cultura iorubá, um dos idiomas utilizados na Nigéria, e significa um jovem caçador. O iorubá também é usado no Brasil em ritos religiosos como o candomblé.

Na encenação, ele simboliza um menino negro que absorve transformações herdadas pelas raízes afro-brasileiras, indígenas e africanas.

A laje onde ensaiaram é chamada de “sobradinho do som” e fica na casa do músico Fábio Olí. Ele diz que o espetáculo retrata os Odés urbanos, jovens que estão na batalha diária e lutam para combater o racismo e as desigualdades sociais.

“Um menino da mata, do asfalto e da vida. Mostramos que é possível outras possibilidades da arte de resistência”, conta.

A peça dura 1h20 entre dança e texto e a apresentação do documentário “Caboclas Juremas – Sobre Histórias de distintas mulheres”, gravado em Belém do Pará e nas  periferias de São Paulo. O cenário tem folhas, terra e água, como nos terreiros de candomblé, quando entram os orixás.

Em dezembro de 2017, os artistas fizeram a primeira apresentação na Fundação Casa em Diadema para mais de 70 jovens.

Apresentação na Fundação Casa em Diadema (Arquivo Dois/Divulgação)

Agente cultural da Fundação, Jerona Ruyce, 35, foi responsável por levar a apresentação para os jovens internos. “Eles se sentiram representados pelo Odé (menino caçador) que luta para sobreviver na mata. Parecido com as histórias de alguns que estão privados da liberdade”, comenta.

Jerona fez alguns instrumentos a mão, como triângulo e chocalho, que compõem a passagem sonora da obra.

Os artistas fazem parte do coletivo Arquivo 2, em São Paulo, fundado em 2015, por Yago Goya (diretor da peça) e Yago Micall (ator). O coletivo foi contemplado no ano passado pelo Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), incentivo financeiro importante para a temporada dos artistas.

Micall ressalta as dificuldades de montar uma peça na periferia, falta de recursos e espaços. Como cada integrante tem outras atividades, eles chegam a ensaiar até oito horas de uma vez com cantos, textos e danças.

“É um desafio sair das salas de teatro e ir para locais públicos e apresentar para pessoas que nunca viram uma cena teatral. É gratificante mostrar a cultura em vários aspectos”. O grupo quer agora levar o espetáculo para outras cidades e estados.

Kátia Flora é correspondente de São Bernardo do Campo
katiaflora@agenciamural.org.br

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Com três preços diferentes, Guarulhos começa a cobrar nova tarifa de ônibus https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/com-tres-precos-diferentes-guarulhos-comeca-a-cobrar-nova-tarifa-de-onibus/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/com-tres-precos-diferentes-guarulhos-comeca-a-cobrar-nova-tarifa-de-onibus/#comments Mon, 04 Feb 2019 19:25:14 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Novos-ônibus_linha-275_Foto-Márcio-Lino-14-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15470 Jéssica Souza

No último sábado (2) os ônibus municipais da cidade de Guarulhos, Grande São Paulo, tiveram as tarifas reajustadas para R$ 4,45 àqueles que utilizam o Bilhete Único, cartão que permite a utilização de até quatro coletivos diferentes no período de duas horas.

O reajuste equivale a 3,48%, variação inferior à inflação dos últimos 12 meses. O valor ficou abaixo do que outras cidades da Grande São Paulo, que tiveram reajuste no começo deste ano, como os municípios do ABC paulista, Osasco e Cotia.

Contudo, os guarulhenses têm três tarifas distintas. Quem paga em dinheiro segue com o mesmo valor: R$ 4,70 – a prefeitura aponta que apenas 10% dos passageiros pagam dessa forma. No caso do vale transporte, a passagem aumentou para R$ 4,94 – valor pago por empresas e descontado 6% dos trabalhadores.

A diferenciação dos preços com e sem Bilhete Único começou no ano passado.

Cidade ainda não tem integração com o trem (Fabio Nunes Teixeira/Divulgação)

Nas redes sociais, moradores criticaram o aumento da tarifa e apontam que o tempo de integração não é uma vantagem suficiente, por causa da demora para os ônibus passarem.

“Utilizo o 771 (Terminal Pimentas/Vila Rio via Dutra) e o tempo de espera é relativo, já cheguei a esperar de 5 a 40 minutos para um trajeto que dura, em média, 30 minutos”, diz a estudante Ana Lúcia, 17. “O aumento na tarifa seria positivo se pelo menos colocassem mais coletivos nas ruas”.

Com o coletivo 210 (Vila Rio via Paulo Faccini), o intervalo leva cerca de uma hora e vinte minutos para um trajeto que é bastante longo com 55 pontos.

“Temos um previsto para 12h47 e o próximo somente para 13h30. É essencial o aumento da frota de ônibus na cidade”, aponta a dona de casa Elaine Anatal, 38. Ela estava no ponto de ônibus e mostrou a previsão no aplicativo disponibilizado pela prefeitura.

Além da demora, não há desconto para quem utiliza o ônibus municipal e os trens da CPTM. A linha 13-jade começou a operar em março do ano passado com as estações Aeroporto e Cecap.

PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura de Guarulhos afirma que nos últimos dois anos, durante a administração do prefeito Guti (PSB), a tarifa de ônibus não teve reajuste acima da inflação. A gestão afirma que 342 novos veículos foram incorporados à frota, 183 em 2017 e 159 em 2018.

Hoje, o total de coletivos no município é de 866. No mesmo período, a disponibilização do serviço de wi-fi atingiu 64 ônibus, além de um ponto na Guarupass e mais cinco terminais. As linhas beneficiadas foram a 275 (Cocaia), 720 (Shopping via Cecap) e 453 (Centro via Tiradentes).

A gestão diz que o aumento foi necessário porque as planilhas de custos apresentadas pelas empresas indicavam uma tarifa R$ 5,50. “Jamais permitiremos que esse valor recaísse no bolso dos trabalhadores. Este valor se deve, em boa parte, aos custos do Bilhete Único e às gratuidades oferecidas no transporte público”, afirmou o prefeito.

OUTRAS CIDADES

Em outras cidades da Grande São Paulo, as tarifas também sofreram reajustes. Em São Bernardo do Campo, o valor foi para R$ 4,75, o mesmo valor de Santo André, que cobra R$ 4,95 para quem utiliza o vale-transporte.

Em Diadema, subiu para R$ 4,65, enquanto em Osasco foi para R$ 4,50. Na Capital, as tarifas tiveram reajuste de 7%, o mesmo índice de reajuste anunciado pelo Governo do Estado para os bilhetes do Metrô e dos trens da CPTM. Já as linhas da EMTU tiveram variação de 6,45%.

Jéssica Souza é correspondente de Guarulhos
jessicasouza@agenciamural.org.br

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Após cinco anos, terminal em Guarulhos permanece sem cobertura e sinalização https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/12/14/apos-cinco-anos-terminal-em-guarulhos-permanece-sem-cobertura-e-sinalizacao/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/12/14/apos-cinco-anos-terminal-em-guarulhos-permanece-sem-cobertura-e-sinalizacao/#comments Fri, 14 Dec 2018 18:57:52 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/Foto-2-Garagem-para-abrigar-a-banca-de-jornal-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15171 Jéssica Souza

Uma cobertura para proteger da chuva e do sol, sinalização para saber o horário dos ônibus, um ambiente mais limpo, com mais estrutura e acessibilidade.

Esses são alguns dos pontos destacados pelos moradores da cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, em relação ao terminal do coletivo 105-Jardim Moreira, com destino ao metrô Tucuruvi, na capital.

A Agência Mural acompanha há cinco anos a situação do local, que permanece sem cobertura e sem calçada para a espera dos passageiros.

O ponto de ônibus, colocado em 2016, foi retirado e deu lugar a uma garagem que, até o momento, abriga apenas uma banca de jornal.

Ponto de ônibus colocado em 2016. Hoje, não há nenhuma estrutura (Jéssica Souza/Agência Mural/Folhapress)

Segundo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), ter uma sinalização e demarcação por um totem ou cobertura, são as características básicas para identificar uma parada de ônibus. São nestes locais que os motoristas dos coletivos, por meio da sinalização do passageiro, estão autorizados a permitir o embarque ou desembarque.

Para a advogada e passageira do coletivo Tatiane Lima, 26, o fato mais curioso é que é apenas no terminal que as características básicas não são atendidas. “Chega a ser curioso, pois no próximo ponto localizado na rua de baixo já temos uma cobertura apropriada aos usuários”.

A linha é extensa e atende cerca de 36 paradas, num tempo de percurso de aproximadamente 60 minutos e todos os pontos seguintes ao terminal estão adaptados.

“Ao invés de esperar o ônibus no terminal, opto pelo segundo ou terceiro ponto para garantir um local mais seguro e não chegar numa situação precária no trabalho”, diz a auxiliar administrativa, Ana Lúcia, 33.

“O risco que corremos é de pegar o ônibus já lotado, mas não temos muita opção”, reflete o estudante Leandro Alves.

Estrutura para fiscal e motoristas (Jéssica Souza/Agência Mural/Folhapress)

De 2016 para cá, houve a construção de uma estrutura para que o fiscal, motorista e cobradores permaneçam nos intervalos das viagens e um asfalto também foi colocado no terreno.

A EMTU em resposta a Agência Mural, em 2016, diz que um estudo elaborado por eles em 2014 para implantação de uma estrutura não foi concluído porque a área é particular e inserida em loteamento irregular, segundo informado na ocasião pela Secretaria de Transportes e Mobilidade Urbana de Guarulhos.

“A EMTU realizará nos próximos dias vistoria no local e solicitará à empresa operadora a recuperação das calçadas danificadas visando a melhoria das condições de embarque dos usuários da linha 105”, afirma a empresa em nota.

A prefeitura de Guarulhos foi procurada, mas não respondeu até a publicação do texto.

Jéssica Souza é correspondente de Guarulhos
jessicasouza@agenciamural.org.br

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Guarulhos pode ter aterro sanitário próximo da Cantareira

Banda guarulhense lança novo álbum sobre o direito das mulheres

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Bolsonaro vence no ABC; Doria perde em cidades da Grande SP https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/10/28/bolsonaro-vence-no-abc-doria-perde-na-grande-sp/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/10/28/bolsonaro-vence-no-abc-doria-perde-na-grande-sp/#respond Mon, 29 Oct 2018 00:22:57 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/tnrgo_abr_2810186522-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=14750 Jair Bolsonaro, presidente eleito neste domingo (28), teve votações expressivas em São Bernardo do Campo, reduto do ex-presidente Lula (PT), e em várias outras cidades da Grande São Paulo. Em São Bernardo, o candidato do PSL teve 59% dos votos.

A cidade já teve 100% das urnas apuradas. Sua votação foi maior nos distritos ao norte da cidade. Na vizinha Santo André, o percentual de votos ao capitão reformado foi de 66%.

Os dois municípios são administrados pelo PSDB desde 2016, quando Orlando Morando e Paulo Serra ganharam as prefeituras respectivamente.

Houve também vitórias de Bolsonaro em Mauá (62%) e Diadema (52%). O presidente eleito teve votações expressivas em Mogi das Cruzes (71%), Suzano (67%) Guarulhos (66%), Osasco (63%) e Barueri (63%).

GOVERNADOR

Eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB) teve votação menor do que Márcio França (PSB) em cidades que têm o maior eleitorado da região metropolitana. Em Guarulhos, foram 57% dos votos para o socialista, contra 42% do tucano. O PSB governa o município com o prefeito Guti.

Em Osasco, França teve 62% dos votos contra 37% de Doria. Na mesma região, Carapicuíba registrou 58% dos votos a favor do candidato derrotado.

Mesmo administrada pelo PSDB, São Bernardo do Campo também registrou maior votação para França (52%), assim como a vizinha Diadema, com 62%.

Doria levou a melhor em cidades com menos de 400 mil eleitores e que são administradas pelo PSDB. Ainda no ABC, Doria levou a melhor em São Caetano do Sul, onde recebeu 63% dos votos e em Santo André com 54%.

No município de Mogi das Cruzes, ele obteve 57% dos votos e, em Mairiporã, o governador eleito recebeu 56% dos votos. Ele também ficou a frente em Barueri (52%) e Santana Parnaíba (56%).

Paulo Talarico é correspondente de Osasco
paulo@agenciamural.org.br

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Bolsonaro vence na maioria das periferias de São Paulo

 

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CPTM inicia conexão entre aeroporto e Brás, mas expresso para Luz segue atrasado https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/10/03/cptm-inicia-conexao-entre-aeroporto-e-bras-mas-expresso-para-luz-segue-atrasado/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/10/03/cptm-inicia-conexao-entre-aeroporto-e-bras-mas-expresso-para-luz-segue-atrasado/#respond Wed, 03 Oct 2018 20:30:18 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/CPTM-promete-início-de-serviços-Connect-e-Airport-Express-para-os-próximos-dias_Crédito-da-foto_Jordan-Mello-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=14545 Jordan Mello

Iniciado nesta quarta-feira (3), o trajeto de trem entre o Aeroporto Internacional de Cumbica até a estação do Brás, em São Paulo, é apenas uma das ações para ligar Guarulhos e a cidade de São Paulo. Previsto para agosto, a linha expressa até a estação da Luz, na região central, ainda não está em funcionamento.

As conexões são atrativos da recém-inaugurada linha 13-jade. Na inauguração, a CPTM informou que a partir de agosto o serviço Airport-Express estaria disponível. Com viagens diretas (sem paradas) entre as estações Aeroporto-Guarulhos e Luz, o percurso levaria cerca de 35 minutos, com os trens partindo em quatro horários programados nos dois sentidos pelo valor de R$ 8.

A vantagem seria o conforto de não necessitar de transferências. Entretanto, nenhuma informação sobre o início do serviço foi publicada desde então.

“É frustrante, consigo ir sentada até Engenheiro Goulart. Mas depois preciso esperar quatro ou seis composições para conseguir embarcar na linha 12-safira. No final das contas, chego no mesmo horário se eu fosse de ônibus para São Paulo”, relata a estudante Carina Fagundes, 22, que mora próximo da Estação Guarulhos-Cecap.

Linha recebe 10 mil passageiros por dia, diz CPTM (Paulo Talarico/Agência Mural/Folhapress)

O serviço que começou nesta quarta-feira (3) é o Connect. Ele tem viagens entre as estações Brás e Aeroporto-Guarulhos nos horários de pico. O trem para em todas as estações para embarque e desembarque pelo mesmo valor: R$ 4.  A Agência Mural acompanhou uma das viagens, que levou 31 minutos e sem contratempos.

Além do serviço, a linha 13-jade segue operando no horário normal entre Guarulhos e Engenheiro Goulart, na zona leste. 

O segurança Márcio Gonçalves, 37, desistiu de utilizar o ramal por conta do horário pré-determinado de circulação dos trens. Atualmente, os veículos passam a cada 20 minutos durante o horário de pico. Após esse período, as composições circulam apenas de 30 em 30 minutos.

“Não posso me programar para sair cedo de casa e torcer para chegar no horário que o trem vai passar. Já cheguei um minuto depois do trem sair, perdi e tive que esperar mais 20 minutos. Prefiro o ônibus que, mesmo lotado, tem uma frequência maior”, contou Gonçalves, que mora na região do Presidente Dutra, a 12km da Estação Guarulhos-Cecap.

FALHAS TÉCNICAS

Em relação ao atraso de operação do serviço, a justificativa da CPTM foi que “devido às dificuldades técnicas na integração dos sistemas entre Alstom e Siemens, foi preciso ampliar o prazo de realização dos testes necessários para que a operação seja feita com segurança”.

A CPTM ainda afirmou que planeja reduzir gradativamente os intervalos praticados na linha 13-jade, “de acordo com o comportamento da demanda e com a chegada dos novos trens que atenderão a esse trecho e já estão em fabricação na China”. 

De acordo com a companhia, o serviço Connect vai funcionar seis vezes ao dia, nos horários de pico do sistema: 6h20, 7h, 7h40, 18h, 18h40 e 19h20. Aos sábados, haverá três viagens: 6h20, 7h e 7h40. O Connect não estará disponível aos domingos.

Jordan Mello é correspondente de Guarulhos
jordanmello@agenciamural.org.br

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Com mais de 50 candidatos, Guarulhos tem clima de eleição municipal https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/09/25/com-mais-de-50-candidatos-guarulhos-tem-clima-de-eleicao-municipal/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/09/25/com-mais-de-50-candidatos-guarulhos-tem-clima-de-eleicao-municipal/#respond Tue, 25 Sep 2018 14:50:33 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/41788406_1481140435363408_4483052813064077312_o-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=14422 Jordan Mello

Moradora do Pimentas, bairro da periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, Maria Eulália, 47, gostaria de trabalhar perto de casa. Ela aponta a falta de oportunidades como principal problema a ser debatido na eleição deste ano.

“Depender do emprego em São Paulo é horrível”, afirma a faxineira que trabalha na Luz, no centro da capital. A jornada para chegar ao trabalho começa às 5h30 da manhã. Ela ainda não decidiu em quem votar.

“A gente acorda cedo e torce para o trânsito estar bom. Ter trabalho na própria cidade facilitaria muito. Parece cidade dormitório”, completa Maria. 

O pedido de melhoras no município feito por Maria ilustram o cenário da disputa. Guarulhos é o segundo maior colégio eleitoral da Grande São Paulo com 814 mil eleitores – atrás apenas da capital. Em meio aos debates nacionais, a eleição tem tido clima de disputa municipal.  

Entre os candidatos deste ano, 54 nasceram em Guarulhos. O município tem menos concorrentes apenas que São Paulo (1,2 mil) e Santos (84) no estado. Com candidatos a deputado de olho na eleição para a prefeitura em 2020, os temas que afetam a cidade têm sido o foco das campanhas.

Recreio São Jorge, na periferia de Guarulhos; município tem mais de 800 mil eleitores (Jordan Melo/Agência Mural/Folhapress)

Eleito em 2016, o prefeito Guti (PSB) apoia o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Soltur (PSB), para deputado federal, contra dois ex-prefeitos: Elói Pietá (PT) e Sebastião Almeida (PDT e ex-PT). Pietá e Almeida concorrem à Câmara Federal e, pelo PT, administraram Guarulhos por 16 anos.

Além disso, derrotado nas últimas eleições para prefeito, o deputado federal Eli Corrêa Filho (DEM) busca o sexto mandato parlamentar consecutivo. O deputado estadual Jorge Wilson (PRB) também concorreu à prefeitura e tenta a reeleição neste ano, enquanto nove dos 34 vereadores também miram uma vaga na Alesp.

SAÚDE E TRANSPORTE

No bairro do Vila Rio, a saúde é colocada como um ponto central. A operadora de caixa Vanessa Gomes, 21, cita que faltam melhoras no Hospital Municipal de Urgências, que chegou a ser fechado ano passado. “[A saúde] é um problema no Brasil todo. Mas em Guarulhos é um ponto muito crítico. Falta material, médico, além da terceirização ser de má qualidade”.

Já para o mecânico e morador do Jd. Fortaleza, Celso Ferreira, 34, a demora e pouca opção de transporte público é a principal demanda de quem mora na região.

“É inacreditável demorar quase 2 horas para conseguir chegar no centro da própria cidade. Vivemos numa ‘ilha’. Os governantes parecem gostar de nos manter esquecidos aqui”.

Ferreira ainda está estudando os candidatos, mas pondera sobre os nomes conhecidos em Guarulhos. “Acho curioso alguns candidatos prometerem tanto para a nossa cidade. Eles foram vereadores, alguns até prefeitos, mas nunca fizeram tanto. Prefiro escolher deputados sem ligação com Guarulhos. Talvez essa mudança funcione.”

Jordan Mello é correspondente de Guarulhos
jordanmelo@agenciamural.org.br

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Guarulhos pode ampliar aterro sanitário em área próxima ao Cantareira

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Guarulhos pode ampliar aterro sanitário em área próxima ao Cantareira https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/08/03/guarulhos-pode-ampliar-aterro-sanitario-em-area-proxima-ao-cantareira/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/08/03/guarulhos-pode-ampliar-aterro-sanitario-em-area-proxima-ao-cantareira/#respond Fri, 03 Aug 2018 15:18:05 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/Cabuçu-Guarulhos-Jordan-Mello-Agência-Mural-03-08-2018-1-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=13979 Jordan Mello

Com medo de danos ao meio-ambiente e problemas de infraestrutura, moradores do bairro Cabuçu, em Guarulhos, na Grande São Paulo, têm questionado o projeto de ampliação de um aterro sanitário na região. O local abriga área de proteção ambiental com o Parque Estadual da Cantareira nas proximidades.

Trata-se do CDR Pedreira, administrado pelo grupo Veolia Brasil. O aterro funciona na região desde 2001 com  capacidade máxima próxima do esgotamento. 

A discussão começou no final de junho, quando a empresa apresentou estudo para ampliação ao Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente). O projeto terá de ser aprovado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Atualmente o aterro tem 187 mil metros quadrados e o projeto prevê ampliar em mais 128 mil metros quadrados (68%). O espaço recebe lixo de Guarulhos e cidades vizinhas como Arujá, Atibaia, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Nazaré Paulista, Piracaia, Poá, São Paulo e Suzano.

Se for aprovado, a capacidade será dobrada, passando a receber cerca de 12 mil toneladas de lixo por dia.

Audiência na Câmara teve discussão entre moradores e representantes da empresa (Vera Jursys/Divulgação)

Entre os questionamentos está o fato de que o bairro já recebeu outras intervenções na área preservada, como o trecho Norte do Rodoanel.

“A região já foi muito impactada pelas obras do Rodoanel e futuramente do Ferroanel. Tem o incômodo da poluição sonora e visual e o fluxo gigantesco de caminhões que o local receberia”, afirma o bancário Jefferson Silva, 33, morador do bairro Torres Tibagy e integrante do Movimento Cabuçu, contrário à medida.

No dia 11 de junho, uma audiência pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal terminou em confusão após fala de um dos representantes da empresa CDR Pedreira, que chegou a chamar os moradores de hipócritas.

Uma segunda audiência foi adiada, por falta de AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) no prédio do legislativo. Ainda não foi marcada uma nova data.

O Cabuçu é o oitavo bairro mais populoso de Guarulhos. No último Censo do IBGE, realizado em 2010, mais de 45 mil pessoas moravam na região. 

Quem vive no Cabuçu também cita problemas pelo fluxo de veículos nas estradas do Sabão, David Corrêa, Recreio São Jorge e a avenida  Palmira Rossi.

“Quando chove, as principais vias de acesso ao bairro ficam totalmente bloqueadas, inviabilizando a locomoção dos moradores, por causa do excesso de buracos causados por caminhões e a infraestrutura precária do bairro”, diz a microempresária Ana Paula Pereira da Silva, 33.

Moradores citam que região já foi impactada pelo Rodoanel (Divulgação/Movimento Cabuçu)

Os moradores também alegam que a ampliação não pode ser feita por estar em um ponto próximo a área de proteção ambiental. A região Cabuçu Tanque Grande foi constituída pela Lei Municipal 6.798/2010.

“Há outras formas de descarte do lixo, promover a coleta seletiva incrementando a reciclagem, usinas de compostagens, incineradores, essas formas são mais ecológicas, mas no Brasil são pouco praticadas, a conscientização da população para a redução do lixo é importante mas não há políticas públicas nesse sentido”, afirma o professor de Ciências e Biologia, Sérgio Bonazzi.

EMPRESA

Por meio de nota, a Veolia Brasil minimizou os possíveis impactos de ampliação. A empresa afirma que “desde o ano 2000 a área objeto de estudos é ou foi utilizada como aterro pela Prefeitura de Guarulhos, DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) e DERSA (Desenvolvimetno Rodoviário S/A)”.

A empresa prometeu a recuperação da área com o plantio de 90 mil mudas de árvores nativas, o que garantiria, segundo a empresa, a preservação de mais de 700 mil metros quadrados. “A ampliação do CDR Pedreira respeitará a Lei de Zoneamento e da APA Cabuçu e que não realizará nenhuma desapropriação de imóvel”.

Questionada, a Prefeitura de Guarulhos não se posicionou.

Jordan Mello é correspondente de Guarulhos
jordanmello@agenciamural.org.br

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Guarulhos tem 148 mil títulos de eleitor cancelados após cadastro biométrico https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/07/25/guarulhos-tem-148-mil-titulos-de-eleitor-cancelados-apos-cadastro-biometrico/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/07/25/guarulhos-tem-148-mil-titulos-de-eleitor-cancelados-apos-cadastro-biometrico/#respond Wed, 25 Jul 2018 20:19:47 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/WhatsApp-Image-2018-07-25-at-14.13.43-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=13889 Jéssica Souza
Paulo Talarico

A cidade de Guarulhos foi a única na Grande São Paulo onde o número de eleitores para a disputa deste ano será menor do que a de quatro anos atrás.

Levantamento da Agência Mural com dados da Justiça Eleitoral mostra que o município tinha cadastrado 808 mil eleitores em maio, último mês para o pedido do título de eleitor para quem quisesse votar este ano.

Em 2014, 868 mil pessoas com direito a voto estavam cadastradas. Todas as outras cidades da região metropolitana tiveram alta. 

Entre os motivos para a queda está o recadastramento biométrico. O município guarulhense foi o único da região que teve o processo tornado obrigatório no período e os moradores tiveram de ir pessoalmente ao Cartório Eleitoral.

De acordo com a Justiça Eleitoral, 148 mil títulos foram cancelados na cidade de pessoas que não compareceram para fazer a biometria.

A dona de casa Maria Gregorio Anatal, 75, foi uma das moradoras que teve registro cancelado. Ela parou de ir às urnas há oito anos, após fazer uma cirurgia no ouvido. “Não compareci à eleição. Depois me informaram que pela idade não era mais obrigatório”, conta. 

Apesar de não votar, ela cita que o atendimento na saúde deveria ser o principal tema em debate nas eleições. “Não adianta nada ter fachada bonita  de hospital e não ter profissionais para trabalhar. A saúde deveria ser prioridade, pois nem medicamentos básicos se encontra nos postos de saúde”, comenta.

A moradora está descrente com o período atual. “É triste saber que pessoas que estão no poder só querem tirar proveito da situação e nada fazem para a população que mais precisa”, afirma. “Nossos governantes estão se esquecendo dos idosos. Precisamos mudar isso”, ressalta.

NOVOS ELEITORES

Apesar da redução, há quem vá votar pela primeira vez na cidade como a estudante de economia, Ana Paula Silva dos Santos, 19. Ela se diz motivada pela primeira votação.

“Pretendo votar motivada a expressar minha opinião política diante do cenário decadente de representantes e de representação”, afirma. Ela afirma que a atual crise política é também fruto das escolhas da disputa passada.

“Gostaria de ver minha cidade mais justa em relação ao transporte público e de mais qualidade, mais investimento em ciclovias e melhora nas políticas públicas voltadas para a população de menor renda”, ressalta.

Jéssica Souza e Paulo Talarico são correspondentes de Guarulhos e de Osasco
jessicasouza@agenciamural.org.br

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