Mural https://mural.blogfolha.uol.com.br Os bastidores do jornalismo nas periferias de SP Mon, 27 Dec 2021 13:12:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Prefeitura de Carapicuíba reduz pela metade vagas do conselho da saúde https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/11/prefeitura-de-carapicuiba-reduz-pela-metade-vagas-do-conselho-da-saude/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/09/11/prefeitura-de-carapicuiba-reduz-pela-metade-vagas-do-conselho-da-saude/#respond Wed, 11 Sep 2019 20:46:19 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/Conselho-Municipal-de-Saúde-Carapicuiba-2-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16718 Ana Beatriz Felicio

Toda a última terça-feira do mês, um grupo de pessoas se reúne para discutir e monitorar as políticas públicas da área da saúde em Carapicuíba, na Grande São Paulo. No entanto, essa atuação deve ficar limitada após uma mudança na legislação feita a pedido da prefeitura.  

Foi aprovado nas últimas semanas pela Câmara dos Vereadores o projeto de lei 2518/2019 que altera a composição do CMS (Conselho Municipal de Saúde). A principal mudança é a quantidade de conselheiros: de 36 serão apenas 16.

A proposta não foi bem recebida pelo grupo, que afirma que a mudança irá tirar sua autonomia.

Desconhecido por boa parte dos moradores, o CMS (Conselho Municipal de Saúde) é a principal instância de acompanhamento da população sobre os serviços na saúde.

O grupo é composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários do SUS (Sistema Único de Saúde). 

Sandra Regina entrou no conselho para pedir melhorias em UBS do bairro que está dentro da igreja (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural/Folhapress)

Para Dilma Oliveira Rios, conselheira da UBS da Cohab 5, um dos problemas nessa diminuição implica na inexistência de um conselheiro para cada uma das 12 UBS (Unidade Básica de Saúde) do município. 

“A lei atual prevê que tenhamos um conselheiro gestor por UBS. Como essa pessoa está próximo daquela realidade, consegue detectar quais problemas existentes ali, desde um abuso de autoridade, até falta de médicos e remédios”, afirma. Ela diz que o trabalho tem sido dificultado na atual gestão. 

Cabe ao conselho acompanhar as verbas que chegam pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e fiscalizar o uso de outros convênios com governos federal e estadual. 

“O CMS tem a missão de fiscalizar, acompanhar e monitorar as políticas públicas da área de saúde, levando as demandas da população ao poder público, atendendo suas reais necessidade de saúde”, diz a especialista em gestão de saúde pública Márcia Mulin.

Ter um Conselho Municipal de Saúde é um dos pré-requisitos para que as cidades recebam os repasses de dinheiro do governo federal para o setor. Em esfera nacional,o Conselho Municipal de Saúde é regido pela Lei Federal 8.142. Mas ela pode variar em cada cidade. 

FALTA DE PARTICIPAÇÃO

A mudança já está aprovada, mas deve ser aplicada a partir da próxima eleição, prevista para o final do ano. A prefeitura, administrada pelo prefeito Marcos Neves (PV), afirma que a mudança na legislação foi feita devido a dificuldade na tomada de decisões.

“Este número de membros [36] dificulta a discussão e tomada de decisões sobre assuntos urgentes e importantes para o sistema de saúde da cidade”, diz em nota. “A nova lei prevê 16 conselheiros, visando trazer mais efetividade e dinâmica nas deliberações da área no município”.

Cleide explica que grupo tem tido dificuldades para se reunir (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural/Folhapress)

As últimas eleições para escolha desses representantes foi realizada somente em 2015 e, neste tempo, como houve vagas que não foram preenchidas, a Promotoria Pública orientou que fossem colocados “conselheiros tampões”, pessoas indicadas enquanto não houvesse outra eleição.

A presidente do CMS, Cleide Nóbrega dos Santos, admite que há dificuldades na participação. Tem muita gente que chamamos para ser conselheiro e perguntam ‘qual o salário?’ e quando descobre que não tem, não vem. Porque é uma militância isso aqui, é difícil”. 

Os conselheiros também apontam falta de espaços para atuar. “Não temos uma sala adequada para o nosso trabalho. Não somos inimigos dos gestores do SUS dentro da nossa cidade,  mas sim, parceiros”, ressalta Dilma.

REIVINDICAÇÕES

O receio dos moradores é que, com a redução, a participação de quem é ativo nos conselhos seja reduzida. A maioria dos conselheiros teve problemas pessoais envolvendo a saúde na cidade ou convive de perto com a situação precária oferecida nos postos. 

Este é o caso de Maria do Carmo, 56. Representante da UBS da Cohab 2, ela precisou tratar do filho, já falecido, com problemas psiquiátricos no CAPS da cidade. “Meu filho não teve o tratamento ideal. Não acho certo que as famílias  que precisam de tratamento psiquiátrico adequado aqui nessa cidade sejam tratados desse jeito”.

Maria do Carmo teve problemas para conseguir atendimento para o filho (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural/Folhapress)

Já Sandra Regina Araujo da Silva, 43, representante da UBS Vila Helena, conta que entrou para o conselho de saúde há três anos para reivindicar um local de atendimento melhor para população do bairro. 

“Há 10 anos, a UBS fica dentro de um salão de igreja, não tem estrutura”, diz. Por vezes, os moradores do bairro recorrem às cidades vizinhas como Osasco e Cotia.

Moacyr Dias, 65, integra o conselho há 20 anos, representando a UBS da Vila Menck. Para ele, outro problema é falta de humanização dos profissionais que atuam nas unidades básicas para com a população e com os próprios conselheiros. 

“Faltam pessoas para orientar, porque a população não sabe, muitas vezes, quais remédios toma ou o que fazer. É preciso fazer uma orientação humanizada”.

Ana Beatriz Felicio é correspondente de Carapicuíba

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Enquanto veste, penteia e perfuma quatro crianças em um barraco de madeira, a sergipana Gleide Faria dos Santos, 49, conta como virou líder da Comunidade Porto de Areia, favela que nasceu ao lado da Lagoa de Carapicuíba e de um antigo lixão, na cidade da região oeste da Grande São Paulo.

Além dela, o marido e as crianças, a família é composta por dois vira-latas, um galo manco (que usa uma tipóia improvisada) e um coelhinho.

Fazendo cachinhos no cabelo da sorridente Sofia, ela relembra 2005, ano em que chegou ao local com mais 30 famílias sem moradia. Eles vieram após um processo de reintegração de posse na antiga quadra da Mancha Verde, na Barra Funda, zona oeste da capital. Soube da região por indicação de um amigo.

“Naquela época haviam poucos barracos por aqui, acho que uns 10. Ainda tinha um lixão a céu aberto. Acontecia de tudo, estupro, tudo mesmo”, relembra. “Cheguei a apanhar da polícia, as pessoas não queriam que a gente ficasse. Falavam que a terra tinha dono. Mas eu não vim para tomar nada de ninguém e ficamos”. 

A região fica entre a linha do trem da linha 8-diamante da CPTM e tem um longo histórico. Antes, o local já foi cava de mineração e atualmente tem sido especulado como uma possível sede da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).  

Gleide é uma das principais lideranças da região onde estimam que vivam mais de mil famílias. Ela se divide em diversas tarefas na comunidade. “Sou a casamenteira, a juíza de paz, de separação, a advogada, a médica. Às vezes eu falo que vou embora, mas muitos falam que se eu sair, vão junto”, conta. 

Ela é uma das principais vozes a entrar em contato com órgãos públicos e instituições para reivindicar direitos para a favela e também distribuir eventuais doações. Hoje, atua com mais seis mulheres na liderança da Porto, com as quais abriu uma associação de moradores. 

A líder comunitária veio para São Paulo, com 14 anos, para trabalhar como empregada doméstica. “Chegou aqui, meu patrão queria ‘namorar comigo’, então eu não aceitei e a esposa dele me colocou para rua”, relembra. Acabou sendo acolhida pela mãe de uma amiga.

FAMÍLIA

Casada há 30 anos, hoje cuida de quatro crianças: Tiago*, 9,  Sofia*,8; Camila*, 5, e Jéssica*, 2. As meninas são filhas da irmã dela, morta ao ser atropelada por um trem.  “Antes o acesso para a favela era pela linha do trem. Tinha muito acidente. Agora eles fecharam e a CPTM controla a passagem”, conta.

No caso de Tiago, ele foi encontrado por ela ainda bebê, no antigo lixão, abandonado pelos pais.

Gleide em frente a associação de moradores que ela ajudou a fundar (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural/Folhapress)

“As crianças são minha força, são meu amor, são minha vida. Sem elas não sou ninguém”, conta Gleide. “Elas e as outras crianças da favela também, eu brigo mesmo por causa deles”.

Em uma época, já chegou a cuidar até de sete em seu barraco de três cômodos. 

No sábado em que a Agência Mural esteve na comunidade, algumas pessoas colocavam cadeiras na frente dos barracos para conversar com os vizinhos. Por onde passava, Gleide ganhava um bom dia. “Aqui tem tanta história. A Porto de Areia é uma lenda, eu sou uma personagem dentro dessa novela, desse livro”. 

A permanência na região tem se tornado mais difícil. Recentemente, um projeto prevê a colocação de asfalto, mas os moradores afirmam que a situação pode cortar barracos pela metade.

Embora tenham ocorrido discursos em prol da vinda do Ceagesp para o local, ninguém informa para onde serão reassentados os moradores. 

Enquanto isso, Gleide e os moradores da Porto se colocam com uma decisão judicial que garante a permanência na região. “Parece que eles nos testam, pensam ‘eles não vão aguentar, então vamos fazer isso para eles vão sumir dalí’”, diz. “Mas não vamos sair”.

*os nomes das crianças foram trocados para preservar as identidades

Ana Beatriz Felicio é correspondente de Carapicuíba
anabeatrizfelicio@agenciamural.org.br

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Manhã de greve tem escolas fechadas em ao menos 14 cidades da Grande SP https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/manha-de-greve-tem-escolas-fechadas-em-14-cidades-da-grande-sp/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/manha-de-greve-tem-escolas-fechadas-em-14-cidades-da-grande-sp/#respond Wed, 15 May 2019 16:50:40 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-15-at-12.34.25-320x213.jpeg true https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=16217 A manhã desta quarta-feira (15) teve escolas fechadas, dúvidas dos pais e mobilização de alunos e educadores nas periferias de São Paulo e da região metropolitana.

A paralisação dos professores atingiu ao menos 14 cidades da Grande São Paulo, segundo levantamento da Agência Mural.

Biritiba-Mirim, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu-Guaçu, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Osasco, São Bernardo do Campo, Vargem Grande Paulista, além da própria capital, tiveram interrupção das aulas. Parte dos moradores irá para a avenida Paulista nesta tarde. 

Na região do Parque Cisper, em Ermelino Matarazzo, a escola João Franzolin Neto teve paralisação de 60% dos professores. Na escola municipal Rosângela Rodrigues Vieira, 90% pararam.

Na Brasilândia, zona norte, a escola Hélio Heber Lino teve aula de apenas dois professores em sala de aula, enquanto na CEI Jardim Dionísio, no Jardim Ângela, zona sul, a unidade funcionou até 11h.

“Minha filha de oito anos, que estuda na escola estadual Jardim Aurora, não teve aula. Me prejudicou no que tinha para fazer hoje e também não vai ter balé no CEU Jambeiro”, disse Kátia Figueiredo Lima, 43, moradora de Guaianases, na zona leste.

Professora da escola estadual Aurélio Campos, em Interlagos, na zona sul, Claudia Maria Luciano, 57, afirma que a redução de recursos no ensino superior afeta também o ensino de base.

“A educação básica depende fundamentalmente das pesquisas que são feitas nas universidades públicas. Tudo o que é feito para a melhoria do conhecimento está dentro das universidades. Indiretamente quem acaba sendo prejudicado com isso é a educação básica”, afirma.

Escola sem aulas em Mairiporã (Humberto Muller/Agência Mural/Folhapress)

“Este é o primeiro momento que os agentes da educação estão se mobilizando contra este governo, que tem um discurso anti-intelectual e anti-conhecimento”, diz o professor Raimundo Justino, de Ermelino Matarazzo, na zona leste.

“Já tivemos muitos governos que trataram a educação com descaso, mas esse a trata como inimiga”, opina o educador.

GRANDE SP

Até a noite desta terça-feira (14) escolas de ao menos oito cidades haviam aderido, mas outros municípios também tiveram paralisações na manhã de hoje.

Em Franco da Rocha, na região norte da Grande São Paulo, ao menos quatro escolas tiveram paralisação completa, caso das municipais José Augusto Moreira – Estância Lago Azul, Arnaldo Guassieri, na Vila Lanfranchi, a Egydio José Porto, no Parque Vitória, e a escola estadual Luiz Alexandre, no Jardim dos Bandeirantes.

A informação passada pela coordenadora é de que 90% dos colégios tiveram suspensão parcial ou total das aulas. Na rede municipal, a prefeitura informou que 18 escolas registram paralisação total; 24 com paralisação parcial; 10 funcionam normalmente. Situação parecida vive a cidade vizinha de Mairiporã.

“Na escola da minha filha foi avisado via agenda e o professor reforçou pelo Whatsapp”, diz o autônoma Giselle Guidoni Carvalho, 33. A filha dela estuda na escola municipal Muffarege Salomão Chamma.

“Todos têm o direito de protestarem e paralisarem suas funções em decorrência de uma reivindicação. Entretanto, não existe uma outra solução, pelo menos nos meios em que pesquisei, que solucione a questão da previdência”, diz Giselle.

A auxiliar de farmácia Keiti Moraes Ferraz, 26, tem um filho que estuda na escola Nicolau Pinto da Silva, colégio que também teve aulas paralisadas. “Não me afetou. Super apoio a manifestação dos professores. Inclusive, queria ir participar”, diz Keiti.

Havia um cartaz colado na porta da escola com a informação sobre o funcionamento nesta quarta.

Em Guarulhos, município de 1,3 milhão de habitantes, a informação é de que 119 escolas municipais tiveram paralisação das aulas. A prefeitura de Guarulhos não confirmou a quantidade.

Manifestantes caminharam até a prefeitura em São Bernardo (Cadu Bazilevsky)

No Alto Tietê, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 23 escolas não têm aulas em Mogi das Cruzes. Segundo a entidade, em Biritiba Mirim as três escolas estaduais da cidade funcionam apenas parcialmente. Em Guararema, das seis escolas estaduais, a Apeoesp estima que a paralisação está em 60%.

Em São Bernardo do Campo, os professores caminharam da praça Santa Filomena até o Paço municipal. Em meio ao protesto, houve também reivindicações sobre a educação local.

A professora Andrea Rocha, 46, da rede municipal, dá aula para o quinto ano do ensino fundamental na Emeb Olegário José Godoy, no bairro Montanhão. Ela critica o modelo implantado no colégio.

“Não é uma escola integral, é de tempo integral. [A prefeitura] pegou a escola e colocou os alunos ali dentro. Só que a escola não tem estrutura para receber essas crianças. Não tem quadra, não tem biblioteca, é um computador para cada três crianças”, diz Andrea.

Da Agência Mural: Paulo Talarico, Priscila Pacheco, Rafael Balago, Aline Venâncio, Humberto Muller, Jariza Rugiano, Jéssica Silva, Leticia Marques, Lucas Veloso, Micaela Santos, Thalita Monte Santo.

 

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Com trânsito e buracos, Carapicuíba perde recursos para obras em avenidas https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/01/31/com-transito-e-buracos-carapicuiba-perde-recursos-para-obras-em-avenidas/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2019/01/31/com-transito-e-buracos-carapicuiba-perde-recursos-para-obras-em-avenidas/#comments Thu, 31 Jan 2019 14:20:42 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/Um-dos-acessos-ao-rodoanel-em-Carapicuiba-320x213.jpeg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=15452 Ana Beatriz Felicio

Moradora de Carapicuíba há 42 anos, a supervisora de oficina Luzia Constantino de Souza, 55, conta que já sofreu um acidente devido a má condição das ruas do município da Grande São Paulo.

“Tive um pneu estourado em um buraco próximo a Avenida Integração [Cohab]. Era noite e acabei rasgando o pneu, amassando também a roda. Não deu nem para consertar”.

O local foi remendado após o problema, mas ela ainda vê perigo em regiões próximas, principalmente nos bairros de Vila Menck e Jardim Angélica. “O asfalto é péssimo, cheio de buracos. Quando chove então você sai pelas ruas e não sabe se vai cair em um buraco. Não dá nem para saber por onde você está passando”.

A melhora em vias como essas no município teve um novo obstáculo no começo do ano. Com orçamento de R$ 578 milhões e mais de 400 mil habitantes, a prefeitura da cidade recorreu ao governo estadual em busca de verbas para melhoria de vias. No entanto, um impasse político afetou o repasse de R$ 20 milhões para obras desse tipo.

No começo de janeiro, o governo de São Paulo cancelou cerca de 60 convênios firmados com municípios paulistas durante a gestão do ex-governador Márcio França (PSB).

Luzia teve problemas com o veículo por causa de buracos em Carapicuíba, na Grande São Paulo (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural)

Dentre eles, havia dois para os carapicuíbanos no valor de R$ 10 milhões cada. Durante a eleição de 2018, França foi apoiado pelo prefeito Marcos Neves (PV).

O Governo do Estado nega que os cancelamentos tenham viés político. A administração de João Doria (PSDB) afirma que anulou os repasses devido a falta de requisitos técnicos e detalhamento de fontes de receita.

O município mais afetado foi São Vicente, cidade natal de França, com repasses previstos de R$ 47 milhões. Na sequência, aparecem Carapicuíba e Guarulhos, com R$ 20 mi cada. No total, todos os convênios somavam R$ 158 milhões.

ENVIO PARCIAL

De acordo com a prefeitura de Carapicuíba, os repasses cancelados foram protocolados em junho de 2018 e confirmadas no final do ano por causa do período eleitoral.

A prefeitura diz que cumpriu as solicitações e documentações necessárias e que parte dos investimentos já foi recebida. Questionada sobre esse repasse parcial e a utilização da verba, a gestão não respondeu.

Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado, R$ 4 milhões foram encaminhados pela gestão França em 28 de dezembro, três dias antes do fim do mandato. A cidade também recebeu mais R$ 3 milhões de outros convênios para pavimentação, e R$ 3,6 mi para obras de infraestrutura urbana.

Jardim Ercy, em Carapicuíba (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural)

O governo estadual afirma que será feita uma avaliação de obra por obra para retomar os convênios. “O governo irá de forma transparente trabalhar em conjunto com as prefeituras, analisar os pleitos municipais e a partir de critérios técnicos realizar a liberação de recursos de acordo com a disponibilidade orçamentária do estado”.

ASFALTO

Além do problema dos buracos, Carapicuíba também é um polo de congestionamento. Com saídas para o Rodoanel Mário Covas e para a rodovia Castello Branco, a cidade tem um trânsito movimentado.

De acordo com a prefeitura, cerca de 50% do tráfego de veículos é proveniente de pessoas de outras cidades. O município é também opção de acesso para quem vai para  Alphaville, em Barueri, onde há um polo empresarial.

Os repasses que viriam do governo estadual seriam gastos justamente em obras de recapeamento e duplicação de vias. Porém, os documentos não dizem quais ruas e avenidas receberiam as melhorias.

A prefeitura se limitou a dizer que as vias que tiverem a massa asfáltica em piores condições serão contempladas.

Segundo a prefeitura, metade da frota que circula na cidade vem de outros municípios por conta de acessos como o do Rodoanel (Paulo Talarico/Agência Mural/Folhapress)

Enquanto isso, a situação segue com problemas para moradores. A assistente de administração Débora Oliveira, 23, teve complicações no escapamento. A moradora dirige há apenas um ano e recentemente comprou o primeiro carro.

Ela diz que é preciso investir na pavimentação. “A situação [do asfalto] aqui péssima, um descaso com os motoristas”, comenta.

Para o supervisor de suporte Gabriel Mendes Silva, 23, a condição do asfalto não é o pior problema da cidade. “Claro que em alguns pontos você consegue encontrar buracos, mas é algo que ainda é transitável”, diz o morador do Jardim Ercy.

Para ele, é necessário parcerias para a cidade receber verbas para outros serviços. “Saúde e segurança, principalmente, são pontos que precisam de mais atenção”, complementa.

Ana Beatriz Felicio é correspondente de Carapicuíba
anabeatrizfelicio@agenciamural.org.br

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Carapicuíba não elege deputados pela primeira vez em 12 anos https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/11/06/carapicuiba-nao-elege-deputados-pela-primeira-vez-em-12-anos/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2018/11/06/carapicuiba-nao-elege-deputados-pela-primeira-vez-em-12-anos/#comments Tue, 06 Nov 2018 13:25:27 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Professora-Sonia-e1541447545126-320x213.jpg https://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=14799 Ana Beatriz Felicio

Com quase 400 mil habitantes, a cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo, não terá nenhum representante da cidade na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados em 2019.  

É a primeira vez em 12 anos que o município da região oeste não elege nenhum deputado estadual ou federal.

O último parlamentar carapicuíbano foi Marcos Neves (PV), que deixou a Assembleia Legislativa em 2016 para assumir a prefeitura. O atual prefeito apoiou a vice-prefeita Gilmara Gonçalves (PSB), que concorreu a deputada estadual e teve 14.412 votos na cidade.

Outros nomes conhecidos também ficaram de fora. O ex-prefeito Sérgio Ribeiro (PT) recebeu 35 mil votos (17 mil de eleitores carapicuibanos), enquanto a ex-vereadora Professora Sônia (SD) contabilizou 33 mil votos no estado (25 mil na cidade)

Sônia afirma que a quantidade de candidatos da região contribuiu para a derrota. “Alguns sabiam que não seriam eleitos e não se preocuparam com a cidade. A ideia era mesmo só atrapalhar quem tinha reais chances”, afirma. Ela foi candidata à prefeita em 2016, quando perdeu para Neves. 

Marcos Neves (PV) apoiou a vice-prefeita Gilmara (PSB) para estadual, mas política ficou de fora (Divulgação)

No pleito, cinco vereadores da cidade disputaram a eleição. Dois deles tentaram vagas para estadual e três para federal. Nenhum obteve sucesso. 

O cenário mostra uma mudança drástica no município. Há oito anos, a cidade elegeu dois deputados: Isac Reis (PT), apoiado na época pelo prefeito Sergio Ribeiro (PT), e Marcos Neves, que fazia oposição a gestão. 

A última vez que Carapicuíba não elegeu um parlamentar foi em 2006, quando Ribeiro e Neves foram os mais votados do município, mas não conquistaram o número suficiente de votos.

PERDA DE RECURSOS

Para o cientista político Luís Antônio Vital Gabriel, uma cidade não possuir deputados eleitos pode trazer problemas, como a dificuldade para ter atendidas as demandas junto ao governo do estado e à presidência.

“[Sem deputados], as cidades  tendem a serem esquecidas na discussão orçamentária. Se você pega Carapicuíba que não terá um representante na Alesp, sem dúvida nenhuma, as demandas e preocupações dos moradores não estarão na pauta”, afirma.

Ele ressalta que a falta de votos no município indica também um recado da população. “É uma mensagem muito clara. Mostra que os eleitores possuem uma desconfiança em relação aos seus quadros políticos”. 

Com Sergio Ribeiro, PT governou a cidade entre 2009 e 2016, mas petista não teve boa votação (Divulgação)

Ele também aponta a força da internet na disputa deste ano. “Muitas vezes, aquele candidato é escolhido pelo que aparenta na internet. Nunca chegará a visitar a periferia, mas pelo acesso digital, parece muito próximo aos moradores”.

DISTÂNCIA

Um dos pontos que mostra essa característica foi a votação de políticos que não fizeram campanha em Carapicuíba. Para deputado federal, o nome mais votado pelos carapicuibanos foi Eduardo Bolsonaro (PSL) que conseguiu 13.577 votos – ele foi o recordista em todo estado.

“Não votei em nenhum candidato de Carapicuíba, porque não conheço nenhum”, comenta a supervisora administrativa, Elaine Constantino, 44. “Nunca vejo os candidatos daqui fazendo nada pela cidade. Além disso, usamos muitos serviços da capital, por isso optei por candidatos da cidade de São Paulo”.

Mesmo tendo votado em candidatos da cidade, a funcionária pública Thaís Lima de Oliveira Torres, 32, salienta que se sente distante da vida política.

“Confesso que não estou acompanhando como anda a gestão de nossos representantes. Assim como eu, as pessoas com quem convivo não ligam muito. É uma sensação de ‘tanto faz’, de ‘não está bom, mas poderia ser pior’, o que é bem triste”.

“Não achei ninguém interessante de Carapicuíba que pudesse receber o meu voto, ninguém digno”, diz o motorista Claudinei Rodrigues, 46.

A atendente de telemarketing Yasmim Gomes dos Santos, 18, votou este ano pela primeira vez e se diz preocupada com o futuro da cidade. “Não ter ninguém de Carapicuíba nesses cargos pode fazer com que minha cidade regrida ainda mais ou não avance em melhorias”.

Ana Beatriz Felicio é correspondente de Carapicuíba
anabeatrizfelicio@agenciamural.org.br

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Desde 2017, a cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo, tem buscado o título de Município de Interesse Turístico (MIT). Se conquistar essa classificação, o município receberá R$ 550 mil do governo do estado para estimular o setor. No entanto, o principal cartão postal da cidade ainda sofre problemas de manutenção.

A aposta do município é a Aldeia Jesuística. O espaço foi fundado em cerca de 1580, quando José de Anchieta inaugurou mais 11 aldeias missionárias em torno do Mosteiro de São Bento.

Tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1940, o local conta com parque, igreja católica, biblioteca e lojas de artesanato. Há ainda um espaço de teatro de arena, que recebe todos os anos a encenação da peça Paixão de Cristo, com o trabalho de 370 pessoas.

Apesar da importância histórica, frequentadores da aldeia afirmam que faltam cuidados e incentivo por parte da prefeitura.

“Apesar de ser um ponto importante e um patrimônio histórico bem conservado, não tem um atrativo para as pessoas ficarem aqui. Precisava melhorar a gastronomia, a limpeza. No próprio parque os brinquedos estão todos quebrados”, diz a especialista em telecomunicações, Nancy Sakamoto, 44, moradora do mesmo bairro da aldeia.

Ela costuma estar sempre no espaço, principalmente por conta do filho pequeno.

Visão geral da Aldeia, fundada em 1580 (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural)

A tentantiva de se tornar um MIT tem sido uma tendência na região metropolitana. Levantamento da Agência Mural mostra que ao menos 22 cidades têm projetos que tramitam na Assembleia Legislativa em torno do tema.

Para conquistar essa denominação, as prefeituras têm de ter um plano municipal de turismo e comprovar ter condições de hospedagem e serviços públicos. Os projetos tramitam na Assembleia Legislativa.

CENÁRIO

No domingo em que a Mural visitou o espaço, o local estava vazio, com todas as lojas e igreja fechadas. No espaço do teatro de arena, um cavalo pastava e amigos conversavam.

No parque, que também tem acesso pela praça da aldeia, há alguns brinquedos de recreação para crianças, uma área com quiosques e bancos, no qual alguns grupos faziam até churrasco.

Uma dessas pessoas era Iran Reginato, 53. O aposentado vestia uma camisa do Corinthians e contou que mora em Osasco, município vizinho. Haviam mais cinco familiares com ele.

“Eu prefiro mil vezes vir passear por aqui do que na minha cidade. Considero Carapicuíba um município muito turístico para os moradores da região oeste. Gosto daqui, porque há mais opção de áreas abertas”, expõe entre a fumaça da carne que acabava de assar.

Vista da lagoa na Aldeia. Beleza natural tem lixo no entorno (Ana Beatriz Felicio/Agência Mural/Folhapress)

Outro ponto que chama atenção no parque é a existência de um lago. Aparentemente poluído e com alguns entulhos nas margens, crianças aproveitavam para se banhar e fugir do sol quente, contrariando as placas de “proibido nadar”. Um senhor tentava pescar com uma vara de madeira fina.

Por perto, cacos de vidro pela grama e lixo espalhado atrapalhavam a caminhada. Bacharel em direito e moradora do município por 32 anos, Tatiane Barbosa afirma que a maioria das pessoas nem sequer lembra da existência da Aldeia, bem como sua relevância histórica. “Carapicuíba é uma cidade dormitório. Não tem incentivo para o turismo e nem estrutura para isso”, finaliza.

Em nota, a Prefeitura de Carapicuíba informou “continuar trabalhando para oferecer aos seus moradores e visitantes uma cidade mais organizada, bonita e agradável”. A administração não informou quantos turistas frequentam a cidade mensalmente. 

A cidade informou ter criado um Conselho Municipal de Turismo e também tem realizado eventos na região para estimular a visita de moradores de outros lugares.

Ana Beatriz Felicio é correspondente de Carapicuíba
anabeatrizfelicio@agenciamural.org.br

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Moradores questionam reformas em protestos nas periferias de São Paulo https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/04/29/moradores-questionam-reformas-em-protestos-nas-periferias-de-sao-paulo/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/04/29/moradores-questionam-reformas-em-protestos-nas-periferias-de-sao-paulo/#comments Sat, 29 Apr 2017 11:01:25 +0000 https://mural.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/foto-10-180x101.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=11176 “Nada mais legítimo do que se juntar à nossa classe para protestar. Acho que essa é única arma que a gente tem: povo organizado e povo na rua!” Foi assim que Keli Domingues, 36, responsável por uma casa de atendimento à mulheres vítimas de violência doméstica, reafirmou a sua adesão à greve que ocorreu ontem (28) em diversas cidades do país.

Moradora de Guaianases, na zona leste de São Paulo, ela foi ao largo da Batata protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência. “Me juntei a greve de hoje justamente porque eu faço parte desse grupo de trabalhadores ou da classe trabalhadora que será prejudicada com as reformas desse governo ilegítimo e golpista”, defendeu.

Para chegar ao ponto de encontro do ato, na zona oeste, Keli utilizou um ônibus fretado por coletivos da região. A quase 70 km de Guaianases, o professor e terapeuta holístico Paulo Rudo, 32, também contou com o transporte disponibilizado por movimentos sociais para sair do Grajaú, no extremo sul de São Paulo.

Entre as reivindicações do professor, estão as reformas estruturais propostas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB). “Que cobrem as dívidas de quem deve e mudem a aposentadoria dos parlamentares”, sugeriu Paulo.

Na opinião do morador, as alterações das leis de trabalho e a mudança de regras da aposentadoria são medidas para driblar a atual crise do sistema capitalista. “O filho da empregada doméstica não acessava a universidade. Agora ele acessa e faz a faculdade junto com o filho do patrão. Isso é algo muito interessante e curioso na história do Brasil”, diz Paulo, ao sugerir que as reformas podem reduzir direitos conquistados nos últimos anos.

Além da manifestação que reuniu mais de 70 mil pessoas no largo da Batata, a sexta-feira foi marcada por greve e manifestações em diferentes pontos da cidade e da Grande São Paulo.

Estações do Metrô e da CPTM amanheceram em operação parcial, enquanto a circulação de linhas de ônibus foi interrompida. Outras categorias, como professores, trabalhadores da saúde, bancários e comerciários, também aderiram à paralisação.

ZONA LESTE

Na zona leste de São Paulo, logo pela manhã um protesto fechou a Radial Leste. Com a presença de cerca de 100 pessoas na região de Itaquera, o ato terminou com seis manifestantes detidos.

Cinco militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e um professor dirigente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) foram levados ao 65º DP.

Durante o dia, estiveram presentes na delegacia os deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP) e Major Olímpio (SD-SP). O padre Paulo Bezerra, pároco da igreja Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, também marcou presença em apoio a liberação dos manifestantes. No entanto, o delegado deve esperar até terça-feira (2) para tratar do caso.

Em São Miguel Paulista, uma concentração saiu da praça do Forró e seguiu pela avenida São Miguel. No mesmo distrito, no entanto, um grupo de jovens da Vila Jacuí, não aderiu aos protestos e aproveitou o dia para capinar um espaço público abaixo do viaduto que dá acesso às suas moradias.

ZONA NORTE

Contra as reformas, a privatização do parque Jaraguá e o fechamento da UBS local, indígenas pediram a demarcação de terras e bloquearam a estrada Turística do Jaraguá, na zona norte de São Paulo. “Hoje eles estão dizendo que a Previdência Social vai ter que aposentar os idosos com quase 70, 80 anos. Não vai dar nem tempo da pessoa receber o seu  dinheiro da aposentadoria” disse a Índia Arapoty, da Aldeia do Jaraguá, em um vídeo gravado pelo coletivo “Nós, mulheres da periferia”.

Com cartazes dizendo “nenhum direito a menos” e “vai ter luta na periferia”, um grupo de moradores de Perus caminhou pela avenida Doutor Silvio de Campos -uma das principais vias do bairro. Durante o protesto, também era possível encontrar faixas com as declarações “queixadas vivem”, fazendo alusão ao antigo movimento de luta dos trabalhadores da Fábrica de Cimento Perus.

ZONA SUL

Os protestos na zona sul começaram cedo em vários bairros. Os terminais Jardim Ângela, Capelinha, Grajaú, Guarapiranga, João Dias, Santo Amaro e Varginha permaneceram por toda manhã sem a circulação de ônibus ou a maior parte do dia com a frota reduzida.

Por volta das 6h da manhã, moradores das ocupações Nova Palestina (Jardim Ângela), Aristocrata e Anchieta (ambas no Grajaú), movimentos sociais, moradores, professores, estudantes e artistas, foram para as ruas e se encontraram no largo do Socorro. Manifestantes também bloquearam a Estrada de Itapecerica, nas proximidades da Estação Capão Redondo do Metrô.

Uma das participantes da manifestação na M’ Boi Mirim, Marilu Santos Cardoso, 40, moradora do Jardim Ângela e professora de história, diz que é testemunha da luta das pessoas que a antecederam e do esforço que tiveram para alcançar os direitos que tem.

“Sendo moradora, professora e educadora, me vi numa situação de que não sair hoje para as ruas, seria um ato de incoerência”, diz. “Foi um dos momentos mais bonitos do dia, ver a periferia se conectando, sem tumulto, com grito de ordem acompanhado por músicos que tocaram o tempo inteiro. Foi um encontro de energia em que a periferia luta em conjunto, com pessoas guerreiras que enfrentam os desafios da vida com alegria”, ressalta.

Por outro lado, também houve nos bairros reclamações por conta da falta de transporte, caso da enfermeira Simone Moraes, 40, moradora de Cidade Ademar.  “Não sou a favor desse tipo de protesto, mesmo sendo um direito. Acredito que somente com trabalho e honestidade obteremos uma cidade e consequentemente um país melhor”, afirmou.

“Hoje não consegui chegar ao meu trabalho para cuidar da saúde de pessoas que dependem de mim, devido a uma paralisação do transporte coletivo em prol de direitos que não sabemos se são coerentes ou não, sem prever as consequências que áreas como a minha teriam”, reclama.

GRANDE SÃO PAULO

As paralisações também tomaram várias cidades da Grande São Paulo. Barueri e Itapevi decretaram ponto facultativo tendo em vista a greve na linha Diamante da CPTM. Pela manhã, municípios como Mauá e São Bernardo estavam sem os trolebus. No centro de Carapicuíba, a estação de trem permaneceu fechada durante todo o dia, mas as empresas Del Rey e ETT Carapicuíba não aderiram à greve.

Também houve protesto pela manhã em Mairiporã. “Eu acredito que as reformas [trabalhista e da Previdência] afetam a todos, mas muito mais quem é da periferia”, disse o professor universitário Raphael Cruz, 33, que durante o dia participou de manifestações em Mairiporã.

“Esse impacto é mais profundo para quem não tem acesso às políticas públicas, com o aumento do índice de desemprego, mais famílias estão em vulnerabilidade”, ressalta.

Em Mogi das Cruzes, manifestantes caminharam pelo centro, na rua Doutor Deodato Wertheimer, e promoveram um ato em frente a prefeitura. “É uma perversidade. Uma das intenções é flexibilizar as regras de contratos temporários e sabemos que serão os jovens e as mulheres as mais afetadas”, afirma a assessora técnica Milena Leão, 29. “Sem pressão popular estamos rendidos”.

Texto: Aline Kátia Melo, Beatriz Sanz, Dalton Assis, Diogo Marcondes, Gustavo Soares, Humberto Müller, Jéssica Moreira, Jessica Silva, Karina Oliveira, Kátia Flora, Laiza Lopes, Lívia Lima, Lucas Landin, Lucas Veloso, Mônica Oliveira, Paulo Talarico , Priscila Gomes, Priscilla Pacheco, Rafael Balago, Tamiris Gomes e Vander Ramos. Edição final: Marina Lopes e Cintia Gomes

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Oito em cada dez câmaras municipais da Grande SP têm apenas uma sessão por semana https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/02/20/oito-em-cada-dez-camaras-municipais-da-grande-sp-tem-apenas-uma-sessao-por-semana/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2017/02/20/oito-em-cada-dez-camaras-municipais-da-grande-sp-tem-apenas-uma-sessao-por-semana/#comments Mon, 20 Feb 2017 15:46:59 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=10702 A Grande São Paulo possui ao todo 39 câmaras municipais. No entanto, em 85% delas, há no máximo apenas uma sessão ordinária por semana, de acordo com levantamento feito pela Agência Mural.

Em seis cidades, as deliberações públicas são raras: duas vezes no mês. Em apenas quatro municípios há duas reuniões por semana:  Guarulhos, Mogi das Cruzes, Osasco e Santo André. Na capital, há ao menos três sessões plenárias por semana.

Os parlamentos locais da região metropolitana somam ao todo 658 parlamentares, com salários que podem variar de R$ 3,7 mil a R$ 17 mil, dependendo do tamanho da população.

Questionadas sobre o tema, as Câmaras alegam que o número é suficiente e, que se necessário, sessões extras serão realizadas. Afirmam também que os parlamentares atuam no restante do tempo nas comissões permanentes, no atendimento ao público ou em fiscalizações externas.

“Carapicuíba tem tantos problemas e, que muitas vezes, precisam ser discutidos e resolvidos com urgência, e uma sessão por semana é insuficiente”, afirma o estudante de jornalismo Lucas Pedrosa, 20. Ele administra uma página no Facebook, chamada Carapicuíba Nua e Crua, para acompanhar on-line as sessões da Câmara.

 

FUNCIONAMENTO

Cabe a cada câmara definir como funcionará seu trabalho. Com isso, há sessões de manhã, de tarde ou de noite, cuja duração varia entre alguns minutos ou várias horas, sem relação direta com o número de vereadores.

Em São Bernardo do Campo, no ABC, por exemplo, as sessões ordinárias são realizadas uma vez por semana, às quartas feiras a partir das 9h.

“Havendo necessidade,  poderá durar mais tempo ou ser transformada em sessão permanente para a deliberação de matérias específicas”, afirma o presidente da Casa, Pery Cartola (PSDB), que comanda o legislativo, com 28 parlamentares.

“As sessões podem durar até 7h30, período que vem se mostrando suficiente para atender os debates sobre os projetos em prol do progresso da cidade”, afirmou em nota a Câmara de Mauá.

Há, também, a possibilidade de convocar extraordinárias até mesmo nos fins de semana. As câmaras alegam que não há pagamento a mais em convocações emergenciais.

Quatro câmaras realizam apenas duas sessões por mês: Caieiras, Cajamar, Francisco Morato e Franco da Rocha. “Há muito tempo são realizadas quinzenalmente. Elas têm sido suficientes para atender a demanda”, diz o legislativo de Franco da Rocha.

SESSÕES EM REDES SOCIAIS

Acompanhar os vereadores, muitas vezes, costuma exigir esforço e desconforto em prédios antigos, com pouca manutenção. É o caso de Carapicuíba, onde o plenário  fica no subsolo do prédio, sem ventilação, num espaço apertado.  Neste ano, quem for acompanhar as sessões precisa tirar uma das 80 senhas disponíveis.

A sessão começou a ser transmitida no Facebook e a pauta da sessão também passou a ser divulgada na rede social.

Se tivessem sido transmitidas no ano passado, boa parte dos 285 mil eleitores da cidade assistiriam ao vivo à prisão dos quatro vereadores acusados de fraude, em agosto de 2016.  A repercussão do caso na TV pode ter aumentado o interesse. A primeira sessão teve mais de 2.500 visualizações, contra a média de 500 de sessões antigas.

Na primeira sessão do ano, um requerimento para o reajuste dos servidores da câmara foi interpretado como aumento para os vereadores e levou a críticas e xingamentos na rede social. Na verdade, os vereadores do mandato anterior mantiveram o subsídio, sem reajuste, que é de R$ 12.025, ainda no ano passado.

A autora da proposta, a vereadora Neia Costa, retirou o pedido. Mas não perdoou o engano dos internautas.  “Não foi a internet que me elegeu”.

“A maioria dos candidatos usou o Facebook para expor propostas e conquistar  eleitores. Um vereador que fala isso, ainda mais em público, não respeita os votos de seus eleitores”, rebateu Lucas Pedrosa, da página Carapicuíba Nua e Crua.

A aposentada Márcia Gomes, 65, gosta de acompanhar as sessões em São Bernardo e não reclama da quantidade, mas, sim, do horário, por conta do trânsito.  “Eles deveriam fazer no período da tarde para ter mais munícipes assistindo”.

Em Mairiporã, o problema é a acessibilidade. Embora estejam localizadas no centro do município, a câmara e a prefeitura ficam no topo de uma ladeira, e não é atendida por transporte público, o que desencoraja quem quiser acompanhar as discussões às terças, às 19h30.

A sessão é transmitida on-line e o horário, segundo a casa, é para ajudar os moradores que trabalham durante o dia a acompanhar as ações.

Apesar das sessões serem um canal importante para que os políticos eleitos possam dialogar com a sociedade, há queixas sobre a falta de relevância dos assuntos debatidos. “Se eles votassem muitos projetos por sessão, até poderíamos concordar. Mas só são apresentados projetos para grego ver, como nomeação de ruas e praças. É um absurdo”, afirma o ativista Igor Lima, 22, sobre a Câmara de Itaquaquecetuba, cujas sessões chegam a durar 20 minutos. Procurada, a instituição não retornou.

HORÁRIOS DAS SESSÕES ORDINÁRIAS

São Paulo: Sessões às terças, quartas e quintas às 14h – 55 vereadores
Guarulhos: terça e quinta, 14h – 34 vereadores
Mogi das Cruzes: terça e quarta, 15h – 23 vereadores
Osasco: terça e quinta, 15h – 21 vereadores
Santo André: terça e quinta – 21 vereadores
Arujá: segunda, 18h – 15 vereadores
Barueri: terça, 9h30 – 21 vereadores
Biritiba-Mirim:  segunda, 15h- 13 vereadores
Carapicuíba: terça, 18h – 17 vereadores
Cotia: terça 9h – 13 vereadores
Diadema: quinta, 14h – 21 vereadores
Embu das Artes: quarta, 18h – 17 vereadores
Embu-Guaçu: terça, 10h – 13 vereadores
Ferraz de Vasconcelos: segunda, 18h – 17 vereadores
Itapecerica da Serra:    terça, 19h – 12 vereadores
Itapevi: terça 9h – 17 vereadores
Itaquaquecetuba: terça, 17h – 19 vereadores
Jandira: terça, 14h – 13 vereadores
Juquitiba: terça, 19h – 11 vereadores
Mairiporã: terça, 19h30 – 13 vereadores
Mauá: terça, 14h – 23 vereadores
Poá: terça, 19h – 17 vereadores
Rio Grande da Serra: quarta – 13 vereadores
Salesópolis: segunda, 19h –    11 vereadores
Santana de Parnaíba: terça, 15h – 17 vereadores
São Bernardo do Campo: quarta, 9h – 28 vereadores
São Caetano do Sul: terça 19h30 –    19 vereadores
São Lourenço da Serra: quinta, 19h30 – 9 vereadores
Suzano: quarta, 18h – 19 vereadores
Taboão da Serra: terça, 18h – 13 vereadores
Vargem Grande Paulista: segunda, 10h – 9 vereadores
Santa Isabel: três primeiras terças do mês – 15 vereadores
Caieiras: 1ª e 3ª terça do mês, 15h – 10 vereadores
Cajamar: 2ª e última quarta do mês, 19h – 15 vereadores
Francisco Morato: 1ª e 3ª quarta, 10h – 12 vereadores
Franco da Rocha: 1ª e 3ª quinta do mês, 17h – 11 vereadores
Guararema: 1ª e 3ª segunda do mês, 15h – 11 vereadores
Pirapora do Bom Jesus: 1ª e 2ª segunda feira do mês – 9 vereadores

Por Paulo Talarico, Lucas Landin, Laiza Lopes, Humberto Muller, Katia Flora, Mônica Oliveira e Silvia Martins.
Correspondentes de Osasco, Itaquaquecetuba, Mauá, Mairiporã, São Bernardo do Campo, Carapicuíba e Embu das Artes.

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Parque usado para caminhada tem sinais de abandono em Carapicuíba https://mural.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/parque-usado-para-caminhada-tem-sinais-de-abandono-em-carapicuiba/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2015/07/24/parque-usado-para-caminhada-tem-sinais-de-abandono-em-carapicuiba/#comments Fri, 24 Jul 2015 21:13:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=8357 Diariamente, entre 7h e 9h, a pista de cooper do parque dos Paturis, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, é tomada por moradores das Cohab 2 e 5. A maioria é formada por mulheres, que aproveitam o local para praticar atividades físicas.

Porém,  os frequentadores reclamam de falta de limpeza e de manutenção na única área arborizada no bairro.

“Esse lugar é péssimo, deveriam cortar a grama. Desde criança venho aqui, antes era mais arrumadinho e não é mais um ambiente familiar, quebraram quase tudo”, afirma a estudante Marceli Viterbo, 17.

Há grama alta, lixo e embalagens espalhadas pelo chão. Entre os problemas, está uma mina de água com vazamento há mais de um ano que atravessa a pista de corrida em direção a um dos maiores lagos do parque.

Mesmo asfaltada, a via tem barro e folhagens. Ciclistas têm dificuldade em pedalar por causa da trepidação da pista.

Principal área de lazer na Cohab V e Cohab II é conhecida como violênta e suja.  (Foto: Anderson Ferreira/Blog Mural)
Principal área de lazer na Cohab V e Cohab II é conhecida como violênta e suja. (Foto: Anderson Ferreira/Blog Mural)

“Aqui é um lugar bom e espaçoso e no fim de semana têm muita gente. É perto para caminhar e esticar as pernas, mas deveria ser mais limpo e ter academia aberta”, sugere a doméstica Maria Alves de Oliveira, 60, que fazia alongamento em um dos oito playgrounds, que estão descascados e pichados.

Apenas um funcionário realiza a faxina do local, que tem aproximadamente 250 mil m². “Faço a limpeza sozinho. Enquanto não chegam os concursados, não tem quase ninguém para limpar. Uma andorinha não faz verão”, afirma o ajudante geral Manuel Barutti, 54.

Além disso, os moradores também relatam sentir falta de segurança. “A gente só pode ficar aqui até as 18h. Depois é perigoso”, afirma Maria Alves de Oliveira. Uma parte do parque é pouco utilizada, tida como perigosa por ter usuários de drogas e usada para prostituição.

Mina de água atrapalha quemfaz caminhada no parque dos Paturis. Prefeitura diz limpar local. (Foto: Anderson Ferreira/Blog Mural)
Mina de água atrapalha quem faz caminhada no parque dos Paturis. Prefeitura diz limpar local. (Foto: Anderson Ferreira/Blog Mural)

“Já teve assaltos, estupros e assassinatos”, diz a estudante Jéssica Rodrigues, 17.

Em maio deste ano, a Câmara Municipal de Carapicuíba solicitou ao prefeito Sérgio Ribeiro (PT), explicações sobre a falta de manutenção e segurança. “A prefeitura tem feito [limpeza], mas fica aquém do esperado”, afirma o vereador Crepaldi (PMDB), que sugere a transferência de um distrito policial para o parque dos Paturis.

Em resposta, o prefeito respondeu em oficio, em 15 de junho, que a iluminação está em fase de implantação, que a grama é cortada mensalmente e que a polícia e a guarda civil fazem o patrulhamento 24 horas por dia no local.

Responsável pelo parque dos Paturis, a prefeitura de Carapicuíba disse que responderia o Mural a respeito de ter apenas um funcionário responsável pela limpeza e sobre a falta de segurança, mas até a publicação não se pronunciou.

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Anderson Ferreira, 26, é correspondente de Carapicuíba
@anderson2908
andersonferreira.mural@gmail.com

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Bar completa três anos de rock no reduto do pagode em Carapicuíba https://mural.blogfolha.uol.com.br/2015/02/27/bar-completa-tres-anos-de-rock-no-reduto-do-pagode-em-carapicuiba/ https://mural.blogfolha.uol.com.br/2015/02/27/bar-completa-tres-anos-de-rock-no-reduto-do-pagode-em-carapicuiba/#comments Fri, 27 Feb 2015 15:51:22 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mural.blogfolha.uol.com.br/?p=7472 Em pleno reduto do pagode, o berço do Negritude Jr., na Cohab de Carapicuíba, o bar Lata Velha atrai os fãs do rock.

Instalado no contêiner de um lava-rápido, o barzinho é pequeno como as centenas de outros botecos da Cohab. Mas sua decoração, com fotos de ícones do rock nas paredes, a madeira escura das mesas e a meia-luz tornam o ambiente aconchegante.

Do lado de fora, as mesas dispostas nas amplas calçadas e os muros grafitados dão o tom descontraído e praieiro. “Aqui é tudo muito acolhedor, tipo uma família, e tem essa vibe de galera do rock”, diz Joyciara Moraes, 28, cliente do bar há quase um ano.

Criado há três anos, o bar superou as expectativas do proprietário, Henrique Oliveira, 37. “Sempre morei aqui, mas nunca fui presente na Cohab porque só frequentava a a Vila Madalena”, conta. “Assim que surgiu a oportunidade, quis trazer esse conceito de bar rock para cá.”

A aposta deu certo, e atrai clientes da noite paulistana, como Angélica Souza, 26, “Eu frequento a Augusta, e gosto muito daqui, por ser um ambiente bem eclético, com várias vertentes de rock”.

No cardápio, além das marcas tradicionais o Lata Velha oferece mais de trinta rótulos de cervejas, como Erdinger e Guiness (R$ 20).

Para beliscar, o bar serve porção de frios (R$ 15), pão de alho (R$ 3), casquinha de siri (R$ 8) e salgadinhos.

Na programação, bandas de rock se apresentam no palco com telão, e eventualmente há shows maiores que fecham a rua.  “O som, a decoração e as opções de cervejas tornam o Lata especial, e o público também se torna especial”, conta Diego Pontes, 26, baterista da banda Sommus.

“Como a cena rock não tem muito espaço na própria cidade, as bandas se conectam mais facilmente quando há eventos desse tipo”, ressalta.

Aos domingos, a partir das 14 horas, a programação se alterna entre shows voz e violão e sets do DJ Kabelo. “Esta é a casa onde me apresento com muito prazer, porque o público curte reggae, rock e eletrônico, geralmente nos barzinhos rola mais sertanejo, samba e pagode”, explica o DJ.

O Lata Velha também transmite os clássicos do Paulistão às quartas, e as lutas do UFC aos sábados.

Neste sábado, 28/2, o show é em dose dupla, com Cibelli Martinelli & PH Acústico, a partir das 14 horas. Entrada Grátis.

SERVIÇO:

Lata Velha Rock Bar. Rua Baependi, 3 – Cohab V – Carapicuíba. Telefone: 94725-4116

Preço: R$ 9 (cerveja em garrafa Heinecken, Budweiser, Serramalte 600 ml)

R$ 20 a R$ 35 (cervejas especiais, 500ml)

Tem área para fumantes. Não tem ar-condicionado. Tem música ao vivo. Tem mesas ao ar livre. Tem conexão wi-fi.

Aceita cartões. Estacionamento livre. 60 pessoas.

Quarta a domingo: a partir das 14h.

Mônica Oliveira, 49, é correspondente de Carapicuíba
@idmonica
monicaoliveira.mural@gmail.com

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