Grafiteiros de Mairiporã fazem intervenção artística na cidade
Com tintas spray, pinceis e escadas, grafiteiros de Mairiporã, na Grande São Paulo, revitalizaram na tarde do último sábado (27) as paredes da escadaria central do município.
Neste ano, a intervenção fez parte da programação da 10ª edição do Integrarte – evento anual da prefeitura que divulga e incentiva as manifestações artísticas da cidade. Cerca de 25 artistas se mobilizaram para colorir a travessa Antônio das Neves e pintar mais geladeiras para o Projeto GeloTeca.
Os primeiros desenhos começaram a surgir na sexta-feira (26) com JotaPe, Biro e Lorran que deram continuidade aos trabalhos no sábado (27) juntamente com os demais grafiteiros.
“Buscamos, em cada trabalho, transmitir uma mensagem que vai agregar na vida das pessoas. A partir disso, elas vão prestar mais atenção no que acontece dentro da cidade. Os moradores veem o grafite como arte e dizem que está embelezando tudo”, conta JotaPe, 33, que há 17 anos trabalha com artes visuais.
O clima era de tranquilidade e concentração entre os artistas que, em alguns momentos, presenciavam a curiosidade dos moradores que passavam pelo local para tirar selfies, observar a feitura dos muros coloridos e assistir performances de grupos de reggae, hip-hop, rap e Djs de Mairiporã.
A estudante de arquitetura, Munich Carvalho, 28, chegou por acaso e, sentada na calçada, se inspirou para desenhar em seu próprio caderno “Quando eu passei aqui e vi, achei o máximo. Acho que todo e qualquer evento é importante para a região desde que as pessoas que estão fazendo tenham a consciência de que isso vai impactar na vida de todos. Aqui é uma área provavelmente bem escura, nem tem iluminação”, analisa.
Moradora há 79 anos na travessa Antônio das Neves, a aposentada Alpha Sarraf, não se sentiu incomodada com a presença dos grafiteiros nos arredores de sua casa, fez questão de autorizar a realização da arte urbana no muro de sua residência e aproveitou para admirar as mudanças que aconteciam na área de aproximadamente 60 metros de extensão.
“Tudo isso é muito bonito e alegre, a arte é um gesto de amor. Faz bem para embelezar a cidade, para educar a população para que prestem atenção em coisas melhores e mais bonitas… e não naquela sujeira que não diz nada, era deprimente”, desabafa.
Com o apoio da população, o primeiro espaço cedido pela prefeitura do município para realizar a intervenção urbana aconteceu em janeiro do ano passado. Um muro de 120 metros de largura foi grafitado na região central da cidade.
“Um dos primeiros grafites da cidade foi nessa mesma escadaria em 2000, mas essa arte sempre foi um pouco isolada. Um desenho aqui, um desenho na outra rua, os grafiteiros sempre lutaram por espaço com dificuldade, com pouco ou nenhum suporte”, conta o morador de Mairiporã e correspondente do Mural, Humberto Müller, 23.
Para Carlinhos Rootsm (TSM de Todos Somos Manos), 32, coordenador artístico que convidou os artistas e que teve colaboração da prefeitura na compra de materiais para pintura, a ideia é futuramente realizar as intervenções em escadões do município, em muros da região central e também dos bairros mais afastados.
“Querendo ou não, o grafite é visto com preconceito e estamos aqui para mostrar que o preconceito com esse trabalho morreu e que hoje em dia é arte que pode estar em qualquer lugar”, pondera.
“Vi senhorinhas subindo com crianças, parando para olhar e tirar fotos, acredito que isso é o mais importante. Que beleza trazem as paredes cinza? Nada. Agora as cores vão proporcionar uma beleza de fato, não é mesmo?”, questiona Munich Carvalho.
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